Seguindo as trilhas do Epic Doom Metal descobertas pelo Candlemass, diversas bandas surgiram no fim dos anos 80 fazendo o já consolidado Doom Metal, mas num caminho progressivo, dando o tom épico que sugere o nome do gênero.

Em 1987 nascia no Texas a banda Solitude (de onde será que veio esse nome?) que depois de alguns meses mudou seu nome para Solitude Aeturnus, fazendo Doom como Leif Edling ensinou. A estreia da banda com Into The Dephts Of Sorrow, em 1991, fincou o nome do Solitude Aeturnus entre os grandes do gênero lento do Heavy Metal, tornando a banda texana na maior autoridade do Epic Doom Metal ao lado do Candlemass. E o álbum Beyond The Crimson Horizon foi lançado em 1992 para sacramentar tal feito.

Produzido por Danny Brown e lançado pela poderosa gravadora a época Roadrunner, o segundo álbum do Solitude Aeturnus trouxe uma preocupação maior em fazer o grupo soar agressivo. Corroborou para isso a nítida melhoria na qualidade sonora em relação ao debut, que não soa ruim, mas que também não tem uma mixagem que realça as características Metal da banda como peso e agressividade. Cabe citar que John Perez tocava guitarra na banda de Thrash Metal Rotting Corpse nos anos 80 antes de fundar o Solitude inspirado no Candlemass. A veia Thrash do cara ainda pulsava forte!

A abertura com Seeds Of The Desolate deixa bem claro a tônica seguida no restante do álbum. Muito peso nos riffs e bases, mudanças de andamento repentinas, solos de guitarra na linha “shred” por conta de Edgar Rivera e com presença ubíqua de vibratos com alavanca, cortesia do guitarrista fundador John Perez, bateria técnica sob responsabilidade de John Covington e, principalmente, a performance monumental do vocalista Robert Lowe (que anos mais tarde gravou três discos de estúdio com o próprio Candlemass). Sua voz limpa e seu alcance, aliados a melodias calcadas em escalas orientais, surpreendem até mesmo os acostumados a sonoridade da banda.

O disco segue com Black Castle (peso bruto) e The Final Sin, música mais rápida do álbum, onde a banda bota um pezão no Thrash. Depois, com uma introdução soturna de teclado, começa It Came Upon One Night, com um riff Doom daqueles de fazer a Terra tremer, seguido de uma mudança agressiva de andamento.

Outro destaque vem com The Hourglass, com uso e abuso de escalas orientais no fraseado de guitarra e na voz de Lowe. A coisa dá uma leve acalmada com Beneath The Fading Sun, mas depois, o peso e a técnica dos músicos voltam com Plague Of Procreation, que poderia até ser um pouco mais curta se o refrão não fosse repetido a exaustão. Mas esse fato não causa prejuízos a audição do disco, que encerra com a instrumental Beyond…

Todas as músicas foram compostas por Solitude Aeturnus, e todas as letras foram compostas pelo baixista mão-pesada Lyle Steadham, a exceção da faixa 4, cuja letra é de Kristoff Gabehart, ex-vocalista dos tempos que a banda se chamava Solitude.

Até hoje Beyond The Crimson Horizon é considerado por muitos o melhor álbum do Solitude Aeturnus, emparelhado em preferência com o seguinte, o criativo Through the Darkest Hour, de 1994. Após este período, a banda resolveu apostar em menos agressividade e reforçou o lado progressivo. A banda continuou lançando discos fundamentais para o Doom Metal mesmo assim, mas seu segundo trabalho é a prova cabal de que o Doom Metal não precisa ficar preso aos seus clichês, nem sequer impor marcha lenta às suas músicas o tempo todo. Exatamente pelo seu ritmo lento, o compositor criativo pode lançar mão de suas ideias para embelezar e enriquecer os arranjos Doom, coisa que John Perez, principal compositor do Solitude Aeturnus, sempre foi mestre.

Em pouco mais de 43 minutos, a banda do Texas deixa aqui para sempre sua autoridade em fazer Doom Metal técnico, rico em melodia e ao mesmo tempo agressivo, empolgando até quem não é chegado ao estilo. E Robert Lowe sacramenta seu nome como uma das vozes mais poderosas do Heavy Metal. O único detalhe que faço vem exatamente da parte de Lowe, pois ele canta em registros altos quase que o tempo todo, e um ouvido menos apurado poderá inferir que ele está executando a mesma melodia vocal em todas as faixas. Mas isso não tira o brilho deste disco fundamental do Epic Doom Metal, estilo que não vive só de Candlemass.

Beyond The Crimson Horizon – Solitude Aeturnus (Roadrunner Records, 1992)

Tracklist:
01. Seeds Of The Desolate
02. Black Castle
03. The Final Sin
04. It Came Upon One Night
05. The Hourglass
06. Beneath The Fading Sun
07. Plague Of Procreation
08. Beyond…

Line-up:
Robert Lowe – vocais
John Perez – guitarras
Edgar Rivera – guitarras
Lyle Steadham – contrabaixo
John Covington – bateria

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