Resenha: Two Old Men – Two Old Men (2018)

Dois músicos experientes, que já passaram por diversas formações de Metal Extremo no interior do estado de São Paulo, resolvem se unir e colocar o extremismo sob uma nova visão. Seguindo a máxima de dar alguns passos para trás antes de ir para frente, eles buscam elementos de Blues e Country para provocar a fusão com o Death Metal. O resultado poderá falar mais sobre o ouvinte do que sobre a banda, pois embora não seja obrigatório o conhecimento prévio de qualquer um dos estilos incorporados, a diversão tende a ser maior conforme você vai reconhecendo a fonte da estrutura das composições.

A própria arte da capa já indica essa necessidade de atenção, pois se você a olhar de forma muito rápida, poderá não perceber a sua ilustração. O tom vermelho emana dos riffs crus, ora motorhedianos, ora com aquele sentido de sofrimento tal qual presente na faixa “My Friend The Devil”, exigindo o acompanhamento de uma harmônica e complementando com participação vocal de Arthur Von Barbarian, ex-Vulcano, para homenagear a memória de Jhonny Hansen, líder do Harry e ícone da música underground na cidade de Santos. “Black Clouds” é pura porrada estradeira em duas rodas cromadas, que vai ganhando impulso em “Babalon” e extrapola as oportunidades de peso durante as levadas mais aceleradas de “Old Spirit”.

Lá na primeira faixa, “Of Time”, o álbum começava mais cauteloso, como se estivesse reconhecendo o terreno, mas no seu miolo ele se solta de vez e entrega faixas intensas como “Alike”, que mesmo em sua velocidade não deixa de cumprir a referência às músicas de raiz. Marly Cardoso, do No Sense, é a outra participação da comunidade musical santista, que surge para inserir malignidade ríspida em “Don´t Kiss Me Baby”.

A dupla responsável dividiu a produção com o músico Ivan Pellicciotti e obtiveram um disco onde a sujeira convive ao lado da plena audição de todos os detalhes das composições. Esse trabalho de estreia mostra que, para você ser criativo, não é necessário apresentar algo que seja absurdamente inovador. Pegue as ferramentas que anos pregressos de música lhe entregaram e recombine-os, rearranje-os, acelere nos momentos de contenção e segure-se nos momentos que exigem dinâmica. Argila sempre será argila, o que muda é a mão do escultor. “Two Old Men” soa diferente e bem-vindo dentro de uma cena semipolarizada entre Death Metal e Metal Melódico. A moral da história é de que sempre podemos aprender com as lições dos veteranos e, portanto, esses “dois homens velhos” podem ter muito a ensinar.

Formação

Cláudio Cardoso – vocal, guitarra, baixo

Paulo Ferramenta – bateria, harmônica

Músicas

01 Two Old Men            

02 Of Time                      

03 My Friend the Devil            

04 In the Deep               

05 Black Clouds            

06 Babalon                     

07 Old Spirit          

08 Alike                 

09 Cargo Cult                 

10 Don’t Kiss Me Baby            

11 Let the People Die    

12 Poison Love    

13 Stone of the Witch

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