9 é o ultimo disco do Mercyful Fate, até agora, e foi lançado, como não poderia deixar de ser, no ano de 1999, que tem três noves no seu numeral e que, de cabeça pra baixo, todo mundo já sabe o que vai aparecer.
O “até agora” da frase aí de cima é porque, mesmo passados dezessete anos, meu coração de fã ainda nutre a esperança de uma volta da banda. Eu sei que King Diamond já reiterou diversas vezes que seu trabalho solo é um projeto mais bem sucedido e lucrativo. Eu sei que Michael Denner e Hank Sherman lançaram um disco sensacional esse ano, dando prosseguimento a lenda que criaram, mas ainda sim, para mim, nada substitui o Mercyful Fate.
Embora se distancie um pouco da pegada mais clássica de albuns como Melissa ou Don´t Break the Oath, carregados de variações e mudanças de andamento, 9 encerra, com louvor, a carreira da banda. É um disco de heavy metal poderosíssimo. Direto e variado, digno dos músicos que o conceberam.
Da formação original, apenas King Diamond e Hank Shermann permaneciam na ativa, mas não dá pra desconsiderar as participações de Sharlee D`Angelo, um baixista com presença de palco fortissimo, que hoje está estabilizado junto ao Arch Enemy, Mike Wead, guitarrista que já tinha passado pelo Memento Mori, junto ao ex-Candlemass Messiah Marcolin, e hoje faz par com Andy LaRocque na King Diamond Band e, por fim, o baterista Bjarne T. Holm, que passou brevemente pelo Force of Evil e, hoje, não sei por onde anda.
A coleção de músicas de 9 é uma sequência direta do que a banda vinha fazendo nessa sua segunda encarnação. O começo com Last Rites dá o tom do trabalho. Uma introdução empolgante que abre espaço para uma excelente faixa, com um ótimo refrão. Aliás, os refrões são um dos vários pontos de destaque do álbum, tanto em canções como Buried Alive, Sold My Soul, Burn in Hell, como na porrada de House on the Hill.
Só que, se eu chamo House on the Hill de porrada, que palavra vou usar para descrever Insane? O que eu posso dizer dessa música, além de que a mesma é, de fato, absolutamente insana! Insana é a interpretação de King Diamond e ensandecida é a performance de Bjarne aqui. É um arregaço de bateria praticamente sem pausa, conduzindo uma das músicas mais rápidas já feitas pela banda.
A última faixa do disco, por outro lado, carrega a assinatura de seu co-autor, Mike Wead, com uma longa folha corrida no mundo do doom metal. 9, faixa que batiza o disco, apesar de sua levada arrastada, parece passar muito rápido. É um tipo de música que vai na contramão de quem reclama de faixas longas. Essa deveria ser mais extensa e, ainda assim, manteria o interesse. A faixa dura 4 minutos e meio, mas me deixa a impressão de que King e Wead poderiam ter explorado mais suas possibilidades.
Enfim, já se passaram mais de quinze anos e, aparentemente, 9 não terá um successor. O álbum de Denner/Shermann foi tanto um bálsamo para aliviar a abstinência dos fãs do Fate, quanto pode ter sido uma pá de cal sobre seu eventual futuro, já que o disco é desgraçadamente bom, mas, mesmo que fé seja um conceito avesso ao que essa banda significa, vou manter esse sentimento comigo, na expectativa de sua volta.
E a nota não poderia ser outra que não fosse…. 9!