Nada de narrações, nada de teclado, nada de vento uivando, enfim, nada de introdução! O Death Metal é urgente e precisa ser desencadeado logo!
E é assim, sem qualquer hesitação, que o Terrorsphere abre o seu EP de estréia, com a faixa “Assassinos”. Confesso que fiquei um pouco confuso pelo fato de uma banda, cuja produção baseia-se prioritariamente na utilização da língua inglesa – nome da banda, do disco e das demais músicas – ter utilizado sua única canção em português para a entrada do disco, mas a escolha não é errônea, pois “Assassinos” é uma faixa furiosíssima, com um riff no refrão que lembra o antigo Cannibal Corpse.
Tendo sido formada na cidade de Londrina, no Paraná, em 2014, a banda lidou com as mudanças de integrantes, naturais nos estágios iniciais de qualquer grupo recém-formado, até conseguir se estabilizar com a formação que efetivou a gravação desse trabalho, lançado em 2016, e que é embalado por uma bem sacada capa, desenvolvida sobre a letra da faixa título, “Blood Path”.
A qualidade da gravação segue a estética do Death Metal old school, com timbres bem graves, sobre os quais o baixista e vocalista Werner Lauer pode explorar o seu gutural, recitando as letras de sua autoria. Acompanhado pelo baterista Victor Oliveira e pelos guitarristas Udo Ricardo e Francisco Neves, a banda explora, em músicas caracterizadas pela velocidade, os temas que tão adequadamente casam com esse estilo, tais quais guerras, manipulações ou histórias de violência, em uma abordagem equilibrada ao ponto de não haver necessariamente uma faixa que se destaque mais do que a outra, mas sendo possível chamar atenção a levada segura da introdução de “War Curse”, que tem um riff bem contagiante entre as estrofes.
“Terror Squad” segue o padrão de velocidade predominante no EP, mas consegue se sobressair mais nos momentos de condução mais lenta, onde o peso predomina. “Blood Path” e “Mind Control” encerram a audição e exibem solos que, embora curtos, são bem encaixados dentro do ritmo e do clima de cada faixa, sendo essa uma característica constante em todas as faixas. Ao final, fica bem definido que o Terrorsphere cravou uma identidade e tem uma precisa definição de foco, de para qual direção quer conduzir sua musicalidade. Que prossigam assim, pois esse primeiro trabalho já foi um grande acerto, cravado com a legitimidade que só possuem aqueles que tem natural paixão pelo universo musical em que navegam.