O dia 23 de junho de 2023 entrou pra história do metal nacional. Neste dia, após longos 15 anos de espera, a seminal banda Viper, aquela que revelou ao mundo o talento do maestro Andre Matos, lançou Timeless, seu sétimo álbum de estúdio, via Wikimetal Music, trazendo 11 “novas” canções. E de cara, você cara leitora, caro leitor, deve estar-se perguntando o porquê desta redatora ter colocado a palavra novas entre aspas. Eu respondo, porque embora todas as canções sejam inéditas, por assim dizer, há um flerte proposital da banda em revisitar a sua própria história, inclusive utilizando alguns arranjos e passagens de canções de outrora para adornar as suas novas canções. A uma uma primeira ouvida, muitos tem comentado de que Timeless não é exatamente o que esperavam, pois o álbum não é uniforme em suas composições, com as músicas trazendo sonoridades bem diferentes umas das outras, tornando difícil classificá-lo. Sobre isso, a própria banda explicou anteriormente, que “o repertório do novo álbum, de 11 faixas, é composto por músicas que remetem a estilos que englobam toda a carreira da banda”, fazendo com que sua sonoridade seja atemporal, ao trasitar por diversos subgêneros do metal, presentes na discografia da banda. E é exatamente isso que se ouve em Timeless, o que reforça ainda mais a questão acima sobre a palavra “nova” estar entre aspas.
Timeless foi produzido por Maurício Cersosimo, e co-produzido por Val Santos, tendo a bela arte da capa assinada por Fernanda Victorello. Os membros originais Pit Passarell (baixo e vocais) e Felipe Machado (guitarra) estão ao lado de Kiko Shred (guitarra), Guilherme Martin (bateria) e Leandro Caiçolo (vocais). Além destes talentosos músicos que compõem o line up atual do Viper, Timeless traz alguns convidados especiais, que abrilhantam ainda mais o novo álbum, a começar pelo baixista Daniel Matos, irmão do maestro. Timeless traz ainda Hugo Mariutti (Shaman), Yves Passarell (Capital Inicial), Val Santos, Nando Machado, Fábio Ribeiro e Natacha Cersosimo.
Timeless abre com “Under the Sun“, o primeiro single a ser lançado e pra mim, a melhor faixa do play, composta por Pit Passarell e Guilherme Martin. A canção é uma verdadeira ode aos primórdios do Viper e já de cara nós vemos a primeira homenagem a sua história com seu final fazendo clara referência “Prelude To Oblivion”. O heavy metal oitentista dá as caras com “Freedom of Speech“, composição de Felipe Machado e que também foi lançada como single. Como já mencionamos, aqui surge a primeira participação especial, que nos leva novamente aos primórdios do Viper, pois ninguém menos que o irmão de Andre Matos, o baixista Daniel Matos se faz presente e de uma forma contundente com belas linhas de execução. “Timeless“, a faixa-título, outro single lançado e também composto por Felipe Machado, vem na sequencia, bem acelerada, um speed metal clássico e cheio de energia. Mais uma vez a história da banda se faz presente, não só na sonoridade, mas também com a presença do baixista Nando Machado, que é irmão de Felipe. Uma parte com voz e teclados, que desaceleram a execução, fazem um embelezamento a mais. O último single do álbum, lançado a poucos dias, “The Android“, composta por Pit Passarell e Guilherme Martin e cantada por Pit tem uma levada bem rápida, mais puxada para o rock, diferente das demais, lembrando canções do Motörhead, na melodia, embora bem diferente na execução vocal.
A gigantesca e progressiva “The War”, outro destaque do play inicia o miolo da audição. Composta pelo brilhante Pit Passarell, a faixa tem a sua grandiosidade própria, que passa voando, apesar de longa, de forma a não se perceber. A música é pesada em sua essência, com passagens mais rockers e até com elementos mais pop e AOR. Algumas músicas de outrora do Viper, foram “enxertadas” nela levando o ouvinte a uma viagem dentro da viagem. Uma faixa épica e sensacional, que pode levar qualquer fã ao delírio, tocada ao vivo. Destaque absoluto do play. “Angel Heart” é uma canção bem pop, quase britânica, música de desenho animado e pra mim, a menos interessante. O solo dessa faixa foi gravado pelo ex-integrante Yves Passarell, atual guitarrista do Capital Inicial. “Light in the Dark“, é única faixa composta pelo vocalista Leandro Caiçolo. O estilo traz o tradicional power metal e ainda mais uma participação do baixista Nando Machado. Felipe Machado assina “Echoes in the Mirror“, que traz novamente a participação do baixista Daniel Matos. A faixa mostra o lado mais metal explorado pelo Viper, com seu som mais moderno e temática mais futurista.
A parte final do play nos reservam ainda mais surpresas saudosista. A experimental “Vit Righta“, cantada por Pit Passarell, é bem pesada e raivosa, meio hardcore, meio Red Hot Chili Peppers, ou algo assim, dando a ela um ar diferente das demais, mas se conectando com elas musicalmente. Aí chegamos a momento mais dramático e sentimental com a chegada de “Thais“. Mais uma composição de Pit Passarell, a faixa, uma semi-balada pop é cantada pela vocalista da banda Toyshop, Natacha Cersosimo e ainda traz as participações de Hugo Mariutti (Shaman), no violão e Fábio Ribeiro, também do Shaman, nos teclados. A música é uma homenagem pessoal a mãe da filha de Pit. Por fim, a cereja do bolo, “Reality“, uma canção instrumental, que carrega um simbolismo especial à história do Viper, uma vez que uma faixa instrumental, “Illusion”, era a abertura do segundo álbum da banda, no longínquo 1989, uma espécie de maneira de mostrar aos próprios músicos, que ali começava uma jornada emblemática, cheia de sonhos e ilusões, que por fim faria a história acontecer diante de seus olhos, e que agora, mais de 30 anos depois, com uma história já escrita, nada melhor que uma outra faixa, também instrumental, encerre o play mostrando a realidade dos fatos e por isso é batizada de “Reality“. Nada mais justo.
Após se ouvir a mensagem transcrita em forma de música, trazida à tona naquela sexta-feira, 23 de junho, podemos dizer que se a intenção do Viper era homenagear a si mesmo, fazendo um brinde a sua própria história, essa celebração alcançou seu objetivo, com uma atmosfera intimista, melancólica em vários momentos, carregada de emoção, porém com uma carga de energia renovada. Timeless quer dizer eterno, no sentido de que o tempo flui e não se esgota, como um guia permanente na corrente da vida. Assim, Timeless é a forma em que o Viper escolheu para nos levar numa viagem no tempo, através de sua própria história, homenageando a si mesmo, trazendo à tona as lembranças do passado que os conduziu através do tempo até os nossos dias, em nosso momento atual. A produção é cristalina, os músicos se destacam como um todo, seja na composição esmerada e cuidadosa em nos mostrar trechos de outrora em novos trajes, por assim dizer, sem soar mais do mesmo, para não nos provocar aquela sensação de Deja Vu, bem como na execução de seus instrumentos. Cada um deles se destaca de forma completa e harmoniosa, mostrando que a nova formação se tornou um único e brilhante ser. Ao final de tudo isso, só nos resta dizer, obrigada Viper!!!
Formação:
Leandro Caiçolo – vocais
Felipe Machado – guitarra
Kiko Shred – guitarra
Pit Passarell – baixo/ vocais
Guilherme Martin – bateria
Participações:
Natacha Cersosimo – vocais
Daniel Matos – baixo
Nando Machado – baixo
Hugo Mariutti – violão
Yves Passarell – guitarra
Fábio Ribeiro – Teclados
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