Resenha: Maverick – The Motor Becomes My Voice (2015)

Pode parecer engraçado – ou talvez de fato seja –, mas na primeira vez que ouvi o nome da banda Maverick, a primeira coisa que me veio à cabeça foram os robôs que, por algum motivo, voltam-se para o lado maligno e anti-humano na série de jogos eletrônicos Mega Man. Os androides que agem dessa forma são nomeados Mavericks e são caçados por Maverick Hunters como X e Zero em busca de paz, estabilidade estatal e proteção às demais formas de vida, naturais ou artificiais. Na verdade, não apenas na primeira vez essas lembranças me vieram à cabeça, mas em todas as vezes. É o preço de se gostar dos jogos.

O motivo da banda paulista se chamar Maverick pode não ter sido inspirado na famosa franquia, mas a relação com a Mecânica se mantém. Afinal, esse é também o nome de um lendário automóvel da Ford que tinha um motor V8 de ronco potente e característico. Veículo inspirador para os líderes Gabriel “Korvo” Sernaglia (vocal e guitarra base) e Gustavo “Marreta” Polississo (bateria), que, em 2011, formaram e batizaram a banda com esse nome em forma de homenagem na cidade de São José do Rio Pardo (SP).

Após completarem a formação com Caio Henrique (guitarra solo) e Lucas Silva (baixo), foi preciso mais quatro anos para que finalmente pudéssemos sentir e ouvir na íntegra o torque e o ronco da musicalidade do quarteto. E eles vieram na forma do álbum de estreia “The Motor Becomes My Voice”, lançado através da Shinigami Records em outubro de 2015.

Banda/divulgação
Banda/divulgação

Gravado no Studio Atthena’s em Poços de Caldas (MG), testemunha-se aqui uma sonoridade calcada num competente Groove Metal que recebe deleitosos flashes de Thrash Metal, resultando em uma união estável regada a muita naturalidade. O conjunto pode apostar suas fichas na agressividade, mas belos litros de técnica também preenchem o tanque de combustível desse motor musical, especialmente no que diz respeito à bateria de Gustavo, que domina seu instrumento com lucidez. Recorre a muitas viradas, quebras de ritmo, explosão energética… e um trabalho viçoso nos amados pedais duplos. As guitarras, com seus riffs “groovados”, aplicam mais esmagamento com arranjos também técnicos, enquanto o baixo sustenta as distorções naturalmente. Contudo, se a sonoridade tem energia e ritmo ímpar, certamente isso se deve aos belos adornos da bateria. Mas os vocais de Gabriel também não ficam deslocados do âmbito do bom trabalho, já que se situam num fechado e bem feito gutural com ocasionais elevadas a fortes drives, sem necessariamente saírem da zona gutural.

A abordagem técnica do quarteto se traduz em frequentes quebras de ritmo, gerando uma sonoridade de riffs pausados que apresentam criativos e pesados arranjos quando ativos. Essas quebras despertam a conhecida sensação de necessidade de bater cabeça, assim como a bateria o leva a tocar air drums, por mais que fracasse em “acertar”. O ponto é que contagia, que empolga.

Solos de guitarra são praticamente inexistentes ao longo das oito faixas desse registro, com exceção de “Shadows Inc.”, por exemplo. Ao invés disso, as atenções que seriam dadas a eles são redirecionadas ao competente trabalhamento dos riffs. Mesmo sem a violenta melodia dos solos, as canções geralmente têm entre 4 e 5 minutos de duração, o que indica que se trata de uma escolha. Solos seriam um prolongamento positivo e bem-vindo. Ainda assim, os 35 minutos totais de duração do álbum se provam mais do que suficientes para demonstrar um trabalho bem arquitetado e dedicado, sem provocar cansaço pela constante agressividade e homogeneidade.

Banda/divulgação
Banda/divulgação

É muito claro que Gabriel “Korvo” Sernaglia é mais que um líder (em sua definição mais crua por ter sido um dos fundadores). Ele realmente veste a camisa e se compromete. Todas as músicas serem composições dele (exceto “The Motor Becomes My Voice”, escrita em conjunto com o baixista Lucas Silva) e a arte da capa também ser de sua autoria são fortes evidências disso, sem desconsiderar o real esforço dos demais em fazer acontecer.

Na versão física, o disco é bonito, embora simples. A imagem frontal também ilustra o fundo de caixa e o CD, enquanto o encarte tem apenas duas páginas contendo as letras, formação e agradecimentos (não há ficha técnica propriamente dita). Já a traseira do encarte contém uma foto do conjunto.

Certamente, o quarteto de São José do Rio Pardo alcançou um resultado final excelente e satisfatório em seu primeiro álbum, muito atraente para aqueles que se deleitam com boa produção e o peso de riffs cheios de grooves. O que mais esse Maverick e seu motor V8 trarão no futuro? Mais CV de potência? Quem sabe?

Lista de faixas:
01 – V8 (00:47)
02 – Upsidown (05:21)
03 – Motor Becomes My Voice (05:50)
04 – Shadows Inc. (04:37)
05 – Disorder (04:25)
06 – Karma Extinction (05:23)
07 – Dehumanized (04:19)
08 – Scarecrow (04:51)

Formação atual:
Gabriel “Korvo” Sernaglia (vocal e guitarra);
César Perdão (guitarra);
Lucas Silva (contrabaixo);
Gustavo “Marreta” Polississo (bateria).

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