Resenha: Wicked Wisdom-Wicked Wisdom (2006)

A bem sucedida atriz de Hollywood Jada Pinkett Smith de Baltimore (EUA) que tem no seu extenso curriculum produções de sucesso para o cinema como Matrix Reloaded e Revolutions (no papel da Niobe) e mais recentemente na série Gotham da Warner Channel, como a vilã Fish Mooney. Na sua vida pessoal é importante mencionar o seu casamento com o astro Will Smith (de MIB e da série Um Maluco no Pedaço (The Fresh Prince of Bel-Air). Jada e Will tiveram dois filhos: Jaden e Willow Smith.

Mas vamos ao que interessa, a música.

O mais curioso com o Wicked Wisdom é o fato de uma atriz de Hollywood (casada com um mega astro do cinema (que já foi rapper), mãe de duas figuras públicas do HipHop/R&B/Rap/Pop dos EUA, amiga do lendário e finado rapper Tupac Shakur) “mergulhar de cabeça” num projeto de Heavy Metal.
Eu fiquei curioso e muito surpreso ao saber dessa aventura musical da Jada, fiquei incrédulo, e cheguei a ser pre-conceituoso por saber de suas ligações com universo do Hip Hop estadunidense, mas assim que tive acesso ao álbum meu “queixo caiu”, nunca tinha imaginado tal empreitada dessa (até então apenas atriz).
Sob o nome de Jada Koren ela montou a banda em 2002 e em 2004 lançou o primeiro álbum My History (depois chegou a abrir a Tour européia da cantora pop Britney Spears) e no ano seguinte a banda participou da edição 2005 do Ozzfest. Em 2006 é então lançado o auto intitulado Wicked Wisdom (alvo desta resenha). Para divulgação a banda fez uma tour abrindo para o Sevendust. Essa tour e as diversas apresentações em programas na tv estadunidense contribuiram para uma boa, porém discreta repercussão na época.

Como o nome da banda sugere “Sabedoria Perversa”, o clima do álbum não é muito otimista. Com títulos como “Cruel Intentions”, “Bleed All Over Me” e “Don’t Hate Me” não podemos imaginar uma abordagem amigável. Vamos então aos destaques do álbum que conta com apenas 10 faixas de um metal moderno, com discretas influências de Rap, chamando muita atenção na mudança brusca de ritmos e que na parte instrumental lembra (guardadas a proporções) alguns momentos da banda Tool. O vocal da Jada mantém uma pegada melódica e intensa, chegando em alguns momentos a beirar o gutural.

Wicked Wisdom em 2006

O play já começa com belo e pesado riff de guitarra e bumbo duplo “moendo” em Yesterday Don’t Mean. A voz da Jada surpreende e você acaba mudando o semblante do seu rosto, o que antes demonstrava dúvida passa a mostrar alívio e supresa positiva. Que música impressionante! Direta, pesada e intensa. Outra reação é pesquisar quem são o guitarrista e baixista dessa banda. Depois de um tempo eu vim a descobrir que o baterista era Philip “Fish” Fisher, um dos fundadores da antológica e sensacional banda californiana Fishbone.

Something Inside Of Me começa também com bumbo duplo e guitarra “lá em cima”. Com uma pegada mais de metal Industrial, essa música tem um refrão bem fácil, mas fora isso, chega a dar uma “angústia” pelo tom pesado da guitarra que usa uma afinação bem baixa. O contra baixo consegue aparecer mais nesta música que tem vídeo oficial.

A letra proferida em formato de Rap que chega quase a ser um Trap (pela velocidade) em alguns momentos contribui ainda mais no peso de One. A criativade dos instrumentistas é acima da média. Consegue-se perceber várias influências dentro do metal, dentre elas o estilo mais Groove Metal se destaca.

Chega então a vez da “aposta” da banda, o single Bleed All Over Me que teve um belo vídeo produzido (que está logo abaixo) e que chega a dar um breve susto no início com uma vocalização meio clichê de cantoras de R&B, mas logo em seguida Jada assume o papel de vocalista de metal. E apesar da música ter uma melodia bonita e de certo modo “pop”, a música é nada comercial e mesmo assim é cativante. Aconselho ouvir com ótimos fones de ouvido, pois a linha de baixo sútil e poderosa do músico Rio agrada bastante aos apreciadores do instrumento.

Don’t Hate Me oficializa Wicked Wisdom como uma banda de metal. Agressividade na medida certa para o timbre de voz da Jada e que nessa faixa teve a participação dos demais integrantes ajudando nos gritos. Provavelmente essa música seja a mais agressiva do álbum.

Wicked Wisdom que teve produção executiva do maridão Will Smith e produção musical impecável do veterano Ulrich Wild ( Fishbone, Incubus, Deftones, Static-X, Prong, Pantera, White Zombie, Slipknot dentre outros).

Em resumo, esse álbum é uma grata surpresa em muitos aspectos. Primeiro por ter sido idealizado por alguém que (aparentemente) não tinha relação alguma com a música pesada. Em segundo o fato de alguma personalidade relevante do entretenimento “levantar a bandeira” do metal numa era em que o Hip Hop dominava (e ainda domina) as paradas estadunidenses e britânicas. Por último o fato de ter feito isso de maneira tão dedicada e competente. Jada e seus produtores acertaram na escolha dos músicos. Com composições sofisticadas e acima da média para o Nu Metal que já dava sinais de enfraquecimento no cenário metal naquela época.

Por esses motivos eu me apeguei a esse álbum, o qual eu gosto de ouvir por completo no meu CD player. Wicked Wisdom proporciona um tipo de experiência para aqueles que se interessam em sair da bolha da música pesada.

Em alguns momentos essa audição traz “angústia boa” por causa da voz da Jada que usa de técnicas como atriz e dubladora na suas interpretações emotivas.

Pra finalizar, eu reforço a atenção merecida nos instrumentistas desse álbum. Um belíssimo trabalho de estúdio, com uma sonoridade encorpada que contrasta de maneira positiva com a feminilidade da voz da Jada.

Infelizmente não se tem noticias de novos trabalhos do grupo, apenas um vídeo da década de 2010 para a música Stuck que nem no youtube se encontra mais.

Wicked Wisdom – Wicked Wisdom
Data de lançamento: 21 de fevereiro de 2006
Gravadora: Suburban Noize/Interscope

Tracklist:
01 – Yesterday Don’t Mean
02 – Something Inside of Me
03 – One
04 – Bleed All Over Me
05 – Cruel Intentions
06 – You Can’t Handle
07 – Forgiven
08 – Set Me Free
09 – Don’t Hate Me
10 – Reckoning
Line Up:
Jada Koren – vocais
Pocket Honore – guitarra e backing vocals
Cameron Graves – guitara e teclados
Rio – contra baixo e backing vocals
Philip Fisher – bateria e percussão

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