Resenha: Threshold – Legends of The Shires (2017)

O quinteto britânico de Progressive Metal lançou no dia 8 de Setembro o mais novo integrante de sua vasta discografia, o álbum duplo, “Legends of The Shires”. Com a missão de superar o ‘morno’ “For the Journey”. Não me entendam mal, “For The Journey” é ótimo no geral, mas quando vemos a discografia do Threshold, que contém verdadeiras obras-primas do Metal Progressivo, como “Psychedelicatessen”, “Critical Mass” e “Subsurface”, “For the Journey” não passou de um registro ouvível.

Em “Legends of The Shires”, Glynn Morgan volta a assumir os vocais da banda pela primeira vez desde 1994, no álbum já citado anteriormente, “Psychedelicatessen”, assim como há uma participação do membro fundador da banda, Jon Jeary.

Sobre o álbum, traz o Threshold de 23 anos atrás de volta, Glynn parece estar no seu auge vocal, a parte instrumental, como sempre, está completamente impecável. “Legends…” parece ser fruto de músicas nunca lançadas do “Psychedelicatessen”.

O álbum inicia com ‘The Shire (Part I)’, que é bem cadenciada e tem como intuito nos preparar para o que vem a seguir. ‘Small Dark Lines’ foi o segundo single divulgado, e é uma faixa com um cunho mais comercial, mas ainda sim, é uma boa faixa.

Logo a seguir, vem um petardo de 11 minutos, na que considero a melhor faixa do álbum. ‘The Man Who Saw Through Time’ conta a história de um homem que descobre poder ver o futuro, e acredita que não há mal algum em saber o que acontecerá, mesmo que existam forças lhe dizendo para não o fazer. Após ver tudo o que mais amava se destruir, o homem decide não tentar ver mais o que acontecerá, mas já é tarde demais.

‘Trust The Process’ fala sobre a busca do ser humano pela verdade, mas que no fundo, a verdade de nada importa, porque pouco poderemos fazer. ‘Stars and Satellites’ fala que o ser humano tem muito potencial, mas que nunca será explorado, porque ele sempre seguirá a mesma órbita, assim como estrelas e satélites.

‘On the Edge’ e ‘The Shire (Part II)’ faixas calmas que preparam o ouvinte para a segunda melhor faixa do disco; ‘Snowblind’ traz um ritmo rápido e os teclados se destacam fortemente nessa faixa; ela fala que todos nós precisamos tomar decisões difíceis e que a melhor forma de conhecer alguém, e saber o que aquela pessoa realmente quer.

‘Subliminal Freeways’ é uma faixa de cunho mais comercial e com um refrão bem comercial. ‘State of Independence’ é a balada do disco, falando sobre o fim de um relacionamento porque um deles não estava pronto para assumir a responsabilidade de um relacionamento sério.

‘Superior Machine’ é uma balada-ish. A música traz um ritmo mais pesado, com as guitarras ganhando mais destaque. Porém, a letra fala que o eu lírico foi enganado, mas – felizmente – não fica chorando por isso, e sim, fala que caso ele não se vingue do que fizeram com ele, outro fará por ele.

‘The Shire (Part III)’ conclui a história contada nas duas primeiras partes, com pouco mais de um minuto, serve de prelúdio para a penúltima faixa do álbum. ‘Lost in Translation’ foi o primeiro single de Legends e foi uma aposta ousada por parte da banda, ao lançar a segunda maior faixa do álbum (10 minutos e 20 segundos) como primeiro single do novo trabalho. ‘Lost in Translation’ fala sobre um homem que perdeu tudo, sua casa, sua fé e sua esperança. Ao se dar conta disso, ele precisa decidir para onde ir, mas os caminhos não são nem um pouco atrativos. No fim das contas, ele segue um dos caminhos, mas as dificuldades só aumentam, e mais uma vez o eu lírico se encontra na “estaca zero”, sem esperança, sem planos, sem nada. ‘Lost in Translation’ é a minha música favorita do álbum. E para fechar o segundo disco, ‘Swallowed’ responde algumas perguntas que são feitas durante as letras das músicas anteriores. É uma típica música de fim de álbum.

A ‘trinca’ The Shire (Part I, II e III) é a mais expressiva em termos de letras. A primeira parte aborda o otimismo excessivo de alguns jovens; A segunda parte traz o eu lírico mais velho e tendo que lidar com todas as dificuldades do dia-a-dia, perdendo a confiança em si mesmo e nos outros; e a terceira e última parte, é extremamente depressiva, falando sobre a resignação que muitas pessoas de idade avançada tem.

Threshold nos trouxe mais um álbum excelente. Para alguns, o principal impedimento é o tempo, “Legends…” tem mais de 80 minutos de duração e tem 5 músicas que ultrapassam a marca dos 6 minutos, 2 delas com mais de 10 minutos.

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