Resenha: Overhead – Na Madrugada de Bar em Bar (2018)

Hoje faremos a resenha do álbum mais recente da banda de rock n’ roll brasileira Overhead, “Madrugada de Bar em Bar” de 2018. Para os que não são familiares à banda, a Overhead foi formada em 2010 na cidade de Bauru (SP) e já conta com um EP chamado “A Noite é Meu Lugar”, de 2012 e o álbum “Ressaca”, de 2013.
Como já é fácil de reparar pelos títulos dos álbuns, a temática da banda gira em torno das loucuras da vida noturna e a bebedeira, como um bom rock n’ roll.

Capa do álbum “Na Madrugada de Bar em Bar” da banda Overhead.

A primeira faixa do álbum, “BR da Morte”, é uma boa faixa de apresentação do trabalho. A música tem bem a pegada que se espera de uma banda que se diz banda de “Rock N’ Roll”: riffs simples, porém bem pegajosos ( no bom sentido), um vocal de muita qualidade que não precisa de muito esforço para passar o recado da música, vários solos e licks que dão aquele gostinho a mais na música. Particularmente me lembrou bastante o som da banda brasileira Kiara Rocks, que gosto bastante. O refrão em particular faz o que um refrão do estilo deve fazer: depois da metade da música você já está cantando junto, letra simples que fica na cabeça facilmente.
Em seguida temos a faixa “Cartaz de Procurado”, que é bem mais rápida que a anterior. Além disso é uma faixa que conta uma história sobre um homem bêbado que viu um cartaz de procurado e foi à caça do bandido para ganhar um dinheiro, porém se enganou e matou o homem errado. A mistura da temática da música com um rock mais rápido que lembra bastante o country rock realmente coloca o ouvinte dentro de uma história de faroeste, bem interessante. A faixa surpreende também por ser curta para o gênero, somente 2:26, até achei que o computador tinha travado quando a música acabou.
A próxima faixa é a faixa-título, “Na Madrugada de Bar em Bar”. Nesta música, senti uma grande mudança comparado com as duas anteriores: esta música tem um feeling muito mais moderno: um riff extremamente melódico junto com uma guitarra solo apostando em um reverb forte, que lembra os sons de bandas como Kings of Leon, a bateria apostando em mais viradas e em grooves diferentes. Mesmo ainda sentindo a pegada mais hard rock que é característica da banda, esta música pareceu bem diferenciada e pareceu ter um apelo bem mais forte para o mainstream.
Em seguida, “O Diabo na Garrafa”. Como se espera de uma faixa com este nome ( pelo menos eu esperava lendo), é uma música de blues-rock bem lenta e arrastada, que me lembrou um pouco o trabalho da banda curitibana Hillbilly Rawhide. O destaque, para mim, é o uso do slide na guitarra solo, que ajuda mais ainda no feeling faroeste da música.
Mais uma vez, a banda não permite que se crie expectativa pelo que vai se ouvir. A faixa “Eles” se inicia com um riff bem simples e cheio de efeitos que novamente traz uma sonoridade mais moderna para a música. Neste caso não é tão “pop” quanto a faixa-título, mas senti uma grande influência de grunge no som devido à guitarra solo, que dá maior ambientação à música. Novamente, uma faixa bem curta que acaba de maneira um tanto inesperada.
Iniciada por uma “dobradinha” de guitarra bem interessante, somos apresentados à faixa “Entre Espelhos”. Outra vez temos uma faixa com apelo mais “pop” e com muita modernidade, mesmo que se mantenha no hard rock. Achei a harmonia dessa música impressionante, parece realmente uma música que se ouve em uma rádio de rock. Sabe a sensação de “isso me lembra alguma coisa”, mas que ao mesmo tempo você não consegue lembrar o que exatamente? Foi o que senti nessa faixa, é muito familiar e ao mesmo tempo muito original.
Na faixa “Exclusa”, voltamos para algo mais clássico: um hard rock com pegada oitentista, bem no caminho de Bon Jovi e bandas similares. Esta faixa vai bem no contrário do que falei sobre algumas outras, é uma faixa bem “padrão” do estilo, sem grandes inovações, mas ela cumpre sua função, com certeza agrada fãs do estilo.
Após ela, vem a faixa “Na Contra Mão”, que se inicia pelo famoso “riff épico”: aquele riff que você imagina sendo tocado num palco enorme, digno de uma banda grande. A faixa é bem lenta, parece que feita para uma plateia cantar junto, com a guitarra só tocando alguns acordes enquanto a voz rouca de André Moreno domina a música.
“Outra Frequência” é a balada do álbum. Levada na guitarra limpa, bateria lenta, cordas no fundo (inclusive achei uma ótima adição). A bateria está soando muito bem nessa música, a caixa está ressonando de uma maneira que realmente você sente cada batida. Realmente é uma faixa linda, não há muito o que dizer, só sentir.
A última faixa, “Se Tá Ruim pra Você” muda completamente o sentimento deixado pela anterior. É uma música bem rápida, bem animada, seguindo a proposta hard rock mais clássica proposta pela banda. A música é um bom fechamento para o álbum, encaixa bem e não acaba inesperadamente

Em geral, a banda Overhead surpreende bastante. Uma banda com a logo contendo “rock n’ roll” faz você esperar uma banda que faça mais do mesmo, que se apoie no que já deu certo décadas atrás, mas isso não é o que acontece por aqui. Eu particularmente não sou fã de hard rock, mas gostei muito da banda pelas influências variadas que senti em cada música, mostrando que a banda não pretende viver do passado, e sim do futuro.
O álbum é bem gravado e muito bem produzido, as músicas alternam bem entre si, mostrando bem as várias faces da banda, o que bom também porque se você não gosta do estilo de uma determinada música, você logo se surpreende com a próxima, não são várias vezes a mesma coisa até que de repente muda.
Minha única crítica ao álbum são as músicas curtas. Eu sou bem fã de músicas de 2:30, 3 minutos devido ao meu gosto pelo hardcore, mas acho que neste estilo, músicas tão curtas são uma quebra de expectativa. E ainda geralmente as mais curtas são as mais diferenciadas e criativas, o que foi uma leve decepção.
Ainda digo que me surpreendo pela banda conseguir tornar uma temática um tanto quanto “batida” (vida noturna, bebedeira e western) em algo interessante de ouvir que não pareça uma versão diferente de uma música do Matanza.
Mas de uma maneira geral, a banda Overhead e o álbum ” Na Madrugada de Bar em Bar” é recomendável para qualquer um, pois todos podem achar pelo menos uma música que os agrade. Ainda parece ser uma ótima trilha de viagem

Tracklist

1- BR da Morte
2 – Cartaz de Procurado
3 – Na Madrugada de Bar em Bar
4 – O Diabo na Garrafa
5 – Eles
6 – Entre Espelhos
7 – Exclusa
8 – Na Contra Mão
9 – Outra Frequência
10 – Se Tá Ruim pra Você

Banda

André Moreno – Voz e Guitarra
Bruno Bevenutti – Guitarra
Ivo Ferreira – Baixo
Brendel Alba – Bateria

Faixa Eles do álbum “Na Madrugada de Bar em Bar”
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