Fundada em 2009 por Marc Doblinger na sonolenta cidade baixa de Zeilarn, Alemanha (localizada na região de Passau), a banda Mortal Infinity levaria apenas um ano para obter sua formação original, incluindo Sebastian Unrath nas guitarras. Pouco depois de tocar os primeiros shows ao vivo, o primeiro EP “Eternal War” foi gravado. Apesar de ser uma demo crua e não-refinada, este EP iria ganhar interesse na cena metal local, gerando a força para a banda que os levou a avançar para gravar seu álbum de estréia, “District Destruction“ em 2012. Com o notório mestre do thrash Jörg Uken do Soundlodge Studios a bordo, a banda foi capaz de encontrar seu próprio estilo e sonoridade, criando um disco de thrash direto e simples, apimentando-o com vários elementos de Death metal. Sendo o álbum um sucesso entre os fãs e a imprensa de metal da Europa a banda passou a se apresentar em shows maiores do que nunca.
Embora o disco de estreia seja um enorme sucesso, os anos seguintes se tornariam uma luta para eles, várias mudanças na formação tornarão muito difícil o progresso musical e quase levou a banda ao fim em 2014.
Com novos membros no line-up, Alexander Glaser no baixo e Adrian Müller na bateria, mas nenhum guitarrista rítmico no lugar, a banda decidiu dar um tiro final, entrando no Studio Suicidal para gravar um álbum final em 2015.
Apesar de ainda ser um álbum Thrash no coração, o gigante de 55 minutos “Final Death Denied” excedeu seu antecessor em complexidade e composição de músicas. Com um feedback incrivelmente positivo, muitas das dez músicas, muitas vezes claramente além da linha de cinco minutos, se tornaram uma entrada permanente em cada setlist do Mortal Infinity.
Com Sebastian Brunner preenchendo a lacuna nas guitarras rítmicas no início de 2016, a banda finalmente encontrou a sua formação estável e desesperadamente necessária, que dura até hoje. Nesta plataforma de confiança, o Mortal Infinity está mais forte do que nunca forjando seu trabalho no Deep Deep Pressure Studios sob as mãos de Lukas Haidinger, seu quarto ataque sônico, “In Cold Blood”, está programado para lançamento em setembro de 2019, pronto para superar seus predecessores mais uma vez.
No dia 4 de agosto de 2019, a banda apresentou seu novo vídeo clipe oficial para a faixa título do terceiro álbum, “In Cold Blood“.
Rápida e direta, essa é a sonoridade implacável que define “In Cold Blood” como muitos buscam alcançar tão desesperadamente, com autenticidade, atitude e, acima de tudo, classe inegável.
Assim como o best-seller de romance homônimo de Truman Capote, a música “In Cold Blood” descreve o crime brutal e perturbador que ocorreu em 1959 no estado do Kansas, nos Estados Unidos. Um roubo mal sucedido que levou ao assassinato a sangue frio e bestial de uma família inteira e, finalmente, termina com dois assassinos condenados a forca.
Se alguém quiser imaginar a atmosfera horrível desta noite de 15 de novembro, você pode ler o best-seller mundial acima mencionado ou você pode ouvir a atmosfera da coisa toda neste álbum feroz.
Dados todos os detalhes nós seguimos a análise das faixas em “In Cold Blood” começando por “Fellowship of Rats” e uma contagiante energia explosiva emerge dos meus alto falantes. As guitarras são arrebatadoras com um trabalho em vórtice da bateria de Adrian Müller.
Confesso que não ouvia nada do Mortal Infinity a muitos anos e abrir em uma faixa tão poderosa apenas me concede a confirmação de que o sangue alemão ainda se mantém tão vigoroso como sempre, fato que é impossível de negar considerando a qualidade absurda logo na primeira faixa, e isso sem mencionar o solo abissal de Sebastian Unrath.
Passamos a “Misanthropic Collapse” em puro frenesi enquanto Marc Doblinger cospe a introdução da faixa que é convertida em uma energia negra dançando com linhas de Thrash metal maciças e instigantes.
Eu preciso mencionar que trabalhos como este ganham uma qualidade profusa e épica quando a banda aprende durante o percurso de sua história a trabalhar e envolver vários elementos sem medo de ousar, então sim, você vai ir ao delírio com a banda batendo na porta do Death metal em vários instantes transformando a sonoridade em algo com muita classe, mesmo que para um gênero que tem a poeira na sola do sapato.
“Repulsive Messiah” mantém essa qualidade mas pela primeira vez neste álbum encontramos um pouco mais de cadência e obtemos um trabalho magnífico na guitarra rítmica de Sebastian Brunner, e ele consegue dimensionar facilmente um terreno firme aos solos e eu posso sentir um pouco de Black metal sendo empregado em breves melodias, isso é glorioso aos meus ouvidos.
Mais um ponto deve ser considerado observando que o faixa-a-faixa corre deliciosamente neste álbum e mantendo a atenção do ouvinte a esmagadora identidade destes músicos, confesso que minha mente é empurrada a imagem do que serão eles com este trabalho em performances ao vivo, tenho certeza que o público irá ao delírio, um prato cheio ao mosh-pit.
Você ainda estará com as guitarras e a acústica sombria do baixo de Alexander Glaser ressonando na sua cabeça quando a pedrada “Dream Crusher” atingir a sua mente com a velocidade de um raio.
São 4:06 minutos de tanta ferocidade que parece sucumbir em uma fracção de segundos sem que o ouvinte perceba o tempo passar antes de chegar ao monstro “Long Forgotten Gods” e seus alto falantes estarem no limite. Visceral, essa é a palavra que melhor define esta faixa.
Alguns breves acordes brandos para te dar tempo para respirar antes destes guitarristas te chutarem para o abismo em ” Silent Assassin (Champion of War)” e uma passagem curta e macabra te engolir. O vocal de
Marc Doblinger é abundantemente flexível e varia em distintos gêneros o que abre muita a perspectiva da banda em relação aos ouvintes em outros estilos, outro ponto favorável.
Igualmente “Devastator, Devastated” mantém a climática sinistra deste crime e começamos a observar a proximidade do fim do álbum sem ter visto uma única queda de qualidade.
Chegamos a “assassina” faixa título “In Cold Blood” e eu posso reconhecer um toque de Heavy metal sendo utilizado e pareado ao Thrash primordial destes músicos que podem ter pensado em parar algum dia no passado mas que acabaram de ganhar um passaporte para muitos anos se mantiverem a qualidade deste álbum nos próximos anos.
Atualmente vemos muitos dos titãs do metal envelhecendo e parando então ouvir algo tão digno como isso nos fornece segurança de uma posteridade honrosa ao Thrash metal.
Tristemente o som do mar em uma tempestade é o anúncio de despedida destas nove faixas de puro poder, profundidade e genialidade. Nosso ponto final em “Ghost Ship Sailor“, e pela primeira vez neste álbum observamos a banda a expondo uma faixa mais melancólica que poderia estar facilmente em qualquer álbum de Death e Black metal da Noruega sem que ninguém sentisse diferença, bem, pelo menos em seus primeiros minutos. Sim, porque o Mortal Infinity não poderia se retirar sem te dar a última carga de energia eletrizante, a mesma energia que o fará voltar ao princípio deste álbum e apertar o play novamente.
Contundente, enigmático e volátil, este é o Mortal Infinity e o monstro acordando em “In Cold Blood” e eu mal posso esperar para encontrá -los na estrada.

Track listing
1 – Fellowship of Rats
2 – Misanthropic Collapse
3 – Repulsive Messiah
4 – Dream Crusher
5 – Long Forgotten Gods
6 – Silent Assassin (Champion of War)
7 – Devastator, Devastated
8 – In Cold Blood
9 – Ghost Ship Sailor
Score: 10/10
Membros da banda
Marc Doblinger – Vocal
Sebastian Unrath – Guitarra solo
Sebastian Brunner – Guitarra rítmica
Alexander Glaser – Baixo
Adrian Müller – Bateria