A proliferação de novas bandas é um fenômeno incessante e que não deixa de nos estimular, mas o ressurgimento de uma velha banda tem sempre um quê especial, um demonstrativo de que o tempo passa, a vida dá inúmeras voltas, mas algumas chamas nunca se apagam. Ao contrário, algumas chamas continuam a arder, e queimam com tanta intensidade que invadem espaços inexplorados, preparando o terreno para o plantio de novas culturas.
O Rhythms In Violence, resumidamente R.I.V., foi formado em Belo Horizonte, no ano de 1988, e permaneceu ativo até 1996, registrando um EP e um LP esse intervalo. Com as atividades suspensas, cada um foi cuidar de sua vida até o momento em que o comichão de quem já teve banda se fez presente e um retorno foi posto em prática. A metáfora que eu usei no primeiro parágrafo refere-se ao que ocorreu nesse retorno pois, longe de se acomodar, o R.I.V. buscou inovar e agregou outros elementos ao seu Crossover, permitindo-se nomear aquilo que estavam fazendo com a utilização do termo “Prog-Core” e anunciando, em seu release, ser esta a nova proposta do conjunto.
Entrando logo em estúdio para registrar o momento, foi concebida a demo “Welcome to Prog-Core”, sendo que a formação que fez o registro já sofreu alterações, permanecendo apenas o vocalista Helbert de Sá, que agora também acumula a função de guitarrista, e o baterista Ricardo Parreiras, contando ambos com a participação do baixista Fabricio Soares para a complementação da banda.
Logo de antemão, a capa me chamou a atenção pois, embora seja uma ilustração bem simples, lembra bastante as artes de grafites que enfeitam os muros das grandes cidades. A demo contém quatro músicas, onde o lado Core das composições é bem mais evidente, na agressividade e na rapidez das faixas, e o lado Prog está mais perceptível na forma como os riffs são executados e em sua junção com as levadas de bateria, bastante quebradas. Sem dúvida, não se trata de uma musicalidade reta e, como a banda está programando o lançamento de um álbum completo, é uma proposta que eu espero ver ser mais bem trabalhada e ampliada, pois a gravação da demo não favorece suficientemente a sua absorção, com um som de contrabaixo um pouco imperceptível e uma bateria onde não se consegue ouvir adequadamente os pratos. Em um próximo lançamento esses detalhes têm que ser melhor observados.
“Animal”, que é uma regravação de uma música antiga, e “Freaks In Action” são as faixas que mais se destacaram, com muita variedade e com os refrões mais evidentes, sem que haja alguma diferença essencial entre estas e as demais. Existe equilíbrio no trabalho apresentado e a demo cumpre o seu papel de apresentar as intenções da banda. Resta esperar pelo vindouro trabalho completo, onde o Prog-Core será avaliado com mais propriedade, mas por enquanto a expectativa foi bem implementada.
Formação
Helbert de Sá – vocal
Cláudio Freitas – guitarra
Rodrigo Boechat – baixo
Ricardo Parreiras – bateria
Músicas
01 – Headache
02 – Animal
03 – Freaks In Action
04 – No… P.A.S.
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7/10