Resenha: Monster Magnet – Mindfucker (2018)

É gratificante escutar uma banda nova, executando suas músicas com vigor e mantendo o equilíbrio correto entre o som clássico de Hard setentista e Stoner com a pegada contemporânea… Essa frase só não é perfeitamente aplicável aqui porque estamos falando do Monster Magnet, uma banda veterana, com uma carreira de 30 anos e que lança agora o seu 11º disco, então a utilização da palavra “nova”, ali no começo, não faz sentido. Mas essa poderia ser a impressão de qualquer um que escutasse desavisadamente a primeira faixa, “Rocket Freak”, do álbum “Mindfucker”, pois ela transpira o vigor e a empolgação típica dos iniciantes.

Eu me abstive de ouvir qualquer dos materiais que foram antecipados para a divulgação do álbum, e o impacto obtido por ocasião de sua audição completa fez valer a pena essa atitude. Não vamos aqui cometer o exagero de já apontar “Mindfucker” como um novo clássico dentro da discografia do conjunto de New Jersey. Ainda está muito cedo para isso, mas ele já causa primeiras impressões elevadas, que não se desvanecem após passada a primeira música.

“Rocket Freak” vai direto ao ponto, no melhor aproveitamento das lições da escola Punk de Detroit, que gerou Stooges e MC5, contendo um trabalho coeso nos riffs e nos solos de Garrett Sweeny e Phil Caivano, este último o mais antigo dentre os colaboradores do líder Dave Wyndorf, no histórico de mutações que persegue a formação da banda. A voz de Wyndorf ainda rende o suficiente perante os seus 61 anos de idade, confirmando isso na canção seguinte, “Soul”, que mantém as intenções da abertura. A faixa título tira um pouco o pé do acelerador, mas mantém-se em um cativante mid-tempo hipnótico e abre espaço para “I’m God”, onde os detalhes de Space Rock, tradicionais em seu som, se fazem presentes pela primeira vez no disco.

A sequência das canções parece seguir uma ordem muito bem pensada, pois cada uma parece aproveitar as aberturas de suas antecessoras para trazer variedade ao disco sem que haja mudanças abruptas de clima. Assim, “Drowning” pode explorar a psicodelia até o ponto em que surge a necessidade de retomar o Rock mais dinâmico com “Ejection” – cujo refrão evoca uma espécie de versão Punk do Aerosmith – e “Want Some.”

“Brainwashed” é a música mais diferenciada do álbum, um ensaio de Rockabilly psicodélico, que, com algumas poucas mudanças, não ficaria deslocado em um disco do Cramps. Passando pela agradável “All Day Midnight”, chegamos ao final com “When The Hammer Comes Down”, novamente com riffs fortes em um ritmo cadenciado e fazendo-nos, enfim, concluir, que a espera de cinco anos decorridos entre este e “Last Patrol”, de 2013, foi válida, pois não há aqui nenhuma música que soe como excesso ou desnecessária. Está tudo devidamente justificado e o Monster Magnet demonstra que ainda tem fôlego para se manter no jogo por um bom período de tempo. Vamos esperar que “Mindfucker” ainda gere sucessores, pois bandas como o Monster Magnet fazem muita falta. No meio de tanta música convencional, precisamos que existam artistas que se proponham a “explodir” nossos cérebros.

 

Formação

Dave Wyndorf – vocal

Phil Caivano – guitarra

Bob Pantella – bateria

Garrett Sweeny – guitarra

Chris Kosnik – baixo

Músicas

01.Rocket Freak

02.Soul

03.Mindfucker

04.I’m God

05.Drowning

06.Ejection

07.Want Some

08.Brainwashed

09.All Day Midnight

10.When The Hammer Comes Down

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