Houve um pequeno momento de dúvida para checar se aqueles sons de sirenes, buzinas e cães latindo estavam vindo dos alto falantes do carro ou do ambiente externo à minha volta. Felizmente era apenas a introdução da primeira faixa do disco “Among The Mob”, da banda mineira de Thrash Metal, Ravenous Mob. O recurso serviu como exemplificativo dos temas que o conjunto quis explorar em seu primeiro disco, que tratam de conflitos de massa, precipuamente, entre alguns outros assuntos.
Mas não ache que a segurança do seu espaço privado irá lhe deixar incólume aos perigos contidos nesse disco. A música do Ravenous Mob pode lhe atingir com golpes inesperados que lhe deixarão atordoado. O timbre das guitarras de Lucas Lima e Ewerton Melo, além do vocal de Michael Almeida, irão lhe trazer associações com D.R.I. e Nuclear Assault, mas, curiosamente, o som da banda não descamba para o Crossover, visto que também são identificáveis elementos de Kreator, da fase do disco “Terrible Certainty”, mostrando o inteligente manuseio de influências, adaptadas dentro de seu próprio caldo sonoro, sem descambar efetivamente para nenhum lado que não seja o de sua própria corrente.
“Join The Mob”, primeira faixa, rapidamente inclina-se para os riffs velozes, intercalados por passagens mais mosheadas, que podem lembrar o Anthrax antigo. O ímpeto apresentado é intensificado na seguinte, “Killing Command”, em condução predominante de mid tempo e onde alguns gritos fazem referência à escola alemã, na linha Mille Petrozza. Tendo chegado até aqui, não há mais como voltar atrás, e isso nem seria cogitável, pois “The Enemy Undying” consegue ser ainda melhor que suas antecessoras. À essa altura, começa a ficar complicado acreditar que os limites de fúria possam ter sido atingidos, pois cada música parece trazer algum elemento que lhe encaminhe para algum ponto além da que lhe precede. As faixas são bem variadas dentro de si mesmas, intercalando os ritmos quebrados com as levadas aceleradas. O baterista Filipe Zimmermann faz um ótimo trabalho, conduzindo as mudanças de tempo com segurança e destreza.
“Decaying Theories”, “Unholy Secrets” e “Brilliant Minds Forge Ways to Die” mantém incólume o nível do álbum, mas o ataque inicial de “Slaughter Night” introduz uma trinca de composições que fazem com que o disco termine de forma tão relevante como começou. “Black Magic Rites” abre com versos cantados de forma mais macabra, do jeito que a canção pede, e essa condição de fazer com que as melodias tenham proximidade com o tema das letras é a responsável por imprimir um ritmo de cavalgada para a levada de “Wrath of Cherokee”, fazendo com que surja uma inevitável associação com o Iron Maiden.
O disco é tão coeso na passagem de uma faixa para outra que o fim da última canção nem parece o fim de fato. Terminou mesmo? Fica-se com a sensação de que poderia haver mais. Quer-se mais! A solução: retornar para o caos urbano da intro e começar tudo de novo. Faça isso várias vezes e você se surpreenderá em ver quantos detalhes podem ter lhe passado despercebidos nas audições anteriores. Esse é o charme das boas composições!
Formação
Michael Almeida – vocal
Lucas Lima – guitarra
Ewerton Melo – guitarra
Filipe Zimmermann – bateria
Músicas
01-Join the mob
02-Killing command
03-The enemy undying
04-Decaying theories
05-Unholy secrets
06-Brilliant minds forge ways to die
07-Slaughter night
08-Black magic rites
09-Wrath of Cherokee