Resenha: Napalm Death – Diatribes (1996)

Em 26 de janeiro de 1996, os britânicos do Napalm Death lançavam através da gravadora Earache Records o álbum que talvez seja o menos preferido de muitos fãs e ouvintes da banda, o altamente experimental “Diatribes”. Produzido pelo experiente Colin Richardson (Carcass, Sinister, Extreme Noise Terror, entre tantos outros), esse trabalho foi bastante criticado em seu lançamento. Quando a banda havia lançado o álbum anterior, “Fear, Emptiness, Despair” (1994), a chamada “fase experimental” do grupo havia se iniciado. Não apenas o logotipo icônico dos britânicos havia sido alterado, como a sua sonoridade estava ficando cada vez mais lenta, arrastada e recheada de influências de Groove Metal e Metal Industrial.

Evidentemente, fãs mais xiitas e que apreciam uma sonoridade mais rápida e direcionada para o Grindcore ou o Death Metal mais tradicional torceram o nariz e quando o sexto álbum da carreira da banda, “Diatribes”, deu às caras, a evolução e as modificações adotadas pelo grupo incomodaram e muito aqueles que desejavam ouvir algo mais direcionado para os trabalhos anteriores lançados pelo Napalm Death. Primeiramente, o álbum não é ruim, muito pelo contrário. Apenas é um dos trabalhos onde a banda mais se ousou e buscou trazer algo completamente diferente para o seu estilo selvagem e brutal de música, algo que jamais haviam realizado anteriormente. Acredito que o único ponto negativo do disco em si seja apenas a sua estranha e confusa arte de capa, mas vamos direto ao que realmente importa: o disco!

O riff intenso e grudento de “Greed Killing” inicia esse trabalho e já dá um susto no ouvinte que está acostumado com a sonoridade mais clássica da banda. A levada alternativa e repleta de “groove” é um banho de água fria para os desavisados que anseiam em ouvir algo similar aos primeiros discos, entretanto, ainda assim é um som fantástico, contagiante e criativo. Os vocais de Mark “Barney” Greenway continuam na mesma linha do disco anterior, ou seja, absolutamente destruidores e não deixam pedra sobre pedra. Vale mencionar que a faixa foi o “single” do álbum e possui um videoclipe promocional. O álbum prossegue numa linha sonora bastante parecida com a potente “Glimpse Into Genocide”. Essa composição mantém a pegada arrastada e cadenciada da faixa de abertura com ainda mais peso nas guitarras de Mitch Harris e Jesse Pintado.

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“Ripe For The Breaking” é a terceira faixa e é ainda mais pesada, intensa e furiosa, porém, o experimentalismo continua, onde os músicos executam trechos mais suaves em alguns momentos isolados. Esses trechos mais melódicos se encontram presentes em outros trabalhos da fase experimental da banda, como o álbum posterior, o ótimo “Inside The Torn Apart” (1997). Em seguida, temos uma das faixas mais alternativas e diferenciadas de toda a discografia dos britânicos, “Cursed To Crawl. Nela, temos uma levada ainda mais “grooveada” e com elementos que flertam com o Funky Rock, contudo, de forma sábia e coesa. Nessa música, “Barney” oscila seu estilo vocal diversas vezes, um recurso um tanto perigoso para a banda, porém muito bem executado.

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Já em “Cold Forgiveness”, as guitarras de Harris e Pintado novamente transmitem um clima atmosférico interessante e completamente diferente de tudo o que a banda havia gravado anteriormente e “Barney” transita mais uma vez o seu vocal durante a canção. Ouvintes mais radicais podem torcem o nariz para tais modificações, contudo, não há como negar a criatividade das composições nesse trabalho. “My Own Worst Enemy” brinda o ouvinte com mais “groove”. Os vocais de “Barney” estão destruidores como sempre, diga-se de passagem. Quando ele urra o nome da canção, há uma força indescritível que exala pelos alto-falantes. A bateria de Danny Herrera introduz a sétima música do disco, “Just Rewards”, uma composição feroz, mas que jamais abandona a cadência e o “groove” que estão com força total em todo o trabalho.

“Dogma” é a oitava composição do disco e novamente é uma boa faixa e traz bons e eficientes riffs, além de criativas levadas de bateria. Novamente, devido às inserções de guitarras mais “alternativas” para os padrões da banda, temos alguns momentos que proporcionam um clima atmosférico e “viajante” devido a isso. Em “Take The Strain”, por sua vez, os urros de “Barney” estão ainda mais esmagadores e os “riffs” iniciais são bem grudentos.

https://www.youtube.com/watch?v=rEgHBKWw9-g

Em seguida, é a vez da faixa-título, “Diatribes”. Aqui nós temos trechos rápidos que lembram um pouco músicas mais as antigas composições da banda, mesclados com os andamentos arrastados e cadenciados explorados em demasia nesse álbum. Encerrando o álbum, “Placate, Sedate, Eradicate” e “Corrosive Elements” mantém os mesmos andamentos das composições anteriores e encerram esse sexto registro de estúdio de maneira coerente. O Napalm Death é uma banda que obviamente evoluiu drasticamente desde o seu surgimento na década de 80. A evolução dos britânicos se iniciou antes mesmo do lançamento do seminal e histórico “Scum”, em 1987 e “Diatribes” é um dos trabalhos onde a banda mais apostou em trazer novos elementos para a sua invejável discografia. Ainda que tenham pessoas que não gostem desse trabalho, ele certamente possui muita qualidade e vale muito a pena ouvi-lo sem preconceitos.

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Formação:
Mark “Barney” Greenway (vocal);
Mitch Harris (guitarra);
Jesse Pintado (guitarra) (R.I.P. 2006);
Shane Embury (baixo);
Danny Herrera (bateria).

Faixas:
01 – Greed Killing
02 – Glimpse Into Genocide
03 – Ripe For The Breaking
04 – Cursed To Crawl
05 – Cold Forgiveness
06 – My Own Worst Enemy
07 – Just Rewards
08 – Dogma
09 – Take The Strain
10 – Diatribes
11 – Placate, Sedate, Eradicate
12 – Corrosive Elements

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