Resenha: Slipknot – We Are Not Your Kind (2019)

Uma banda gigante como essa poderia estar confortavelmente em uma zona de conforto, sem lançar álbuns e apenas vivendo dos grandes shows pelo mundo. Mas, não é assim que o mascarados funcionam, a banda sempre busca desafios, seus integrantes se doam ao extremo quando se trata de algo para o Slipknot.

Em “We Are Not Your Kind” é isso que esperávamos ver da banda, uma vez que já compararam o álbum com os níveis de peso de “Iowa” (2001), a expectativa foi só aumentando, pois fora isso, são cinco anos desde o último álbum, — fãs do Rammstein e do Tool devem estar rindo disso — um tempo menor que a espera pelo álbum anterior, mas ainda considerável.

Com “Unsainted” liberada há alguns meses, não deu pra sacar muito a direção que o álbum tomaria, pois é uma faixa muito parecida com o que a banda fez em “.5: The Gray Chapter” (2014), então tudo ainda tinha um certo mistério. Falando dessa faixa, ela é um baita single, tem seu refrão melódico e pegajoso, o riff, as harmonias são perfeitas, tudo o que um single principal precisa.

Mas vamos ao geral. As faixas tem um equilíbrio muito bom, que mostra uma amadurecimento muito positivo da banda, tem peso onde precisa ter peso, tem melodia onde precisa ter melodia, além das faixas experimentais que se encaixaram muito bem, aliás, em uma banda como o Slipknot, experimentações e interlúdios são muito mais do que bem-vindos.

Antes da já citada “Unsainted“, a intro “Insert Coin” abre os trabalhos com um tom assombroso e ao mesmo nostálgico, lembrando muito a trilha sonora da série Stranger Things, da NETFLIX, e casa perfeitamente com a segunda faixa.

Faixas mais densas como “Nero Forte“, — que conta com os melhores riffs do álbum, além da performance magnífica de Jay Weinberg — “Orphan“, que parece uma “The Heretic Anthem” parte dois, com agressividade e precisão estupendas de todos os músicos, “Red Flag“, que lembra bastante a agressividade do álbum de 2001, e a incrível “Solway Firth“, com aquela introdução aterrorizante, que fecha o álbum com o nível altíssimo, mostram uma agressividade que soa mais natural e espontânea do que a de 20 anos atrás, obviamente.

As faixas mais melodiosas ou mid-tempo, mas ainda pesadíssimas, como “Birth Of The Cruel“, “Critical Darling” mostram um lado da banda que já foi explorado no “Vol. 3: (The Subliminal Verses)” (2004) e “All Hope Is Gone” (2008), mas aqui soa mais maduro, mais encaixado e natural. As parte pesadas casando com os vocais melódicos e coros são algo que a banda domina e não foi diferente aqui.

As experimentais são um show a parte, “Spiders” é uma faixa estranha à primeira ouvida — pode te lembrar algo que o Linkin Park fez nos primeiros álbuns — mas aos poucos vai acostumando os ouvidos e se torna uma faixa prazerosa. “My Pain” é ainda mais estranha, parece muito mais um interlúdio de quase sete minutos, ao mesmo tempo tem uma baita identidade. Ambas as faixas você reconhece que é o Slipknot logo de cara.

Agora as melancólicas “A Liar’s Funeral” e “Not Long for This World” se tornaram minhas favoritas já na primeira audição. A primeira com aquela melodia de violão, que foi feita por Jim Root, que vai crescendo e se tornando assustadora. Uma verdadeira obra. A voz de Corey Taylor está incrível na faixa, mesclando momentos limpos e agressivos de forma perfeita. A segunda é mais sofrida e que também vai crescendo, os riffs melódicos se encaixam com a voz de Taylor e depois do breakdown fica mais pesada, mas sem perder seu tom melodioso.

Bom, após ouvir várias vezes e agora com o álbum em mãos, posso concluir que esse pode ser considerado o melhor álbum do Slipknot, sem exagero algum. A palavra certa para definir “We Are Not Your Kind” é equilíbrio, juntamente com maturidade. A banda evoluiu de uma forma assustadoramente positiva e entregou um álbum com muitos experimentos, mas sem perder a identidade. Em certos momentos onde a banda poderia extrapolar em certas faixas, se conteve e manteve tudo na linha, o que dificilmente aconteceria em outros álbuns.

O patamar em que a banda se encontra é muito elevado, claro que ainda tem quem torça o nariz, mas esses puristas não sabem o que estão perdendo. O Slipknot apenas confirmou o quão gigante é no mundo da música. Sorte nossa poder viver esse momento.

Formação:
(#0) Sid Wilson (DJ, teclado);
(#4) Jim Root (guitarras);
(#6) Shawn Crahan (percussão, vocais de apoio);
(#5) Craig Jones (samples, media, teclado);
(#7) Mick Thomson (guitarras);
(#8) Corey Taylor (vocais);
Alessandro Venturella (baixo);
Jay Weinberg (bateria)
“Tortilla Man” (percussão).

Faixas:
01. Insert Coin 
02. Unsainted
03. Birth of the Cruel 
04. Death Because of Death 
05. Nero Forte 
06. Critical Darling 
07. Liar’s Funeral 
08. Red Flag 
09. What’s Next 
10. Spiders 
11. Orphan 
12. My Pain 
13. Not Long for This World 
14. Solway Firth

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