Nevermore é uma daquelas bandas que você pode procurar mas não irá encontrar outra igual. O seu instrumental bem trabalhado beira o technical/melodic death metal enquanto as camadas de voz trazem progressividade e melodia em união perfeita.
Warrel Dane, em uma de suas melhores fases, consegue alternar e mesclar fúria e melancolia de uma maneira impecável. Sua interpretação e potência só podem ser alcançadas pela própria beleza de suas letras. Já as linhas de baixo de Jim Sheppard dão um preenchimento fantasmagórico e uma grande sensação de profundidade às músicas. As guitarras de 7 cordas de Jeff Loomis dançam em riffs altamente técnicos e pesados com timbragem perfeita. Enquanto isso, a condução e as sacadas de Van Williams na bateira valorizam cada parte de cada música, mostrando que esse cara é um monstro, e o monstro certo para a banda.
A primeira faixa, “Narcosynthesis”, é uma pancadaria logo aos seus primeiros segundos. É tida como ponto forte do álbum e da carreira da banda, principalmente com sua reprodução ao vivo capaz de “derrubar muralhas”. Em “Inside Four Walls”, somos saudados com um riff altamente energético, que chega carregado de fúria e técnica. A faixa puxa uma das melhores bangueadas do play e é também uma das favoritas para se cantar junto nos shows, com seu refrão melódico, bem encaixado e fácil. “The River Dragon Has Come” é aquela típica faixa que traz orgasmos aos ouvidos, com um lindo dedilhado de intro e logo em seguida bases carregadas pesadíssimas, overdoses de harmônicos nas guitarras, um vocal em um ápice de feeling e “o” solo.
Em seguida, Nevermore executa uma das mais belas faixas de sua carreira, “The Heart Collector”. Aqui é impossível não sentir a beleza e melancolia darem nós amargos em nossas gargantas. Warrel é simplesmente um deus da interpretação. E destaque novamente para os belos solos de Jeff.
Ainda dentro da tracklist, outra menção importante é o cover para o clássico de Simon e Garfunkel, “The Sound of Silence”. Só posso dizer uma coisa, de tão boa, brutal e aterrorizante, a versão aqui é confundida por muitos como uma música autoral do próprio Nevermore. Ainda mais pelo tema apocalíptico e decadente da letra se encaixando perfeitamente nas ideias que a banda sempre trabalhou.
“Insignificant” é outro exemplo da receita melancólica utilizada pela banda. Equilibrada entre dedilhados acústicos e um baixo corpulento ao fundo, a faixa se desenvolve com imenso feeling até atingir os refrãos carregados. Na sequência, “Believing in Nothing” segue o padrão de uma balada bonita e bem formatada, com linhas melódicas marcantes, um lindo solo e videoclipe.
Para finalizar, a faixa título “Dead Heart, in a Dead World” fecha tudo com chave de ouro. A timbragem perfeita dos instrumentos recebe um sopro a mais aqui. Detalhe para como a faixa parece “viva”, falando com você através dos detalhes na bateria e andamentos de guitarra. As mãos talentosas do produtor Andy Sneap (Exodus, Arch Enemy, Trivium etc) ajudaram esta obra a chegar em seu potencial máximo e todo o álbum é simplesmente um reflexo nítido de produção e composições coesas, equilibradas e inspiradas.
Atualmente a banda está inativa e seus membros encontram-se no Sanctuary (Warrel e Jim), Arch Enemy (Jeff) e Ashes of Ares (Van).
Tracklist:
1. “Narcosynthesis”
2. “We Disintegrate”
3. “Inside Four Walls”
4. “Evolution 169”
5. “The River Dragon Has Come”
6. “The Heart Collector”
7. “Engines of Hate”
8. “The Sound of Silence” (Cover de Simon & Garfunkel)
9. “Insignificant”
10. “Believe in Nothing”
11. “Dead Heart in a Dead World”
-
10/10