Resenha: Whitesnake – A Fantástica Jornada de David Coverdale

Em janeiro de 1985, o Whitesnake foi uma das grandes atrações do primeiro Rock In Rio, escalado em substituição ao Def Leppard, que teve que declinar da participação em decorrência do acidente sofrido pelo baterista Rick Allen. O grupo de Hard Blues inglês realizou duas apresentações fantásticas que ressoam, até hoje, na memória de quem vivenciou, seja presencialmente ou pela televisão.

Não que alguém possa se dizer surpreendido com isso, afinal estava ali uma das mais festejadas formações da banda, que vinha no embalo de um álbum bem-sucedido, “Slide It In”, de 1984. O que talvez possa causar admiração é o conhecimento de que aquele tão bem entrosado quarteto passava por problemas. Não foi por acaso que o baterista Cozy Powell bateu em retirada poucos dias depois dos shows brasileiros.

Os eventos relacionados ao disco “Slide It In” representam, sob certa ótica, um ponto divisor tanto na história da banda, quando na sua narrativa escrita, “Whitesnake – A Fantástica Jornada de David Coverdale”, redigida pelo incansável Martin Popoff e publicada no Brasil pela Editora Estética Torta. A leitura atenta nos permite ver que os dois momentos da banda estão perfeitamente delineados aqui. A primeira fase com um senso mais apurado de integridade artística, buscando alternativas para o Blues e mantendo um status de sucesso no continente europeu, mas sem conseguir evitar que a acomodação e as questões financeiras acabassem por minar o ímpeto da banda, com integrantes saindo e as vendas do álbum “Saints & Sinners”, de 1982, sendo afetadas.

A conturbada transição aconteceu com “Slide It In”, quando o mercado americano passou a ser visto com olhos mais atentos, chegando a fazer com que o disco tivesse duas versões distintas, para o velho continente e para o país a ser conquistado. Nesse momento, adentramos na segunda fase e o livro passa a ceder mais espaço para os meandros da indústria, com empresários e executivos de gravadora interferindo e opinando a respeito do repertório, da produção, do visual, da cor (e do formato) dos cabelos e dos vídeos para a MTV. As opiniões podem se diversas, mas o certo é que funcionou, pois “Whitesnake”, de 1987, foi o maior sucesso da carreira, mudando a banda para um direcionamento mais Hard Rock, atualizando-a para um novo público, mas conseguindo fazê-lo sem afetar a sua qualidade.

Indiscutível que a história do Whitesnake é, literalmente, a história de David Coverdale. As diversas formações foram se construindo e desconstruindo ao redor de sua presença e são dele os méritos de manter as rédeas de sua música, sem descaracterizar a assinatura personalíssima que construiu. A biografia de sua banda, que possui um acabamento caprichado, com capa dura, aborda com profundidade até o período do álbum “Slip of the Tongue”, de 1989. Os períodos anteriores, como os anos no Deep Purple, e posteriores, até “Forevermore”, de 2011, são resumidos em capítulos específicos.

Tal qual a serpente que emprestou o nome para a banda, o Whitesnake desenhou um círculo em sua trajetória e reúne, hoje, sucesso comercial, com a sonoridade da segunda fase, e despojamento visual, mais próximo da primeira. Os detalhes, curiosidades e pormenores dessa jornada não cabem nessa resenha, mas estão à disposição nas páginas do livro, que é obrigatório para os fãs de uma das melhores vozes já ouvidas no Rock’n’Roll.  

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