Fundada em 2014 na bela cidade de Londrina, o grupo de Death Metal Terrorsphere apresenta o EP Blood Path como seu cartão de visita. Gravado no primeiro semestre de 2016 no estúdio Áudio 13 e lançado em novembro, a banda nos brinda neste trabalho com cinco amostras daquele puro Death Metal maldoso do fim dos anos 80 à la Possessed, de pouco blast beat, com algo do som de Gotemburgo. Também seguindo a escola de Slayer e Sepultura, o quarteto mostra a que veio falando dos problemas do mundo cotidiano, regados com o que existe de mais agressivo e colérico no Metal da Morte.
A desgraceira começa com Assassinos, uma música destruidora, com direito àqueles licks de guitarra com marteladas de mão esquerda e metódicos solos, cortesia de Udo Lauer e de Francisco Neves. War Curse mais uma vez destaca o trabalho de guitarras e as mudanças de andamento que mais lembram um ataque bélico. A parte cadenciada do meio a música, enaltecendo os solos e as bases de guitarra, é de arrepiar.
Somente com estas duas músicas só um louco não notaria o grande trabalho instrumental do Terrorsphere, com uma cozinha competente e um louvável trabalho de guitarras e de arranjos. Mas devo confessar que o vocal de Werner Lauer carece ainda de capacitação. Há momentos em que o instrumental está a todo o vapor, lascando o pescoço do ouvinte, mas ao mesmo tempo os vocais estão destoando um pouco. É algo muito sujo em cima de um Death Metal trabalhado. Todavia, sua performance como baixista é fenomenal, e ao lado do exímio baterista Victor Oliveira, destroem nas músicas com seus arsenais.
Terror Squad abre com um riff do mais pútrido Death Metal e é a mais direta. Sofre por ser uma música mais simples imprensada em meio a quatro músicas agressivas e mais trabalhadas. Um dos grandes destaques é a faixa-título. Um primor de técnica e de composição. O EP finaliza com Mind Control, que mantém o alto padrão de sua antecessora e que transparece toda a técnica do baterista Victor Oliveira.
Musicalmente falando, Blood Path é um valioso trabalho. Nota-se todo o esmero na acabamento das composições e nas mudanças de andamento. Ainda, o trabalho de guitarras é primoroso. Perturba a conduta com a qual os integrantes exploram sua técnica não para se exibir, mas para fazer um Death Metal sujo e inteligente. Parabéns a dupla Udo Lauer e Francisco Neves, que mostraram muito do seu estudo em riffs, licks e solos soberbos. O trabalho da cozinha composta pelos citados Werner Lauer e Victor Oliveira não faz muito mais do que o essencial, mas também é digno de nota a técnica de ambos. O som em si poderia ser um pouco menos sujo; isto não faria mal e não removeria a proposta sonora violenta do Terrorsphere. Junto com a ressalva do vocal, são observações que não tiram o mérito do trabalho do londrinenses, já que a banda é tão competente nos pontos positivos que os negativos se tornam detalhes, mas que devem sim ser trabalhados.
Vida longa ao Terrorsphere e que estes paranaenses continuem nos brindando com o melhor do Death Metal que, através Blood Path, sabemos que eles são capazes para tal.
Blood Path – Terrorsphere (independente, 2016)
Tracklist
01. Assassinos
02. War Curse
03. Terror Squad
04. Blood Path
05. Mind Control
Line-up
Werner Lauer – baixo, vocais
Udo Lauer – guitarras
Francisco Neves – guitarras
Victor Oliveira – bateria