Por vezes, eu fico imaginando se esse negócio de lançar EPs não se trata de alguma técnica moderna e suave de tortura. Trabalhos bem feitos, com elementos bem dosados, que cativam mas passam demasiado rápido pela sua curta duração. Isso certamente gera alguma ansiedade no ouvinte que, quando fisgado, naturalmente quer ter algo mais para escutar!
É meio o que acontece com o EP “Judgement of Egypt”, estreia da banda piauiense Seventh Sign From Heaven. Trata-se de um disco que encanta tanto no aspecto sonoro quanto na apresentação gráfica. Um digipack com excelente acabamento, informações técnica, letras legíveis, fotos nítidas e uma ilustração de capa tão soberba quanto soturna, desenvolvida pelo artista Marcus Lorenzet.
Formada no ainda recente ano de 2016, a banda é encabeçada pelo guitarrista e vocalista Mark Neiva, que assina todas as cinco faixas e é acompanhado pelo guitarrista Álvaro Mkbrian, pelo baixista Zinha Soares e por Filim Nascimento na bateria. Juntos eles executam um Heavy Tradicional sem ranços de época e isso é um ponto muito positivo. Metal Tradicional não tem nenhuma obrigatoriedade de soar oitentista, ao contrário do que muitos podem pensar.
A primeira música, que dá nome ao EP, começa com um peso significativo, na linha Metallica, antes de progredir para algumas passagens que lembrarão o trabalho de guitarras do Judas Priest. A melodia surge na faixa, mas para complementar o peso e não para sobrepujá-lo. A canção tem uma excelente letra sobre a fuga do povo hebreu do Egito, liderados por Moisés, e só não tem um melhor rendimento por conta do vocal. Neiva é um cantor competente, mas precisa agregar um pouco mais de rispidez à sua performance. Nada extremo, claro, mas que possa emparelhar com o que pede a música que ele mesmo criou.
“The Devil Fears Your Name” sofre com a mesma crítica, mas em padrão menos perceptível que na faixa anterior. Isso não a impede de ser a melhor música do disco como, aliás, o modo headbanger de raciocinar já previa. Uma faixa com esse nome TEM QUE SER empolgante, e a premonição não falhou. Ótimo e instigante refrão, permitindo que o primeiro sinal de calmaria possa surgir na sequência, no começo suave de “Paid on The Cross”, que não demora a aumentar o ritmo para uma levada que nos remete ao Savatage.
Nessas canções mais contidas, a voz de Neiva rende bem mais e isso é comprovado pela bela semi-balada “Pain In Your Eyes”, que possui toques progressivos. São momento que trazem variedade ao disco, mas o Metal tem que retomar o comando das coisas e é o que acontece com a última canção, “The Return”, repleta de harmonias inspiradas no Iron Maiden, fechando maravilhosamente essa carta de apresentação que a banda nos entrega.
“Judgement of Egypt” acerta no alvo, deixando de perfurá-lo no centro apenas pelos detalhes mencionados, que podem ser melhorados no futuro. E quanto aquela ansiedade, por mais material, dá para segurar um pouco. 2018 verá um álbum completo da banda, no qual eles já estão trabalhando. É só aguardar.
Formação
Mark Neiva vocal/guitarrista
Álvaro Mkbrian – guitarrista
Zinha Soares – baixo
Filim Nascimento – bateria
Músicas
01.Judgement of Egypt
02.The Devil Fears Your Name
03.Paid on the Cross
04.Pain In Your Eyes
05.The Return