Dez anos após o ótimo “The Hymn of A Broken Man”, o Times Of Grace – projeto paralelo de Adam Dutkiewicz e Jesse Leach, respectivamente guitarrista e vocalista do Killswitch Engage – volta com “Songs of Loss and Separation”, novo álbum de inéditas. Agora com a banda mais madura, com ambos passando por momentos difíceis em suas vidas pessoais, acertaram em lançar o álbum exatamente na pandemia.

Com um tema lírico mais pessoal e profundo, as letras tratam da depressão de Dutkiewicz, da separação e saúde mental de Leach, com a musicalidade menos agressiva e mais melódica, não distanciando de suas raízes do Metalcore, você pode comparar com o que fizeram em “I Am Broken Too”, do último álbum do Killswitch, mas aqui se tem menos guturais, usados em partes mais específicas, com os dois optando por dar ênfase aos vocais mais limpos e melódicos. A banda ainda chamou Dan Gluszak para tocar bateria no álbum.

The Burden of Belief” abre o álbum já mostrando a proposta mais calma e direta, com a guitarra limpa ditando a melodia. Jesse canta com uma emoção jamais ouvida e fala de suas questões não respondidas e de como a jornada até aqui o deixou exausto. Uma letra bastante emotiva, algo que vai se tornar trivial durante a audição.

Mend You” é claramente sobre Leach tentando salvar seu casamento, procurando palavras para consertá-lo e fazer sua companheira acreditar que ele ainda a ama. Musicalmente é carregada em um tom melodioso, com a bateria sendo mais presente e guiando a faixa em ótimas linhas.

Com uma pegada mais tradicional e com os guturais mais presentes, vem “Rescue”, outra faixa com a carga emocional bastante pesada. Os pedais duplos trabalham mais ativamente aqui, com os refrãos melódicos destacando-se. A perda é o tema lírico central.

Um dedilhado no início de “Far From Heavenless” traz Dutkiewicz cantando sobre estar sem céu, onde as preces já não são mais ouvidas, procurando por perdão. A faixa é uma das mais melódicas e usa bem os vocais limpos com guturais em segundo plano. Sua ponte tem um Leach desabafa algumas palavras sobre o perdão ser vão diante de tantos discursos falsos que acabam deixando tudo em feridas.

O início de “Bleed Me” lembra muito “Something In The Way” do Nirvana, inclusive sua melodia cantada, tomando um tom mais pesado somente a partir de seu segundo refrão. Seu tema é a solidão, onde até mesmo seus demônios viram companhias, mesmo sendo para te fazer sangrar.

A sombria “Medusa” é uma das mais pesadas do álbum. Um riff cadenciado, mas bem pesado guia a faixa, onde Leach usa mais seus guturais. A bateria também apresenta bons grooves na ponte e é possível até ouvir um teclado dando a harmonia mais sombria. Sua letra fala de como o coração pode se tornar frio após uma traição, destruindo a pessoa aos poucos.

Currents” tem o título autoexplicativo, a letra fala sobre correntes que te puxam para baixo, que te levam a escuridão mesmo com a luz nascendo bem diante de seus olhos. Uma clara metáfora a depressão, que ambos os membros da banda passaram. A faixa tem uma pegada bem arrastada, com os dois cantando juntos os versos, com Jesse se soltando e liderando apenas o refrão. Após a ponte mais melódica, a faixa fica mais pesada, ainda lenta, com um fade out um pouco longo demais nos levando para o fim da faixa.

Uma das letras mais tristes e pesadas do álbum está em “To Carry The Weight”, onde claramente fala sobre a perda de Leach referente ao seu casamento, onde ele parece abraçar a dor e carregar o peso de tudo o que deu errado, mesmo assim, diz que estará lá se precisar. Seguindo o peso emocional da letra, a melodia é perfeitamente encaixada, com notas tristes acompanhando a voz sofrida do vocalista.

Cold” não se distancia da anterior e tem uma letra bastante triste, falando sobre estar sozinho novamente, onde o autor foi praticamente abandonado, frio, se aproximando da escuridão. Sua melodia é um pouco mais esperançosa no início, cresce no decorrer da faixa e se torna mais melódica do meio para o final. E isso nos leva para a faixa final, “Forever”, onde parece realmente ser uma conclusão de todo o sofrimento passado nas letras. A busca pela libertação está mais intensa do que nunca e a vida sem o verdadeiro amor se torna cada vez mais impossível. Seu início é bem cadenciado e melódico, com o peso chegando somente após a metade da faixa, mas mantendo o tom mais melancólico em destaque. Conclui liricamente e musicalmente de forma perfeita o álbum.

Em comparação ao primeiros álbum de dez anos atrás, é nítido o amadurecimento da banda, talvez por todas as porradas que a vida lhes deu, mas também por conta da idade, por todo o sucesso com sua banda principal, que contrastou negativamente com a vida pessoal. Aqui é tudo mais intimista e leva o ouvinte a jornada de sofrimento e dor que as letras transmitem, acompanhadas de melodias cativantes que casam perfeitamente com o tema.

Fãs do Killswitch Engage talvez torçam o nariz por esperar algo mais agressivo, mas sabendo da proposta e tendo a mente aberta para algo menos “Metalcore”, vão se encantar com um álbum feito com o coração e com a alma.

Times Of Grace – Songs of Loss and Separation
Data de lançamento: 16 de julho de 2021
Gravadora: Wicked Good / ADA

Faixas:
1. The Burden of Belief
2. Mend You
3. Rescue
4. Far From Heavenless
5. Bleed Me
6. Medusa
7. Currents
8. To Carry The Weight
9. Cold
10. Forever

Formação:
Dan Gluszak / Drums
Adam Dutkiewicz / Guitars, Bass, Drums, Vocals
Jesse Leach / Vocals

NOTA: 10

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