Há algum tempo foi lançada, no Brasil, uma biografia de uma das bandas mais populares em nosso território, o Iron Maiden. Tive oportunidade de lê-la, está aqui repousando na minha estante e – infelizmente – acredito que permanecerá por lá, sem ser manuseada novamente. O livro revelou-se pouco empolgante, com uma narrativa corrida, chegando a falhar no aprofundamento de alguns momentos importantes na carreira da banda.

Felizmente, a Editora Denfire disponibilizou a versão nacional de “Where Eagles Dare”, escrito pelo consagrado Martin Popoff, com tradução de Paulo Gonçalves e em papel de ótima qualidade. Trata-se de uma biografia parcial, pois como evidencia a capa, a abordagem é sobre o percurso da banda ao longo dos anos 80. No site do autor, podemos verificar que já existem duas continuações abordando as fases seguinte do grupo inglês, mas por hora vale concentrarmo-nos no presente tomo que abrange, para a grande maioria, o período mais prolífico de sua carreira.

Quem já teve contato com outras obras de Popoff saberá, de antemão, que sua forma de conduzir a história tem, como fio base, aquilo que deveria sempre ser o foco principal: a produção musical. Assim, de “Iron Maiden”, o álbum de estreia, até “Seventh Son Of A Seventh Son”, passando por “The Soundhouse Tapes”, “Metal for Muthas”, “Maiden Japan”, “Live After Death” e pelos lados A e B de vários singles, teremos uma visão plena e detalhada sobre todas as composições, a inspiração das letras, a produção e a criação das capas.

Não espere, portanto, histórias de hotéis ou temas afins, que não criam nada mais do que uma barriga desnecessária no livro. Aqui nós podemos ter acesso à visão dos músicos sobre as faixas e saber que, na maioria das vezes, não existe uma unanimidade sobre o que acaba indo para o disco, com um ou outro integrante manifestando insatisfação ou discordância a respeito de músicas específicas.

As opiniões do autor estão onipresentes e – ponto positivo – ele não mede palavras. Popoff conhece o Iron Maiden com profundidade e exprime alguns pontos de vista que podem soar duríssimos, chegando a criticar abertamente alguns cacoetes criativos dos músicos ou o resultado de canções e álbuns tidos como clássicos intocáveis. De forma muito sóbria, ele também traça paralelos interessantes sobre a forma como a música do Iron Maiden coexiste nos cenários em que também respiram as demais bandas de sua geração, o Glam Metal norteamericano e o iminente Thrash Metal, além da geração de grupos que beberam de sua fonte, como o Helloween e o Queensryche.

“Where Eagles Dare” é, enfim, um livro importantíssimo, pois exala sinceridade e desprendimento, incitando inclusive ao debate, entre aqueles que o leram, sobre os pontos de vista do autor. Torço para que a Denfire cogite lançar as duas continuações, a primeira sobre os anos 90 e, a segunda, dos anos 2000 até o recente “The Book of Souls”, pois perfazerá uma coleção digna e valiosa para estar na estante e – essa sim – merecendo ser retirada esporadicamente da prateleira, para consulta ou releitura.

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