Post Trash, Punk, Metal, Trash Metal, Metalcore, Groove Metal, Crossover, etc.

Nada disso importa!

The Truth Hurts é um clássico absoluto do Hardcore de Nova York.

Outros nomes de NY, como Sick Of It All, Biohazard, Helmet e Dog Eat Dog também se destacaram na primeira metade dos anos 90 fazendo um som novo e pesado (fora de NY o Machine Head ganhou notoriedade com uma pegada similar).

Mas antes de falar da música em si, é necessário abordar a arte gráfica do álbum, pois gerou muita polêmica na época. E baseado na idéia de que a “Verdade Dói” (como sugere o título), a banda resolveu jogar na cara de todo mundo imagens em preto e branco, brutais e reais de pessoas mortas.

Retiradas de um livro de arquivo de imagens antigas e chocantes da cidade de Nova York, com pessoas assassinadas nas cenas dos crimes, até um cão morto aparece. Mas o que choca mesmo é a capa onde a imagem de uma mulher nua, morta e com o abdômen costurado (após uma autópsia) é exposta. Imagem terrível, que choca até os menos sensíveis. E essa imagem é tão agressiva, que nas prensagens posteriores ao lançamento do álbum, a capa teve que ser alterada por uma imagem de cena de crime, mas sem vítimas ( a contra capa do encarte).

Foi apenas nos anos 2000, no relançamento remasterizado do álbum que a imagem original da capa voltou a ser utilizada. Nessa nova prensagem (que saiu inclusive em vinil) mas desta vez com um adesivo enorme escondendo os detalhes assustadores desta foto, como pode ser visto no destaque desta resenha.

Nesse álbum os caras capricharam no instrumental. Trabalho muito bem executado e produzido por Alex Perialas e pelo próprio Gary Meskil. Esse capricho na parte instrumental destoa proposital e positivamente com o vocal rasgado do baixista/vocalista Gary Meskil. Ao ouvir a gravação de estúdio você poderá ter a sensação de que existe algum tipo de efeito na voz do Meskil, mas saiba, que ao vivo é a mesma coisa.

Podemos destacar as seguintes “agressões” em forma de música.

Já abrem o álbum com um dos maiores Hinos do “politicamente incorreto’ da história da música pesada, Make War (Not Love). Onde você se pega gritando junto no refrão “FAÇA GUERRA, NÃO AMOR!
Mas ao acompanhar a letra você percebe que é apenas uma maneira de expressar a indignação de alguém que foi subjugado por outro, mas lutou para sobreviver. Musicalmente falando essa faixa é a ideal para abrir o álbum e mostra um trash polido no instrumental, com tudo perfeito. Ritmo contagiante e refrão grudento, que para o universo da música pesada é algo paradoxal. Ao meu ver, é bem vindo. Tente não chacoalhar seu crânio e tente também não fazer “air guitar” acompanhando as guitarras dessa música.

Apesar deste vídeo ser oficial, ele não foi publicado pela banda ou pelo selo detentor dos direitos, por isso a baixa qualidade.

O ritmo cadenciado em The Truth Hurts pode enganar, as letras faladas ao estilo do rap te fazem querer seguir a rima, e aí chega o refrão e você repete A verdade dói, a verdade dói, e contos de fada são escritos como um livro, a verdade dói, a verdade dói. Apenas abra seus olhos e dê uma olhada, filho”.

Put The Lights Out mostra que são Crossover também e trazem o Rapper mais Metal do Planeta, o Ice-T do Body Count. Inclusive, lembra em muito o jeitão do BC de fazer seu metal rap. Com Riffs de guitarra marcantes, a música aparentemente parece ser apenas mais uma no ótimo tracklist do álbum, mas aí surge a voz do Ice-T intercalando com a voz rasgada do Gary, o que deixa a faixa realmente foda.
Ponto altíssimo do álbum, com a escolha certa nessa participação, ainda mais porque em 1994 o Body Count estava no auge lançando o seu também emblemático Born Dead. Um Spoiler do que viria ser a onda New Metal que estava para explodir.

Hardcore raiz em Denial mostra a influência mais importante, o velho e bom HC. Sem deixar de inserir uns solos mais digamos “virtuosos” no meio da música.

Bumbos duplos fazem o ritmo de Let The Sleeping Dogs Lie ficar mais acelerado, e a música vai na pegada do Hardcore certeiro da banda, e apesar da faixa bacana, o que chama a atenção é a introdução de um sample que lembra The Good, The Bad and the Ugly (do recém falecido Ennio Morricone) em vários momentos da música. No mínimo inusitado.

One Man Army é com certeza a faixa mais experimental do álbum. Um Talkbox (muito utilizado em músicas de estilo Country) ajuda no riff da guitarra, e como se não bastasse até saxofone tem. Fator que remete ao já citado Dog Eat Dog (que usava muito sax em seus primeiros álbuns). Essa é uma das músicas mais legais desse álbum.

Pro-Pain em 1994

Mesmo The Truth Hurts “pegando pesado” no conceito visual do encarte do álbum e nas letras de pura falta de perspectiva de uma vida melhor, conseguiu se tornar um clássico mais do que atemporal, seus conceitos são extremamente atuais, bem como sua sonoridade.

Apesar deste ser apenas seu segundo álbum, o Pro-Pain conseguiu colocar seu nome em lugar de destaque na música pesada de Nova York e mundial.

Pro Pain – The Truth Hurts
Data de lançamento: 24 de setembro de 1994
Gravadora: Energy Records

Tracklist:

01 – Make War (Not Love)
02 – Bad Blood
03 – The Truth Hurts
04 – Put The Lights Out
05 – Denial
06 – Let Sleeping Dogs Lie
07 – One Man Army
08 – Down in the Dumps
09 – The Beast Is Back
10 – Switchblade Knife

Line Up:

Gary Meskil – Contra baixo e voz
Dan Richardson – Bateria
Nick St. Denis – Guitarra solo
Mike Hollman – Guitarra base

Participações especiais:

Ice-T – Voz adicional em Put The Lights Out
Poppy – Saxofone em One Man Army

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