Após uma tentativa frustrante de renovar seu som com o álbum “Vengeance Falls” (2013), o Trivium toma um rumo arriscado e distante da música tradicionalmente feita pela banda, sem os ótimos guturais e técnicas habilidosas de seus músicos, como por exemplo no álbum “Shogun” (2008). Em “Silence In The Snow” (2015), Matt Heafy e companhia se arriscam em algo mais cadenciado, pendendo para algo mais comercial, mas a qualidade não foi totalmente perdida.
Pouco antes do lançamento do álbum, o vocalista Matt Heafy falava em entrevistas que estava aprendendo a usar sua voz de maneira correta, e que os guturais, que eram tão aclamados antigamente, estariam extintos do novo trabalho. Naturalmente isso fez os fãs torcerem o nariz, mas sem perder a fé de que o novo álbum teria qualidade.
Eis que aos poucos a banda foi liberando algumas músicas para audição, e pudemos ver como estavam soando as novas composições. “Silence In The Snow” foi a primeira faixa liberada com antecedência, que também seria o título do vindouro álbum. Logo de cara, a proposta dos vocais somente limpos é clara, pois temos vocais muito bem cantados e diferentes até mesmo dos vocais dos outros álbuns – vide “Dying In Your Arms” do álbum “Ascendancy” (2005) – antigamente.
A música começa grandiosa, como se algo épico estivesse por vir, o que de certa forma acontece, pois, a música é boa e chega a ser grudenta, porém os riffs são um pouco decepcionantes, principalmente para quem estava acostumado com composições como “Torn Between Scylla and Charybdis” e “Thores of Perdition” por exemplo, que são do álbum “Shogun”. Mas não que seja uma música ruim, muito pelo contrário, ela é muito boa, principalmente como música de abertura, uma vez que sucede a faixa “Snøfall”, que é um interlúdio em parceria com Vegard Sverre Tveitan.
Outras faixas foram sendo liberadas, uma delas foi “Blind Leading The Blind”. Essa sem dúvidas é a que mais se aproxima do antigo Trivium, o instrumental é muito bem feito e um pouco mais de técnica é usada aqui, os vocais continuam com a mesma proposta, mas o tom da música e toda sua qualidade não nos faz sentir falta dos guturais. Se for pra comparar com algo antigo, diria que se encaixaria no álbum “In Waves” (2011). Com certeza é uma das melhores do álbum.
“Until The World Goes Cold” foi a última liberada antes do álbum ser lançado. Essa que é um dos destaques do álbum, apesar de sua simplicidade nos riffs e melodias aqui a banda transmite um feeling perfeito, destacando a bateria do injustiçado Mat Madiro, baterista que foi chutado da banda pouco tempo depois do lançamento do álbum. Uma versão acústica dessa faixa seria muito bem-vinda por sinal.
Após o lançamento do álbum, a primeira audição soou estranha para muitos, as músicas eram repetitivas e tinham um apelo comercial fora do normal para uma banda como o Trivium. Ainda assim, é impressionante como os integrantes são de grande qualidade com seus instrumentos.
A faixa “Dead and Gone” ainda foi lançada como single, esta que também é bastante puxada para o lado radiofônico, e é uma das faixas que são tocadas em uma guitarra de sete cordas, assim como muitas das faixas antigas. Mesmo assim seu instrumental é bem simples.
Outras faixas que podemos tirar algo de bom, que não soam repetitivas, são “The Ghost That’s Haunting You”, que apesar de contar com um riff manjado, tem um pré-refrão e refrões muitos bons.
O tom mais sombrio da música “Breathe In The Flames” consegue até empolgar em seus versos mais pesados, o refrão que acaba sendo manjado novamente, mas é uma faixa que dá pra bater cabeça um pouco. As duas faixas bônus, “Cease All You Fire” e “The Darkness of My Mind” também são de boa qualidade, e deveriam fazer parte da edição simples do álbum, pois são melhores que pelo menos quatro das faixas, como por exemplo “Pull Me From The Void” e “The Thing That’s Killing Me”, essa que tem uma das piores letras do Trivium.
Enfim, o Trivium, ao que deu a entender aqui, tentou expandir seu público, apelando para uma coisa mais comercial e para as rádios. Quem já ouviu e gosta dos álbuns “The Crusade” e “Shogun”, vai se decepcionar com “Silence In The Snow”, que lutou bravamente com “Vengeance Falls” para ser o pior álbum da banda, o que não é o caso.
Os integrantes da banda podem fazer melhor que isso, principalmente o vocalista, que mesmo “aprendendo a cantar”, não precisava ter deixado os guturais de fora, sendo que isso era um diferencial da banda em relação as outras. Que o sucesso e a expansão dos fãs sejam alcançados, mas também que para um próximo trabalho a banda reveja seus conceitos e volte a fazer um som mais tradicional.
Formação:
Matt Heafy (vocais, guitarras);
Corey Beaulieu (guitarras, vocal de apoio);
Paolo Gregoletto (baixo, vocal de apoio);
Mat Madiro (bateria).
Faixas:
01 – Snøfall
02 – Silence In The Snow
03 – Blind Leading The Blind
04 – Dead and Gone
05 – The Ghost That’s Haunting You
06 – Pull Me From The Void
07 – Until The World Goes Cold
08 – Rise Above the Tides
09 – The Thing That’s Killing Me
10 – Beneath The Sun
11 – Breathe In The flames
12 – Cease All Your Fire (Bonus Track)
13 – The Darkness of My Mind (Bonus Track)
Audição completa no YouTube: