Alguns artistas veteranos já demonstram cansaço. Alguns artistas mais novos também demonstram, sem fôlego suficiente, por vezes, para emplacar um segundo disco de sucesso. Mas, por outro lado, é certo que vários veteranos ainda tem bastante a oferecer. Lendas perenes como Paul McCartney, Alice Cooper… e Suzi Quatro!
Cantora, compositora e multi-instrumentista, com atuação mais voltada para o contrabaixo, Suzi chegou aos 68 anos de idade registrando seu décimo sétimo trabalho de estúdio e esbanjando uma disposição de causar inveja a muitos. Um disco conciso e moderno, que não se aliena de seu passado histórico, mas que também se comunica com o cenário contemporâneo.
Toda a trajetória da artista já seria suficiente para lhe credenciar sem quaisquer delongas, mas Suzi ainda pode exibir o título de Doutora em Música que a Anglia Ruskin University lhe concedeu em 2016. As composições, entretanto, estão bem longe de qualquer pompa acadêmica e foram criadas em parceria com Richard Tuckey, filho de seu primeiro casamento, em um processo de colaboração que ainda não tinham vivenciado em conjunto. Ambos se sentaram com papel, violão, baixo acústico e um gravador para trocar ideias, sem perspectiva de estarem criando um álbum. Porém, conforme as canções foram surgindo, já não havia como negar o potencial do material que se revelava.
A primeira faixa “No Soul – No Control” inicia antes que você perceba e tem um andamento forte e contido, que concentra todo o seu potencial explosivo para a parte do refrão. “Going Home” é um Blues poderoso e esse estilo irá se fazer presente muitas vezes durante a audição. A voz de Suzi domina a canção com a autoridade das grandes intérpretes e, tal qual estas, não lhe falta versatilidade para trafegar por ritmos diversos, como na levada caribenha da deliciosa “Love Isn´t Fair”.
“Macho Man” é Hard Rock carregado de peso e “Easy Pickings” possui um andamento de Soft Jazz, com ataque alucinado do piano durante o refrão e intensidade ampliada em sem momento central. A habilidade que Suzi possui no contrabaixo é inquestionável e, admiradora que é de monstros como
James Jamerson e Donald “Duck” Dunn, não poderia ser de outra forma. É claro que uma faixa com o nome de “Bass LInes” merecia um solo do instrumento. E que timbre magnífico! Suave, cheio e aveludado, pecando apenas por sua curta duração.
“Don´t Do Me Wrong” retoma a levada vigorosa que a faixa de abertura possui e “Heavy Duty” é um Rock´n´Roll sessentista na sua melhor forma. Ao lado da inusitada “Strings”, uma das melhores músicas presentes é “I Can Teach You To Fly”, que poderia muito bem ter sido a primeira canção do álbum, pois o que Suzi faz em todo o seu decorrer é justamente nos ensinar a voar. Já nasceu como hit e é difícil imaginar que a cantora possa realizar suas novas apresentações sem incluir esta música.
Os títulos são bem autoexplicativos. Não preciso, portanto, minunciar “Going Down Blues”, mas ela encerra um trabalho irretocável, de uma artista essencial, que enxerga com plenitude o que é a sua carreira e o que ela representa para os seus fãs. Em “No Control”, Suzi demonstra ter o controle absoluto.
Músicas
01 No Soul – No Control
02 Going Home
03 Strings
04 Love Isn’t Fair
05 Macho Man
06 Easy Pickings
07 Bass Line
08 Don’t Do Me Wrong
09 Heavy Duty
10 I Can Teach You to Fly
11 Going Down Blues
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9/10