Dois músicos experientes, que já passaram por diversas formações de Metal Extremo no interior do estado de São Paulo, resolvem se unir e colocar o extremismo sob uma nova visão. Seguindo a máxima de dar alguns passos para trás antes de ir para frente, eles buscam elementos de Blues e Country para provocar a fusão com o Death Metal. O resultado poderá falar mais sobre o ouvinte do que sobre a banda, pois embora não seja obrigatório o conhecimento prévio de qualquer um dos estilos incorporados, a diversão tende a ser maior conforme você vai reconhecendo a fonte da estrutura das composições.
A própria arte da capa já indica essa necessidade de atenção, pois se você a olhar de forma muito rápida, poderá não perceber a sua ilustração. O tom vermelho emana dos riffs crus, ora motorhedianos, ora com aquele sentido de sofrimento tal qual presente na faixa “My Friend The Devil”, exigindo o acompanhamento de uma harmônica e complementando com participação vocal de Arthur Von Barbarian, ex-Vulcano, para homenagear a memória de Jhonny Hansen, líder do Harry e ícone da música underground na cidade de Santos. “Black Clouds” é pura porrada estradeira em duas rodas cromadas, que vai ganhando impulso em “Babalon” e extrapola as oportunidades de peso durante as levadas mais aceleradas de “Old Spirit”.
Lá na primeira faixa, “Of Time”, o álbum começava mais cauteloso, como se estivesse reconhecendo o terreno, mas no seu miolo ele se solta de vez e entrega faixas intensas como “Alike”, que mesmo em sua velocidade não deixa de cumprir a referência às músicas de raiz. Marly Cardoso, do No Sense, é a outra participação da comunidade musical santista, que surge para inserir malignidade ríspida em “Don´t Kiss Me Baby”.
A dupla responsável dividiu a produção com o músico Ivan Pellicciotti e obtiveram um disco onde a sujeira convive ao lado da plena audição de todos os detalhes das composições. Esse trabalho de estreia mostra que, para você ser criativo, não é necessário apresentar algo que seja absurdamente inovador. Pegue as ferramentas que anos pregressos de música lhe entregaram e recombine-os, rearranje-os, acelere nos momentos de contenção e segure-se nos momentos que exigem dinâmica. Argila sempre será argila, o que muda é a mão do escultor. “Two Old Men” soa diferente e bem-vindo dentro de uma cena semipolarizada entre Death Metal e Metal Melódico. A moral da história é de que sempre podemos aprender com as lições dos veteranos e, portanto, esses “dois homens velhos” podem ter muito a ensinar.
Formação
Cláudio Cardoso – vocal, guitarra, baixo
Paulo Ferramenta – bateria, harmônica
Músicas
01 Two Old Men
02 Of Time
03 My Friend the Devil
04 In the Deep
05 Black Clouds
06 Babalon
07 Old Spirit
08 Alike
09 Cargo Cult
10 Don’t Kiss Me Baby
11 Let the People Die
12 Poison Love
13 Stone of the Witch