Resenha: Rotten Pieces – Rot In Pieces (EP) (2015)

Engraçado observar que o que mantém o Metal vivo, além da própria incondicional paixão dos fãs pelo estilo, é também a capacidade das bandas de fazer música boa mesmo sem procurar inserir novidades. É pegar aquilo que já conhecemos e gostamos e simplesmente criar novas músicas. Músicas bem feitas. Se coisa boa não continuasse surgindo, provavelmente a música pesada viraria artefato de museu. É isso que mostra o trio paulistano do Rotten Pieces ao executar seu vigoroso híbrido de Death Metal e Thrash Metal.

A fórmula é conhecida. Sua química reagente, também. Seu efeito, idem. Mesmo assim, provoca uma sensação de como se fosse inédito. Culpa dos químicos da violência Leonardo Morales (vocal e baixo), Lucas Putini (guitarra) e Davi Menezes (bateria), que formaram o Rotten Pieces em 2013 na capital paulista para sintetizar uma musicalidade que, ao contrário do que o nome sugere, não está em pedaços, e muito menos podre. Está uniforme e pulsa vívida.

“Rot In Pieces”, EP de seis faixas lançado em 2015, é o único registro lançado pelo conjunto por enquanto, mas já se mostra suficiente para confirmar sua capacidade de capturar as atenções de fãs do Metal Extremo mais tradicionalizado, e também, por que não?, angariar novos ouvidos à essa forma alternativa de arte.

Rotten Pieces

Trata-se de um trabalho bem produzido e de sonoridade vibrante, com ritmo intensamente “riffeiro”, na irreverência da linha do Slayer. Não há trégua na porrada e, se há, nos raros momentos de pausa no meio das canções, é o nítido e distorcido contrabaixo que se encarrega de fazer a sensação do peso sobreviver, para então os demais instrumentos voltarem com tudo. Rápidas palhetadas e ritmo acelerado marcam o instrumental, que apesar do rótulo Death/Thrash Metal, se manifesta majoritariamente como Thrash Metal com pontuais elementos de Death Metal. O que há de Death mesmo aqui é o vocal de Leonardo Morales, enraivado num malevolente gutural rasgado cantado com palavras rapidamente pronunciadas, um corre muito explorado no estilo. Então basicamente estamos falando de uma banda de instrumental Thrash Metal com vocal Death Metal. Porém, nem apenas de agressividade pura a banda vive, não; eles ainda adornam a sonoridade com solos de guitarra mais harmônicos, que acabam por intensificar a atmosfera e magnetizar o ouvinte para mais dentro dessa energia liberada. Sim, os solos têm um viés um pouco mais sentimentais do que técnicos, e apesar de por escrito parecer uma oposição, na prática, combina bastante e maximiza o valor do que é feito.

O disco acaba rápido, já que tem apenas 26 minutos de duração. Mas é realmente muito bom e é bem feito. Sem ambições de inovar. Sem invenções de moda. Apenas a sinceridade de fazer algo mais cru, e fazê-lo com competência e qualidade. É isso que mantém o Metal vivo.

Formação:
Leonardo Morales (vocal e baixo);
Lucas Putini (guitarra);
Davi Menezes (bateria).

Faixas:
01 – Rot In Pieces (06:22)
02 – Hell Soldier (04:07)
03 – The Refugee of Suicidals (04:33)
04 – Blood For Freedom (03:32)
05 – Pure Words (03:52)
06 – Colony (03:46)

Links oficiais:
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Soundcloud


https://www.youtube.com/watch?v=x9-oytqKUK8

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