The Haunted nunca teve uma carreira num “mar de rosas”. Montada com os integrantes remanescentes do At The Gates, a responsabilidade de inovar e empurrar (ainda mais) as barreiras musicais era grande. Já no começo eles aparecem com uma proposta que se distanciava do Melodic Death Metal, com menos dos elementos melódicos muito difundidos nos anos 90, e trazendo a agressividade desenfreada do Thrash Metal.
Seus primeiros discos são extremamente violentos, rápidos e sem enrolação. Mas a aceitação na mudança da sonoridade – de algo mais sujo e visceral do At The Gates para um formato mais “comportado” – não foi unanimidade; muita gente torceu o nariz.
O problema é que justamente por ter uma origem ligada ao fim de um dos maiores ícones do Death Metal Melódico, a banda ficou estigmatizada como “o At The Gates que não é tão bom assim”. Afinal de contas, seus primeiros line-ups contavam com 3/5 de sua banda predecessora. Mas os irmãos Björler sempre fizeram questão de deixar claro que o The Haunted era um projeto diferente, e isso ficou evidente nos anos seguintes, com alguns discos classificados até como Alternativos.
Sua fase mais experimental possui seu valor, e são músicas que continuam sendo tocadas ao vivo. Mas, temos que convir, acabou dando uma derrapada no final.
Exit Wounds marca a volta ao som que tornou The Haunted conhecido. O retorno de Marco Aro aos vocais e Adrian Erlandsson na bateria faz parecer quase inacreditável o fim da sonoridade experimental construída em Unseen (2011), que não encontrou uma receptividade muito… “receptiva” por parte dos fãs, se é que você me entende. É um disco amarrado, músicas de 3 ou 4 minutos no máximo, todas as faixas são aceleradas e sem espaço para respirar.
Esse não é um disco de Thrash Metal tradicional, ou de 80′ revival, com calça jeans colada e tênis branco de cano alto. É um formato mais “moderno” – entre aspas, porque tem muita gente que se incomoda com qualquer coisa “moderna” – e não é tão reto. As estruturas das músicas apresentam certa individualidade, riffs pesados e solos não desperdiçados com dúzias de notas quase aleatórias. O disco fecha com Ghost In The Machine, uma música que intercala partes mais rápidas e lentas com um solo que manda um abraço pra quem curte o The Dead Eyes (2006). A bagagem do quinteto contribui para a maturidade do álbum.
Podemos colocar – merecidamente – Exit Wounds entre o rEVOLVEr (2004) e o Made Me Do It (2000). Se você já foi um fã do The Hauted e em algum momento não viu mais sentido em seguir a banda, esse talvez seja o disco que fará você voltar a ouvi-los.
Formação:
Marco Aro (vocal);
Ola Englund (guitarra);
Patrik Jensen (guitarra);
Jonas Björler (baixo);
Adrian Erlandsson (bateria).
Faixas:
01. 317 (Instrumental)
02. Cutting Teeth
03. My Salvation
04. Psychonaut
05. Eye of the Storm
06. Trend Killer
07. Time (Will Not Heal)
08. All I Have
09. Temptation
10. My Enemy
11. Kill the Light
12. This War
13. Infiltrator
14. Ghost in the Machine