Em relação à paixão por Metal, eu tenho o que se chama popularmente de “coração de mãe”. Acho que não existe uma subdivisão onde eu não encontre algo que me agrade: do Tradicional ao Black, do Nü ao Symphonic, do Power ao Grind. No entanto, no meio desse oceano de opções, tem que haver uma ilha de predileção onde eu possa me sentir mais em casa. Todos esses subestilos mantém o coração batendo, mas o Metal sujo, toscão, básico e direto, com riffs sem muitas invencionices, sempre será aquele que fará a pulsação acelerar!

Para se analisar um EP como esse lançado pelo Sons of Rage é bem simples. O primeiro passo é ficar em pé, colocar a perna direita para frente, apoiar o peso na perna esquerda, abaixar a cabeça e movimentar o pescoço ao longo de todas as cinco músicas. Terminado isso, entra-se no clima para retornar ao começo da primeira faixa e começar a escrever. É essa a vibração que senti durante a audição de “Light and Darkness”, lançado em 2016 pela banda brasiliense.

Ouvir uma faixa como “Caminhos Sombrios” é como abrir o álbum de recordações e ser invadido pelas boas lembranças da juventude. A música é nova para mim, mas ao mesmo tempo soa como se fosse uma velha conhecida, pois me traz associações com o que de mais estimulante se fez no Brasil em termos de música pesada cantada em português. Algo como o antigo Dorsal Atlântica: Thrash e Hardcore respirando o mesmo ar.

“The Two Faces Of A Man” faz a transição para a língua inglesa e é mais cadenciada. A banda trafega entre os dois idiomas, mas não altera a sua pegada como comprova “Escombros”, que conta com o apoio dos backing vocals do guitarrista Juliano. “Dark Passenger” e “War Zone” prosseguem na mesma proposta das anteriores, registrando-se um incremento nas batidas-por-minuto desta última.

No meu gosto pessoal, eu me sinto bem confortável com esse tipo de música e a forma como ela está apresentada, mas não posso deixar de considerar o contexto atual e o somatório de condições que uma banda precisa para marcar o seu território. É evidente que a gravação está um pouco abafada e que os instrumentos mereciam uma captação mais clara, com mais definição e presença. A bateria, por exemplo, soa sem profundidade. Caso tivesse um som mais intenso, a música surgiria ainda mais pesada do que já é.

As ideias do Sons of Rage estão bem claras, mas o mecanismo de exposição ainda precisa de ajustes. Coisas a se pensar para o futuro. O principal, a banda já fez, que foi se colocar dentro de nossos radares e, o que o futuro apresentar, estaremos atentos para acompanhar.

Formação

Biscoito – bateria

Fabi – baixo

Juliano – guitarra

Dário – guitarra/vocal

Músicas

01 Caminhos sombrios

02 The two faces of a man

03 Escombros

04 Dark passenger

05 War zone

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