Resenha: The Doomsday Kingdom – The Doomsday Kingdom (2017)

Vários dentre vós sabeis que Leif Edling, baixista e compositor do Candlemass, esteve retirado dos palcos por dois anos após ser diagnosticado com Síndrome da Fadiga Crônica, um ocaso que o prendeu em sua residência, estando proibido de executar praticamente qualquer coisa. E o que Leif Edling estava fazendo enquanto se tratava de sua fadiga? Isso mesmo! Trabalhando! Enquanto o compositor sueco estava recluso em sua casa e sua banda fazia turnês sem sua presença, ele criava um novo monstro em forma de Doom Metal, sua especialidade. Mesclando seu tradicional Doom com doses maciças da sonoridade NWOBHM, Leif moldava as músicas do que viria a se tornar o primeiro álbum de sua nova banda, The Doomsday Kingdom, lançado pela Nuclear Blast.

Para dar vida a sua nova empreitada, The Doomfather, pseudônimo que Leif assumiu em seu novo trabalho, recrutou Niklas Stalvind (Wolf) para os vocais. Dono de uma voz monstruosa que nos remete a King Diamond ou a Steve Grimmett (Grim Reaper), o cantor divide as glórias das composições do patrão Leif ao lado do guitarrista Marcus Jidell (Avatarium, ex-Evergrey) e do baterista Andreas “Habo” Johansson (Narnia, Royal Hunt). O debut de The Doomsday Kingdom, autointitulado, traz oito composições que Leif chama de “Metal das Catacumbas”. Doom Metal sombrio com o feeling da NWOBHM. O baixista nunca negou as influências de Angel Witch e Witchfynde em sua forma peculiar de compor. Quem conhece Candlemass sabe muito bem notar tais influências. Mas em The Doomsday Kingdom, Leif resolveu destilá-las sem dó, nem piedade. Todas as músicas apresentam o fraseado de guitarra e as levadas típicas da onda britânica.

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Fato notório já em Silent Kingdom, faixa nº 1 do álbum. Riffs de palhetada pesada abrem a música, até que o refrão trás o típico som do Candlemass. Never Machine é um Doomzão do mais alto quilate que só Leif Edling poderia compor; caberia tranquilo no clássico álbum Epicus Doomicus Metallicus (1986), do Candlemass. As influências de Angel Witch aparecem fortes em A Spoonful Of Darkness, que contém um belo solo por parte de Marcus Jidell.

Uma das mais belas peças musicais compostas ultimamente se apresenta pelo nome See You Tomorrow. Guiada por violões e teclados, e sem bateria, o instrumental hipnotiza e leva o ouvinte para outros planos. Seus quase cinco minutos passam simplesmente voando. O Doom Metal ganha força novamente em The Sceptre, que é seguida pela rápida e pura NWOBHM Hand Of Hell, de riff simples e pegajoso, e com uma performance magistral do cantor Niklas Stalvind, nos remetendo logo a Grim Reaper. A progressiva The Silence alterna momentos imponentes e partes mais atmosféricas; poderia ser um pouco mais enxuta, mas suas mudanças de andamento atestam o dom que Leif Edling tem de compositor. Os trabalhos se encerram com The God Particle, um Doom progressivo de mais de nove minutos. Final grandioso.

Quem tem a mão para o Doom Metal sempre lança grandes trabalhos do estilo. E The Doomfather (Leif, porém este título caberia melhor em Tony Iommi) mostra nesta sua nova banda que seu período recluso só rendeu belos frutos, e que o homem está de volta com tudo para destilar mais de seu Doom. Os músicos que ele escolheu para o acompanhar nesta empreitada são fenomenais. Uma simples e eficiente performance do baterista Andreas “Habo” Johansson com suas viradas insanas, mais um grande guitarrista para este seleto rol que é Macus Jidell e uma potente voz que nos é presenteada por Niklas Stalvind. Leif Edling, bem… Todos sabemos que seu grande talento é mesmo como compositor, já que como baixista ele sempre fez seu feijão-com-arroz com pouco tempero de salsa e cebolinha.

Leif já anunciou que está agora é sua banda principal, e já começou até a se apresentar ao vivo com ela. Pois é, aparentemente sua fadiga foi curada mesmo com este belo trabalho.

Candlemass? Gigante monumento que agora vive de seu passado, a quem nem mesmo seu mentor deve mais interesse. Vida longa ao The Doomsday Kingdom!

The Doomsday Kingdom – The Doomsday Kingdom (Nuclear Blast, 2017)

Tracklist:
01. Silent Kingdom
02. Never Machine
03. A Spoonful Of Darkness
04. See You Tomorrow
05. The Sceptre
06. Hand Of Hell
07. The Silence
08. The God Particle

Line-up:
The Doomfather – baixo
Marcus Jidell – guitarras
Niklas Stalvind – vocais
Andreas “Habo” Johansson – bateria

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