Resenha: Oz – Fire In The Brain (1983)

Quando o assunto é Heavy Metal, os anos oitenta foram discretos naquele país chamado Finlândia. Porém, em algum momento, no começo dos noventa, a Finlândia, tal qual sua vizinha Suécia, ambas na região europeia conhecida como Escandinávia, tiveram uma explosão de bandas que fez com que os radares dos fãs do estilo se voltassem para acompanhar o que estava acontecendo ali. A Suécia foi um terreno mais fértil, mas a Finlândia revelou nomes que hoje estão entre os mais festejados do estilo, com uma forte base de fãs, tais quais Amorphis, Children Of Bodom, Impaled Nazarene, Nightwish, Sinergy, Sonata Arctica, Stratovarius e Turisas.

Mas olhando uma década para trás, na fase áurea da explosão metálica, surgiu uma banda naquele país que, antes, só era lembrado em termos de música pesada por causa da existência do Rattus, grupo seminal do Hardcore. A tal banda, denominada Oz, não extrapolou os limites do underground, mas fez um trabalho de qualidade, que é o que realmente importa. “Fire in the Brain”, lançado em 1983, foi o seu segundo disco, e é considerado o grande clássico de sua discografia.

A primeira vez que eu tive contato com o grupo foi – como parece ser regra em minhas melhores lembranças – através de uma fitinha cassete gravada por um amigo, no formato de coletânea. Não me lembro de tudo que tinha na tal fita, mas sei que tinha Manowar, Trouble e Mercyful Fate, além do Oz. A música do Oz selecionada para a coletânea foi “Search Lights” faixa de abertura do disco “Fire in the Brain”, impossível de ser esquecida por causa do grunhido repetitivo que marca sua introdução. A música era excelente, mas demorou quase vinte anos para que eu pudesse conhecer o resto do disco e, devo dizer, a espera valeu, pois todas as composições do álbum são de muito bom gosto. Metal Tradicional em grande forma, lembrando fortemente o que os holandeses do Picture também estavam fazendo na mesma época.

A comparação não é gratuita, pois as duas bandas, de origens além do território britânico, trabalhavam em cima daquele espectro sonoro que era o maior referencial no período, a New Wave of British Heavy Metal, que agregava peso sem extremismo com melodia sem afetação, como se pode conferir em canções como “Fortune”.

Esse não é um daqueles discos que mudaram o curso das coisas, apontaram novos caminhos para o estilo ou qualquer outro tipo de quebra de padrões. É um disco honesto de Metal. De bom Heavy Metal, do tipo que hoje em dia poucos conseguem replicar de forma adequada. Portanto, nunca deixe de visitar o passado, ao mesmo tempo em que percorre o presente e explora o futuro, pois a fonte é infinita e tudo tende a se mesclar. Se duvidar, ouça o álbum e veja que músicas como “Black Candle”, “Gambler” ou “Megalomaniac” não envelhecem. Soam tão bem na atualidade como devem ter soado trinta anos atrás, em um país que estava construindo o seu momento de revelação no mapa mundi do Heavy Metal.

Formação

Ape De Martini – Vocal

Speedy Foxx – Guitarra

Spooky Wolff – Guitarra

Jukka Homi – Baixo

Mark Ruffneck – Bateria

Músicas

01 Search Lights

02 Fortune          

03 Megalomaniac

04 Black Candles

05 Gambler        

06 Stop Believin’

07 Free Me, Leave Me

08 Fire in the Brain

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