Resenha: Turbonegro – Rock’n’Roll Machine (2018)

A lista de influências apontadas pela banda norueguesa Turbonegro já é um convite implícito à audição: AC/DC, Stooges, Kiss, Alice Cooper, Ramones, Rolling Stones e Punk Rock no geral. Dá até para imaginar que alguém está realmente querendo lhe agradar! Mesmo assim, existe um ceticismo natural que não lhe vincula estritamente às palavras. É preciso ouvir para crer e, aproveitando que um novo disco do Turbonegro acabou de sair, não poderia haver melhor ocasião.

Bem, em plena contramão a tantas decepções que enfrentamos diuturnamente, as promessas aqui são todas cumpridas. O Turbonegro lhe conduzirá por tudo que foi anunciado e por mais, bem mais. Na rabugentice atual, em que quase tudo parece que necessita ter um conceito, um significado profundo, é balsâmica a presença de um disco que lhe traga apenas diversão. Mera, simples e descompromissada diversão. Pode até haver um alarme falso pelo fato das três primeiras faixas serem interligadas, como seus títulos informam, mas você não se importará com isso quando for tomado pela empolgação do som.

Passada a breve introdução, o Rock’n’Roll empolgante de “Well Hello” criará empatia instantânea com o ouvinte e alguns traços de The Who poderão ser percebidos. Na sequência, “Rock’n’Roll Machine” não faz a mínima questão de esconder que bebe na fonte de canções como “TNT”, do AC/DC. Se seu pescoço ou o seu pé não estiverem se movimentando durante essa música, então você provavelmente precisa checar as suas articulações.

Em certos momentos, nota-se uma proximidade com a sonoridade da extinta banda sueca The Hellacopters. É o que transparece em “Hurry Up & Die”, por exemplo, mas logo os riffs calcados em AC/DC retornam, na faixa “Fist City”, que consegue até a proeza de sugerir como a banda australiana soaria se chamasse Iggy Pop para assumir seus vocais.

Não bastasse a satisfação recebida até agora, o sorriso no rosto ainda consegue se alargar ao ouvir o timbre AOR oitentista do teclado que abre “Skinhead Rock’n’Roll”. Esse efeito é replicado em “Hot For Nietzche”, e o caldeirão de influências fica apontando referências em minha cabeça como se fossem efeitos de luz estroboscópica. Em momentos instantâneos me surgem breves lembranças de “What´s Next To The Moon”, novamente dos irmãos Young, e de sons da época do disco “Who Are You?” do The Who. Tendo já explorado suficiente os territórios do Hard, chegou a hora de investir mais fortemente no Punk Rock, começando pelo ritmo seguro e preciso de “On The Rag”, passando depois para a condução ramoniana de “Let The Punishment Fit The Behind”. A essa altura já não surpreende o clima quase Pop da canção que tem o genial título de “John Carpenter Powder Ballad”, pois já podemos perceber que o Turbonegro não se prende a nenhuma linha rígida, permitindo-se transitar com desenvoltura para a direção que quiser.

“Special Education” termina bem o álbum, apesar de ser a faixa menos marcante de todas. Esse, porém, é um pecado tolerável, pois ao longo das anteriores houve satisfação suficiente para lhe lembrar que, no âmago de toda a coisa, o aspecto lúdico sempre foi o fator principal. A música aqui é do tipo que não lhe transmite aquela sensação de quase obrigatoriedade de ter que ver as letras para interpretar seja lá qual for o sentimento em turbulência que o autor tinha no momento. Esqueça isso! Aqui você só precisa assimilar pedaços de letra suficientes para cantar refrões em um show! Afinal de contas, para que mais serviria uma “Máquina de Rock’n’Roll”???

Formação

Tony Sylvester – vocal

Knut Schreiner – guitarra

Rune Grønn – guitarra

Thomas Seltzer – baixo

Tommy Akerholdt – bateria

Haakon-Marius Pettersen – teclado

Músicas

Suite: The Rock and Roll Machine

01.Part I: Chrome Ozone Creation

02.Part II: Well Hello

03.Part III: RockNRoll Machine

04.Hurry Up & Die

05.Fist City

06.Skinhead Rock & Roll

07.Hot For Nietzsche

08.On the Rag

09.Let the Punishment Fit the Behind

10.John Carpenter Powder Ballad

11.Special Education

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