Uma rápida virada de bateria abre a primeira faixa deste disco, “Race Of Disorder”, que também intitula o álbum. Se fosse resumir o trabalho em uma palavra, seria “contundência”, tal qual aquela gerada pelas pancadas das baquetas que fazem a virada, tal qual aquela gerada pelo peso grave dos riffs e das bases, tal qual aquela gerada pela indignação e pela odiosa verdade refletida nas letras.

O Mugo existe desde 2006, e este é seu terceiro disco. A banda, natural de Goiânia, calca a sua musicalidade na mistura entre o Thrash, o Death e o Groove Metal, perfazendo um conjunto de músicas brutais, diretas ao ponto e interpretadas com raiva, muita raiva, pois, como está dito em “Terra de Ninguém”, não se deve desperdiçar sequer uma gota de seu ódio.

Não são palavras ao vento. “Race of Disorder” dá a partida com riffs thrash de Guilherme Aguiar, sobre os quais Pedro Cipriano urra as letras, carregando nos guturais no refrão. Conforme a música avança, ela vai ficando mais rápida, até chegar na tensão da base que abriga o solo e a conduz ao final. “Seeds of Pain” traz elementos de Pantera e Cipriano vai alternando a forma de impostar a sua voz ao longo das faixas, passando da agressividade pura para os tons rasgados, dando variedade às interpretações.

“Corruption” tem a velocidade coerente com a rapidez com que esse praga se dissemina pelo país, e, ao chegar aqui, já podemos concluir que a opção entre algumas letras serem em inglês e outras em português, deu-se por opções próprias da banda, além da evidente intenção em ampliar o seu discurso, pois a temática geral é de indignação e de desilusão com a realidade social. Por isso, canções como “Sanguessugas” são perfeitas para a catarse nas rodas de mosh, e tem mais eficiência como mensagem do que qualquer bravata digitada em redes sociais!

A produção de Ciero da Tribo merece os créditos por ter obtido o melhor do som do Mugo, através de uma massa sonora compacta, com todos os elementos bem timbrados. E a capa desenvolvida pelo Xtudo Obze Artwork, com a figura enigmática que traz, ao fundo, a imundície de uma cidade saturada, combina com o material apresentado. Em “Deliverance”, as bases velozes tornam a dominar, sempre intercaladas com passagens mais cadenciadas, revelando o trabalho coeso da dupla Faslen de Freitas, no baixo, e Weyner Henrique, na bateria, mantendo o ritmo preciso tanto nas partes extremamente rápidas quanto naquelas de peso absoluto.

“Think Twice” é mais focada no Groove, mas “Terra de Ninguém” se destaca por um refrão quase Punk Rock, perfeitamente gritável em shows, caso alguém consiga dividir o seu fôlego para poder cantar e, ao mesmo tempo, mergulhar na espiral do mosh! Ao final, “Elo Quebrado” não é tão rápida quanto as demais, mas mantém a agressividade e faz com que nos acomodemos lentamente, retomando os nosso lugares, para recomeçar a corrida. Cada uma das faixas nos golpeia de alguma forma, física ou ideologicamente, através de um cenário sombrio. Precisaremos completar muitas voltas até que isso realmente mude.

Formação

Pedro Cipriano – vocal

Guilherme Aguiar – guitarra

Faslen de Freitas – baixo

Weyner Henrique – bateria

Músicas

01.Race of Disorder

02.Seeds of Pain

03.Corruption

04.Sanguessugas

05.Deliverance

06.Think Twice

07.Terra de Ninguém

08.Elo Quebrado

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