“Blasting our way through the boundaries of Hell, No one can stop us tonight”
(…)
“Blasting our way through the boundaries of Hell, No one can stop us tonight”
(…)
“Blasting our way through the boundaries of Hell, No one can stop us tonight”
(…)
É… isso fica ressoando na minha caixa craniana, repetidamente, como um eco infinito. Cada vez que eu vejo essa capa, cada vez que eu escuto o nome “Show No Mercy” me vem à lembrança a primeira vez que ouvi esses versos e do impacto que me causaram.
E aqui nem foi tanto o desconhecimento, ou a descoberta, se preferirem, sobre o que era Thrash Metal, embora, à época, alguns classificassem o Slayer como Black Metal. Não foi a mudança de paradigma de bandas que tinham sujeitos que realmente cantavam, como Rob Halford, Bruce Dickinson ou Ronnie James Dio, para algo mais agressivo, até porque eu já tinha tido contato com o Metallica. Só que, mesmo James Hetfield, em seus anos mais juvenis, não soava daquela maneira. Esses versos iniciais de “Evil Has No Boundaries” eram praticamente arremessados de dentro das caixas de som como se fossem pedras. Eles eram cuspidos em nossa direção e ali não havia só agressão. Havia escárnio, havia deboche, havia blasfêmia.
Naquele dia, através de uma fitinha k-7, com os nomes das músicas escritos em máquina datilográfica, eu percebi que o estilo que eu estava conhecendo também não tinha fronteiras.
A agressividade musical, porém, era apenas uma das facetas daquele disco. As músicas continham malignitude e eu não estou falando das letras. Era a sonoridade como um todo. Os acordes não precisavam ser lentos para soarem macabros.
Hoje, me soa muito evidente a influência de Iron Maiden nas músicas contidas em “Show No Mercy”. Na época isso passou completamente despercebido. Eu não tinha os ouvidos tão calejados para perceber, mas agora tudo é muito claro e o próprio Kerry King não se furta de admitir isso. Seria, porém, difícil traçar uma comparação da dupla formada entre ele e o saudoso Jeff Hanneman com aquela integrada por Murray/Smith. King e Hanneman estavam mais próximos, principalmente em termos visuais, de Tipton e Downing do Judas Priest, mas, que fique bem claro, o estilo de tocar, principalmente nos solos, era bem distinto, podendo-se até dizer que o Slayer meio que criou um novo padrão de solos.
Um bônus de quando você passa a conhecer uma banda é que existe toda uma discografia retroativa disponível para o seu deleite. Eu descobri o Slayer em 1985 e já poderia ter a minha disposição o “Hell Awaits”, e os EPs “Haunting the Chapel” e “Live Undead”. “Show no Mercy”, porém, permanece como meu preferido. É o estigma do primeiro contato e, convenhamos, “The Antichrist”, “Die by the Sword”, “Fight Till Death”, a beleza suprema de “Black Magic” e os estampidos de velocidade de “The Final Command” e “Show no Mercy”, são difícies de serem superadas mesmo por muitas das excelentes composições que a banda ainda iria apresentar em sua carreira. Não é a toa que as emoções que esse disco me transmitiu, e continua transmitindo, estão criogenizadas em minha mente.
Se o Slayer mudou ou não mudou, se hoje seus discos não causam o mesmo estardalhaço de outrora, isso não importa muito, pois em cada banda de Metal extremo que surgiu posteriormente, seja ou não seja a eventual grande revelação do momento, há um pouco de Slayer e sempre haverá, afinal, não há nada mais extremo que a ausência de misericórdia!
E continua ressoando…
(…)
“Blasting our way through the boundaries of Hell, No one can stop us tonight”
-
10/10