Resenha: “Open Up and Bleed – A Vida e a Música de Iggy Pop”

Iggy Pop é uma força da natureza! É uma entidade que parece não ter conhecimento de seus 73 anos e entrega performances de energia explosiva com alto poder de detonação. Essa tem sido a assinatura linear de toda a sua carreira, repleta de momentos antológicos, que o colocaram no panteão dos imortais do Rock, sendo a representação norte-americana ao lado de ingleses como Ozzy Osbourne e Keith Richards.

Uma narração de sua vida seria, portanto, um livro dinâmico, onde as páginas voam pelos dedos em ágil leitura, mas isso não ocorre de todo. “Open Up And Bleed: A Vida e a Música de Iggy Pop”, a obra do jornalista Paul Trynka, que já escreveu para revistas como Mojo e Classic Rock Magazine, não possui o mesmo impulso que o personagem retratado. É rica em detalhes, não há como negar, mas por vezes parece não avançar na medida que desejamos. Isso não é necessariamente um defeito, é apenas o reflexo do estilo de escrita do autor, mas que não afeta especificamente a qualidade do material. Ao final do tomo, o leitor terá uma visão completa de quem é Iggy e de como ele atravessou essas décadas sobre os palcos e os estúdios. A edição nacional, publicada pela Editora Aleph, é caprichada, com capa dura e muito material fotográfico. Entre os extras, destaca-se a discografia do artista, comentada ao final.

Um ponto interessante do texto, ao qual o leitor deve ficar atento, é a divisão entre as duas personalidades do protagonista. Por vezes o foco está em Jim Osterberg, seu nome real e que personifica um sujeito tranquilo, educado e atencioso; por outras, o foco recai sobre Iggy Pop, sua persona pública, que não conhece limite para os excessos e, acredite, haverá uma grande quantidade desses ao longo das páginas, que chegam até a se aproximar do horror, no momento em que Iggy é amaldiçoado por um sacerdote vodu.

A história de Iggy possui um co-protagonista fundamental na figura de David Bowie, e o livro dá o devido destaque para essa parceria, que perdurou para bem além da criação dos álbuns “The Idiot” e “Lust For Life”. David foi amigo, conselheiro e produtor de Iggy e, por mais de uma vez, ajudou a reorientar a sua carreira.

Em 1990, aos 42 anos, Iggy passa por mais um de seus renascimentos com o disco “Brick By Brick”, produzido por Don Was, e com a idolatria do cenário alternativo norte americano, sendo venerado por bandas como Sonic Youth, Nirvana e um Red Hot Chili Peppers em sua fase de ascensão. Nesse momento, a narrativa passa a se desenvolver mais rapidamente e o leitor se sente mais atraído. A vida e a carreira de Iggy podem ser comparadas a uma montanha-russa, cheia de altos e baixos, mas nunca se caracterizando pela estagnação. Essa característica prossegue para além das últimas páginas do livro, já que o artista não pretende parar e continua a entregar discos que vão além da previsibilidade. O Iggy de hoje não se diferencia do Iggy do começo e essa coerência pode ser encontrada no peso das páginas de sua biografia.

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