Post-Rock, Post-Hardcore, Post-Metal, Post-Black Metal…

Estes termos começaram a aparecer com mais frequência a partir dos anos 2000. Não há uma definição precisa do que seja o Post-Sei-Lá-O-Que, sendo que sua classificação é feira empiricamente. Todavia, o Post em geral possui elementos atmosféricos, geralmente provenientes de influências do Psicodélico e do Shoegaze. Efeitos como reverb e delay também não são incomuns nos Post.

Posto isso (desculpa o trocadilho), passemos para a banda norte-americana With The End In Mind, fundada em 2010 na cidade de Olympia com a proposta de tocar Post-Black Metal.

Tipo o Alcest?

Mais ou menos. O Alcest põe doses tão generosas de Shoegaze em seu Black Metal que seu estilo ganhou um nome próprio, Blackgaze. O som do With The End In Mind se aproxima mais dos seus conterrâneos do Wolves In The Throne Room. Para entender isso melhor, analisemos seu primeiro full-length, Unraveling; Arising, lançado em 2016 de forma independente e que está sendo relançado em julho de 2018 pela gravadora Temple Of Torturous Records.

O álbum é composto de 5 faixas cujas durações tem 13 minutos, em média. Sings The Sky é quem dá o pontapé inicial do disco, começando lenta, atmosférica e com vocais limpos, depois descambando para um Black Metal veloz e desesperado, mas ainda com aquele clima de chuva fina perto de uma cachoeira. Depois da chuva fina, vem a grossa, já que Anguish Symmetry lembra uma tempestade fortíssima a noite na beira de uma praia deserta. Tais ambiências são criadas na mente graças ao forte use de reverb nas guitarras e aos vocais de Alexander Roland Freilich, a mente por trás do With The End In Mind e dono de vocais gritados que parecem ser ouvidos a distância.

O fim de Anguish Simmetry emenda no começo da faixa-título, única música curta do álbum (3 minutos) e que na verdade funciona como um interlúdio, que se liga a faixa de nº 4, From The True Source. Esta música funciona como um freio, tendo em vista que é mais cadenciada e se preocupa mais em exaltar o lado atmosférico da banda. O álbum se encerra com Wheeling, Endless Wheeling, que explora uma pegada Gothic/Doom devido a andamentos lentos e vocais líricos femininos.

Apesar do longo comprimento das faixas, cada uma delas não soa cansativa ou maçante. Ouvindo com a devida concentração (álbuns atmosféricos tais como este exigem certa dose de introspecção para que sejam absorvidos), as músicas começam e terminam sem que se note o tempo passar. Ponto para o senhor Freilich, pois compor músicas com estas características não é tarefa fácil. Não há tanto o que se dizer em termos técnicos de cada integrante, tendo em vista que o foco aqui foi o conjunto da obra. Entretanto, o trabalho de mixagem fez seu trabalho de forma competente, retendo a sujeira na quantidade certa e trabalhando os efeitos dos instrumentos sem que o resultado soe embolado ou confuso.

Vale a pena conhecer o With The End in Mind. Mas não, você não pensará no fim deste álbum, pois ele é ótimo, contagiante e inebriante. Recomendado para fãs de música agressiva mas que curtem não apenas ouvir, mas também sentir a música.

Unraveling; Arising – With The End In Mind (Temple Of Torturous, 2018)

Tracklist:
01. Sings The Sky
02. Anguish Symmetry
03. Unraveling; Arising
04. From The True Source
05. Wheeling, Endless Wheeling

Line-up:
Alexander Roland Freilich – guitarras, contrabaixo, vocais, percussão, programação

Convidados:
Caitlin Fate – teclados, vocais
Pierson Roe – bateria
Tom Boyer – contrabaixo
Kyle Valery – guitarras
SNPR – violino

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