“Até que enfim! O Paradise Lost remixou e remasterizou o Believe In Nothing!! Agora o álbum soará mais forte, melhor e com a cara do Paradise Lost! Agora o álbum está muito melhor…”
Não.
Nem se anime muito, caro leitor e fã de Paradise Lost. O relançamento de Believe In Nothing, remixado e remasterizado por Jaime Gomez Arellano e lançado pela Nuclear Blast, não elevou este álbum a categoria dos pelo menos “aceitáveis” dentro da longa e variada discografia dos pioneiros do Death/Doom.
Os esforços de Arellano, que também foi o produtor dos dois últimos álbuns de inéditas da banda, surtiram algum efeito, é lógico. As guitarras estão mais cheias e fortes e a bateria também aparece com maior destaque e profundidade. A consequência disso é que estas melhorias realçaram a essência do Paradise Lost que estava tímida em boas composições como a conhecida Mouth, e frenética Look At Me Now, a ótima Illumination e deu um peso a mais em Control e Sell It To The World, por exemplo.
Mas não tem boa vontade que dê jeito em músicas como a forçada e enjoenta I Am Nothing, na nauseabunda “nirvana-jotaquestiana” Fader, na sem-noção Divided (nunca entendi aquela orquestração com forte uso de metais) e na honesta mas ruim World Pretending.
“Mas tem duas faixas-bônus, não tem?”
Tem, mas é a mesma coisa. Believe In Nothing é um Host com guitarras. E se você acha que isso melhora o aspecto das composições da banda, erra. Host é muito superior e é um álbum com a cara do Paradise Mode… Opa… Do Depech… Não! Do Paradise Lost.
O grande problema de Believe In Nothing, lançado originalmente em 2001, não era sua produção. Lógico que este fator piorou mais ainda seu resultado. A banda naquela época passava por problemas pessoais. O vocalista Nick Holmes até tomava antidepressivos para melhorar seu estado, segundo ele revelou ao site The Metal Forge em 2007:
“Em um nível pessoal, ‘Believe In Nothing’ representa realmente um período negro em minha vida. Eu acho que nada de positivo vem quando se está depressivo ou para baixo como naquele tempo. Minha vida pessoal estava de certa maneira ruim naquela época, e eu penso que aquele álbum é resultado direto disso. […] Para mim, penso que a maior decepção foi a produção, que eu acho que poderia ter dado um ‘punch’.”
Mas não, caro Nick. Não há produção grandiosa, cara (a gravadora EMI injetou muito dinheiro na gravação e até interveio em sua masterização, influenciando na desgraça) ou imponente que salve um álbum forjado em pensamentos preguiçosos e inspiração tendendo a zero, cujos integrantes não possuem nem cabeça para preparar uma boa música. Nem Andy Sneap daria jeito. Não à toa, a capa original, com as abelhas, representa plasticamente o que estava acontecendo estruturalmente dentro da banda. Agora a abelha está sozinha, em cima de um fundo preto. A confusão agora está lá em forma de luto. Salvam-se as performances sempre convincentes do guitarra-base Aaron Aedy e do baixista Stephen Edmondson.
Se o álbum possui momentos ao seu julgar agradáveis, ouça. Você terá uma melhor impressão das faixas que já possuíam esse título antes do relançamento. O título do álbum nunca enganou ninguém. Não acredite jamais em Believe In Nothing.
Believe In Nothing – Paradise Lost (relançamento 2018, Nuclear Blast)
Tracklist:
01. I Am Nothing
02. Mouth
03. Fader
04. Look At Me Now
05. Illumination
06. Something Real
07. Divided
08. Sell It To The World
09. Never Again
10. Control
11. No Reason
12. World Pretending
13. Gone
14. Leave This Alone
Line-up:
Nick Holmes – vocais
Gregor Mackintosh – guitarras, teclados, programação
Aaron Aedy – guitarras
Stephen Edmondson – contrabaixo
Lee Morris – bateria
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5.5/10