O Uganga, que começou a pavimentar a sua história em 1993, lançou o seu primeiro álbum dez anos depois e hoje se deleita em uma carreira sólida, que fez surgir até aqui mais três álbuns de estúdio e um ao vivo, que foi fruto de seus shows pela Europa. “Opressor” é o disco atual do grupo e já foi lançado até em vinil, além do formato digipack.
São 13 faixas (três delas, introduções) cravadas no peso das guitarras de Christian Franco e Thiago Soraggi, erguidas pela cozinha firme de Raphael Franco (baixo) e Marco Henriques (bateria) – tudo isso sendo conduzido pela voz de Manu “Joker”. O histórico da banda certifica os músicos com grande profissionalismo. Se ainda não ouviu este CD, não perca tempo e descubra como se faz Thrash Metal com a peculiar receita brasileira.
Antes de mais nada, quem adquirir este trabalho ganhará de brinde o videoclipe de “Guerra”, que está embutida como faixa multimídia. O material físico ainda traz encarte/livreto com as letras e informações técnicas. As participações incluem Juarez “Tibanha” (Scoruge) em “Moleque de Pedra” e Murillo Leite (Genocídio) e Ralf Klein (Macbeth) em “Who Are The True?”, cover do Vulcano.
Não é de hoje que bandas de Metal no Brasil fazem experimentos em suas músicas, e o Uganga merece destaque por unir o peso do Thrash Metal à fúria do Hardcore, usando em temas como “Noite” e “Guerreiro”, elementos da cultura de raiz como percussão. Mas a energia emana principalmente da “rifferama” que abate o sossego, mas que em faixas como “O Campo”, abre para peças groove com ótimos compassos. Linhas mais cadenciadas também são encontradas na canção-título, que antecede a paulada “Moleque de Pedra”.
Todas as execuções de “Opressor” possuem mensagens existencialistas que mexem com o consciente. Vários retratos da sociedade podem ser vistos pelo contexto material ou espiritual, como sugerem letras de músicas como “Casa” (que também dispõe de videoclipe, mas no YouTube) e “Aos Pés da Grande Árvore”. A lucidez é impregnada em todas as composições, transportando você por um mundo longe da ficção. Ao ouvir este full-length, você terá que fazer uma escolha importante: bater cabeça ou fazer reflexões. Aconselho começar pela segunda opção, pois fatalmente, depois de “bangear”, você só conseguirá pensar em analgésicos.
Formação:
Manu “Joker” Henriques (vocal);
Christian Franco (guitarra);
Thiago Soraggi (guitarra);
Raphael “Ras” Franco (baixo, backing vocal);
Marco Henriques (bateria, backing vocal).
Faixas:
01 – Guerra
02 – O Campo
03 – Veredas
04 – Opressor
05 – Moleque de Pedra
06 – Casa
07 – L.F.T.
08 – Modus Vivendi
09 – Nas Entranhas do Sol
10 – Aos Pés da Grande Árvore
11 – Noite
12 – Who Are The True? (Vulcano Cover)
13 – Guerreiro
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9/10