Não há como não apreciar a música elaborada, melódica e instrumentalmente rica que bandas tendentes ao Prog costumam fazer. Eleva e enaltece as nossas percepções de várias maneiras, mas, sejamos sinceros, é o Metal cru, ríspido e direto que faz o sangue ferver! Tal qual répteis de sangue frio absorvem calor do sol, para a geração de energia corporal, o Metal gera em nós essas reações explosivas que poucos outros ritmos podem replicar. E quanto menos firula, mais detonadora é a reação.

Assim é a música do Ufrat. Death Metal. Thrash Metal. Um mais o outro. Sem complicações. Riffs simples, mas de uma eficiência absurda. As músicas são todas originais da banda, mas nada essencialmente inovador. Se algo soar familiar, é por conta da assimilação das características básicas de ambos estilos, que estão necessariamente, em maior ou menor grau, dentro da obra de cada banda que se autodeclara contida nessas searas.

É por isso que o disco nos captura em instantes e não nos cansa. Não surge aquele ranço que vez por outra ocorre, de querer que termine logo porque já foi o suficiente. É o oposto. No segundo dia que fui trabalhar, depois de ter escutado o álbum no trajeto, me peguei repentinamente, sem querer, solfejando um dos riffs de “Global Devastation” na cabeça.

Em um primeiro instante, o nome que logo me veio à lembrança, apenas para tecer alguma comparação, foi o da banda americana Rigor Mortis, mas também haverão traços de Benediction aqui e um pouco de Slayer acolá. A dúzia de novas canções são o prosseguimento natural das onze presentes no disco anterior, “Welcome to Reality”, lançado dois anos antes deste, demonstrando que a inspiração para compor está elevada. Por se tratar de uma segunda experiência em estúdio, o novo trabalho surge com uma qualidade de som um pouco melhor do que a estreia, pecando apenas por não apresentar uma embalagem mais elaborada, visto que a capa de “Welcome to Reality” me parece mais bem realizada, tanto na ideia quanto no acabamento.

Formada por Caio (vocais), Marcelo (baixo), Alex (guitarra) e Ivan (bateria), o trabalho de criação das letras é dividido entre estes últimos dois, com resultados igualmente satisfatórios, abordando falácias sociais com pertinência, concedendo credibilidade à indignação raivosa na voz de Caio. “Unceasing Torment”, “Death Row”, “Voluntary Slavery” e a excelente “Cruel Faith” são os destaques de um disco nivelado. A audição termina com o cover de “Nightfear”, do Benediction, mas caso alguém tivesse chegado até aqui sem conhecer a banda inglesa, poderia crer facilmente que se tratava de mais uma composição original do Ufrat, dado a sua perfeita adequação com o restante do repertório.

A conclusão que tiramos de “Global Devastation” é de que o Ufrat é uma banda que, apesar de nova, tem uma concepção precisa, exata, do que pretendem alcançar com sua música e estão realizando isso muito bem. Sem dúvida, mais um nome que se destaca dentre os que surgem no estado do Paraná.

 

Formação

Caio – vocal

Alex – guitarra

Marcelo – baixo

Ivan – bateria

 

Músicas

01 – Intro

02 – The smell of death

03 – Unceasing torment

04 – Annihilator of minds

05 – Bastard blood

06 – Confronting death

07 – Global devastation

08 – Death row

09 – Peter killer

10 – Cruel Faith

11 – Social chaos

12 – Voluntary slavery

13 – Nightfear

 

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