Antes de falar do trabalho alvo dessa resenha, permitam-me contar uma história envolvendo um DJ britânico chamado Neal Kay. Na segunda metade dos anos 70, ele possuía um clube chamado “Bandwagon”, onde ele tocava som mecânico de bandas já consagradas, baseado nas paradas musicais de revistas da época. Ás vezes, bandas que estavam iniciando levavam suas demos para Neil, a fim de que o mesmo ouvisse e pudesse mostrar aos frequentadores o som. Certa vez, um jovem baixista deu sua demo tape para Neal Kay. O mesmo, bem atarefado, não deu prioridade naquele primeiro momento, deixando para ouvir um tempo depois. E quando Neal ouviu a fita, ficou altamente surpreso com a qualidade da fita, e meio que se arrependeu de não ter dado a devida importância naquele momento. Quem era o baixista? Steve Harris. A banda? Acho que não preciso mencionar o nome.
“Tá Alexandre, mas o que essa história tem a ver com a Wargore?”. Simples! Nesse momento, sinto-me como Neal Kay. Recebi o trabalho dessa galera de Cascavel-PR há alguns dias, mas devido à afazeres, somente hoje pude conferir o trabalho dos caras. E para minha grata surpresa, me agradou muito.
A banda foi formada em 2016, e a proposta é bem clara. Executar o bom e velho Death Metal Old School, até como uma forma de homenagear grandes nomes do estilo. Entre agosto e setembro desse ano, a banda entrou em estúdio para registrar seu primeiro trabalho. Como resultado final, temos o EP “Between Evil And Death”.
O trabalho conta com 6 faixas, em pouco mais de 21 minutos, o que já denota a presença de músicas bem diretas. Riffs velozes de guitarras, uma sessão rítmica bastante coesa e entrosada e vocais fortes ditam a tônica ao longo do EP. Até mesmo a produção, que não chega a ser primorosa, casou muito bem com a ideia de reviver os bons e velhos anos 80.
Para quem não tem preconceito em ouvir bandas que resgatam aquela sonoridade antiga, a Wargore deve agradar em cheio. Acredito que estamos diante de um belo diamante, que vai passar por algumas lapidações, e quem sabe, escrever seu nome na história do Death Metal. Potencial para isso, essa turma tem, e de sobra.
Formação:
Jamil (vocal)
Chuck (guitarras)
Antônio (guitarras)
Christiano (baixo)
Gustavo (bateria)
Track list:
01. Doomed To Live
02. Destroy The Creation
03. Asleep Minds
04. Concilium Vaticanum
05. Don’t Exist A Written Path
06. Hammer Of Shame