Mais uma resenha pra hoje, desta vez da banda de metal The Undead Manz, formada em 2014 pelo vocalista Z, sendo sua materialização como criatura. A temática da banda gira em torno das várias experiências e estudos de Z sobre comportamento humano, alquimia, cosmos, artes ocultas, entre muitos outros.
O álbum “The Rapture of the Undead’s Bride” é o segundo full da banda, sendo o primeiro “The Rise of the Undead”.

A primeira faixa, “Welcome… So Sorry (Intro)”, na verdade me surpreendeu por ser apenas um conjunto de samples unidos. Isto é algo que não é muito comum de se ver, mas é uma prática que sempre achei muito legal, porque é algo que não se espera num álbum (ou numa música) de metal.
Em seguida temos “The Vine”, a primeira faixa que realmente é uma música. Com esta faixa já podemos entender a proposta da banda: metal industrial e teatral, similar ao que fazem Rammstein e Rob Zombie. Inclusive, o estilo dessa música, principalmente pelo vocal, lembrou fortemente um Rammstein em inglês. Algo bem presente na música é o uso de samples e efeitos sonoros, elemento que dá uma originalidade interessante ao som.
“Psycho” realmente tirou um sorriso de meu rosto. Enquanto que na primeira faixa não lembrei a referência de cara, essa música iniciou com o clássico “Shoot me in the face” do jogo Borderlands, fiquei surpreso com um sample de videogame. Esta música alterna os vocais de Z com um vocal feminino, dando uma dinâmica interessante aos versos. Além disso, tem um refrão que não é tão padrão de metal industrial, mas não sei explicar porque, só senti a diferença.
A faixa seguinte, “Pirlimpinapple” é, na verdade, uma faixa de transição. É na verdade uma introdução para a música seguinte “Zombie Tales – The Blood Fairy Queen”. Este é o tipo de coisa da qual o produtor merece elogios, muitas vezes uma pessoa não quer escutar 6 minutos de música com 1 minuto e pouco de uma introdução que não é propriamente a música, então a decisão de fazer duas faixas separadas é agradável, pois quem ouve o álbum inteiro, entende a conexão, mas quem quiser voltar e ouvir somente aquela música, não se obriga a ouvir a introdução.
Falando na faixa seguinte, “Zombie Tales – The Blood Fairy Queen”, tem um elemento bem interessante: como a banda não tem tecladista (o que é algo até que diferente para uma banda de industrial), nesta música, em alguns momentos, a guitarra faz como se fosse um teclado tocando uma frase repetidamente. Apesar da banda usar muitos samples, é interessante haver essa mudança para a banda mostrar que consegue adicionar coisas alternativas ao som sem necessitar que seja tocado automaticamente. Aqui novamente o vocal feminino aparece em meio à música, que a princípio é da guitarrista Ravenge (que em alguns sites está somente com nome de Raven – tentei procurar melhores fontes, mas não encontrei então já peço perdão se a informação está errada).
Em seguida temos “Flesh Desire”, que usa em sua base um riff que lembra bastante o blues, o que dá um toque bem interessante a essa música, como um “blues industrial”. O piano no fundo de algumas partes da música é uma adição bem boa, bem sutil, que dá uma camada mais melódica à música. Em seu final, a música surpreende, por acelerar bastante o ritmo e tomar uma característica mais de hard rock/heavy metal do que de metal industrial.
A sétima faixa, “Lostinderdimensionz” é, novamente, uma faixa de transição, resumida a passar uma sensação de viagem espacial. Apesar da intenção interessante, eu particularmente achei essa faixa longa demais por ter 2 minutos e meio. Para uma faixa sem música, é desnecessariamente longa.
Como da última vez, a faixa seguinte, ” The Other in the Mirror pt. 1 (Between the Mist and Light…)” emenda com o final da anterior. Essa música surpreende na metade, quando de repente o peso das guitarras some e entra um teclado junto com uma guitarra cheia de efeitos, que dá um efeito completamente atmosférico à música. A quebra de ritmo é bem interessante e inesperada. Em seguida ainda vem um solo muito bem executado por Raven, que faz com que a música gradualmente retome um ritmo mais acelerado.
A anterior emenda diretamente com a próxima, “The Other in the Mirror pt. 2 (Understanding the signs)”. É bem boa a ideia de uma música em duas partes, mas eu particularmente acho que o corte foi feito no momento errado, que dá para ouvir ainda um final do solo quando esta começa. Se o corte fosse quando a música entra no próximo verso, teria fluído melhor. Mesmo assim, a ideia de uma grande música dividida em duas que contam juntas uma história e tem ritmos diferentes, é ótima, e extremamente inesperada nesse tipo de gênero apesar do storytelling fazer parte da temática da banda. Esta segunda parte é curiosamente curta também, tem apenas 2:49 (sendo que a média do álbum é 5 minutos por música). Analisando isso me parece que a ideia era que fosse uma única música, mas não acharam uma boa fazer uma música de mais de 8 minutos, então ela foi dividida em duas.
Em seguida, mais uma transição com a faixa “Entering…”. Desta vez dando uma atmosfera de terror, usando inclusive um sample do filme “O Iluminado”, o clássico “Here’s Johnny!”.
Entrando na reta final, temos a música “The Machine (Of World)”. Apesar desta música não ser tão diferente das outras, senti uma diferença na introdução. Ela mantém a sensação de história de terror iniciada pela faixa anterior, mas novamente eu não sei explicar a razão desta sensação. Por volta de 2:30, a música dá uma leve flertada com o prog, com uma bateria bem quebrada, e logo em seguida, a banda usa uma jogada clássica para criar uma música mais “interativa” com uma história: a banda para de tocar, deixando só o baixo e bateria, enquanto um sample é tocado junto. Essa ausência de sons pesados com um elemento eletrônico faz o ouvinte realmente se sentir parte de algo que está acontecendo na música, foi uma jogada muito bem colocada. Esta música, na verdade, é a que melhor mistura os samples com a música em si, não sendo só uma introdução ou um efeito no meio da música, parece que a música toda está ocorrendo dentro de uma história, de um cenário.
A última faixa, “Tiny Bye (Outro)” é somente uma outro, que inclui, entre outros, a música de encerramento dos antigos desenhos dos Looney Tunes e um clássico sample do jogo Metal Gear Solid. Da mesma forma que na intro, tem uma música circense junto aos outros sons. Acho que, considerando que o álbum iniciou desta forma e teve tantas faixas de transição dessa forma, nada mais justo que terminar da mesma maneira.
De uma maneira geral, a banda The Undead Manz é muito boa, parece ter um ótimo domínio de seu gênero musical e as músicas dão vontade de “banguear”. Pelo aspecto teatral da história da banda, dos membros e até das músicas, eu realmente fiquei muito curioso para vê-los ao vivo ( na verdade eu considero que o metal industrial no geral é muito mais interessante ao vivo, sempre tem elementos teatrais sensacionais).
Não tenho conhecimento da obra toda da banda, mas falando pelo álbum “The Rapture of the Undead’s Bride”, posso dizer que a banda é bem ambiciosa e criativa na proposta de fazer um “horror industrial”, que é algo que não temos no Brasil, além da criatividade de ideias de alguns elementos em meio às músicas, bem como um ótimo domínio de cultura pop para referenciar em suas obras, mas… no som ainda me falta um pouco de originalidade. Eu realmente não consegui diferenciar o som da banda do som do Rammstein (não que isso seja ruim num âmbito geral), mas pelo que eu vi em alguns trechos, em algumas músicas, a banda tem ideias incríveis que ajudam a ter essa identidade musical deles, sem ser “igual” a outra banda, só talvez eles devam investir mais nessas ideias diferentes, sair tanto da “caixinha” na hora da composição, quanto a banda já sai para criar todo o conceito de seus membros. Criatividade e talento, não falta nem um pouco! (Inclusive, os nomes das músicas são extremamente criativos, principalmente das faixas de transição).
Mas essa questão da originalidade na composição, apesar de ser um revés, não é algo que torna a banda ruim de maneira nenhuma. O álbum foi muito bom de ouvir, mesmo com músicas longas não é chato e, como citei, ao vivo a banda deve ser ainda melhor. Recomendaria a The Undead Manz e o álbum “The Rapture of the Undead’s Bride” para qualquer fã do estilo industrial e horror e eu com certeza passarei a acompanhar os próximos trabalhos da banda!
Eu gostaria muito, inclusive, de um dia refazer esta resenha com as letras em mãos, para entender toda a história do álbum! Parece interessantíssima!
Tracklist
1 – Welcome… So Sorry (Intro)
2 – The Vine
3 – Psycho
4 – Pirlimpinnaple
5 – Zombie Tales: The Blood Fairy Queen
6 – Flesh Desire
7 – Lostinderdimensionz
8 – The Other in the Mirror pt. 1 (Between Mist and Light…)
9 – The Other in the Mirror pt. 2 (Understanding the Signs)
10 – Entering…
11 – The Machine (Of World)
12 – Tiny Bye (Outro)
Banda (nesta gravação)
Z – Vocal/Guitarra
Raven – Guitarra
A.K. – Baixo
Jaws – Bateria