O processo de se lançar um álbum é algo gradativo, que depende de diversos fatores e pode levar muitos anos para ocorrer. De sua estréia oficial em 1999, com o álbum ‘Inside’, a banda paulistana Panzer ao longo desses vinte anos liberou mais três registros de estúdio, sendo então o mais recente ‘Resistence’, de 2016.
Entre constantes mudanças de formação, ocasionalmente o som pode ter sofrido discretas alterações no decorrer dos lançamentos, mas acredito que a marca Panzer ainda está ali, intacta, em seu diversificado Thrash Metal.
Com doze composições em cerca de 43 minutos de duração, é agradável perceber como a produção caminhou lado a lado com aspecto sonoro. Ok, você até pode estar achando engraçado isso que leu, mas mesmo nos dias de hoje, produção e gravação ainda são quesitos que exigem bastante atenção, para tudo soar 100%, e sinceramente, apesar de toda modernidade, nem tudo por aí soa bom ou orgânico.
Com uma arte de capa simples, porém que reflete bem o título, ‘Resistence’ começa com a instrumental “96”, que claro, gera expectativas no ouvinte, afinal de contas é pra isso mesmo que serve uma intro. Se o dedilhado se mostrou de certa forma nostálgico (seria esse “96” o ano de 1996?), “The Price” parece ter vindo direto do começo da já citada década e contagia quem estava precisando de uma boa dose de empolgação, com passagens melodiosas e sendo finalizada com os dedilhados da intro. “Impunity” soa grooveada e apresenta breves vocais limpos no refrão, que deu uma boa diferenciada na composição. Interessante notar como o peso das cordas não soterra o restante do instrumental, com ótimas escolhas de timbres e distorções.
Com uma pegada mais direta e rápida do que as anteriores, “No Fear” nos presenteia com bons riffs e uma bateria mais potente. “To Scream in Vain” não perde a linha direta e me fez lembrar que até aqui, antigos nomes como Sepultura, Ratos de Porão, Overdose e Pantera (todos ali, do final dos anos 80 e começo de 90), me vieram à cabeça.
Os vocais limpos retornam para contribuir com o clima denso de “Alone”, que parece te sugar para algum tipo de lugar decadente e esquecido por Deus. Como ressalva, o solo apesar de curto, soou um tanto quanto estridente demais. Sempre achei “Attitude” um título um tanto quanto manjado, mas felizmente a faixa não segue o mesmo caminho, tentando se equilibrar entre momentos “pra baixo” com outros de maior intensidade energética. Intensidade essa, predominante em “Do It” que escâncara o peso e um curioso solo de guitarra.
“The Old and the Drugs for Soul” chega para lembrar que estamos bem perto da reta final, com uma levada bem legal e forte. Para prestigiar os ouvidos com fúria total, a faixa título não deixou espaço para insinuações Groove ou melodiosas, e sendo bem franco, creio que faltou pelo menos mais duas faixas inteiramente assim neste trabalho. A profunda e breve “You May Not Have Tomorrow” (naquele esquema de dedilhado e vozes) e uma versão em espanhol para “Attitude” (“Actitud”) – que involuntariamente me lembrou algo do Brujeria (?) – encerram bem a interessante audição!
Formação:
Sérgio Ogrês (vocal)
André Pars (guitarra)
Fabiano Menon (baixo)
Edson Graceffi (bateria)
Faixas:
01. 96 (Instrumental)
02. The Price
03. Impunity
04. No Fear
05. To Scream in Vain
06. Alone
07. Attitude
08. Do It!
09. The Old and the Drugs for Soul
10. The Resistance
11. You May Not Have Tomorrow
12. Actitud.