O quarteto americano lançou recentemente seu último EP, “Cold Dark Place”, explorando um lado mais Prog/Rock, bastante sutil e melódico, bem diferente do que estamos acostumados a ouvir quando falamos do grupo. Mas mesmo com a proposta diferente, a qualidade é inegável e muitos que têm dado uma chance ao registro têm se apegado logo “à primeira ouvida”.
A principal concordância tem se dado sobre o mesmo não estar pesado, mas estar bonito de dar gosto. As composições “North Side Star”, “Blue Walsh” e “Cold Dark Place” já haviam sido gravadas nas sessões de “Once More ‘Round the Sun” (2014), enquanto “Toe to Toes” para “Emperor of Sand” (2017). Percebe-se deste modo que para a banda, ou mais propriamente para o vocalista e guitarrista Brent Hinds, que guiou as composições, tal sonoriade já permeava seu lado criativo.
A primeira faixa, “North Side Star”, traz de cara uma produção densa e profunda, com um forte clima psicodélico e vocais bastante melancólicos. As linhas vocais marcam bastante desde a primeira audição, como uma linda e triste canção folk, mergulhada em solidão, em uma lamúria embelezada pelos acordes do violão e da guitarra com uma leve distorção. Apesar do clima “baixo”, a melodia geral possui uma química excelente e a banda ainda consegue remeter ao clássico “Crack the Sky” e os trabalhos mais recentes, mesmo com os desenvolvimentos trazendo menos peso.
Após a primeira faixa, que se finda com um solo inspiradíssimo, é a vez de “Blue Walsh”. Essa já possui uma pegada mais Pop Rock, com versos calmos e um refrão bonito. Tal clima só é interrompido no desenvolvimento antes do fim, que traz um peso maior. Um bom formato para fãs do moderno Foo Fighters.
“Toe to Toes” é uma faixa mais pesada, inteiramente progressiva e com direito a violão folk no meio. Mais uma vez, os solos inspirados de Brent Hinds e alternações vocais entre este e o vocalista e baixista Troy Sanders se fazem presentes. Essa é certamente a faixa mais sólida e pesada do EP, que ganhou inclusive uma versão em vídeo gravada no estúdio.
Já a faixa título e última na execução, “Cold Dark Place”, reflete o que é o EP em sua essência. Um clima triste, folk e profundo se apoderando tanto da composição quando da produção. Mas não acredite que estaria a sonoridade e originalidade do EP já esgotada antes dela. O que faz de “Cold Dark Place” especial é que se pegarmos nas entrelinhas as influências de Hinds, que desenvolveu as 4 faixas, tanto na guitarra quanto na voz, há não só a beleza sublime de uma balada, mas uma certa acidez, como se estivéssemos diante de uma obra como “Black Hole Sun”, do Soundgarden ou uma “Would”, do Alice in Chains. Tanto que quando a faixa se desenvolve e traz certas combinações maiores de acordes, esses não passam uma alegria verdadeira, mas sim quase que irônica. É então que em seus momentos finais que a música cresce para riffs mais carregados, no estilo “Blackbird”, excelente balada do Alter Bridge, e alcança um solo inspirado que leva assim ao fim do registro.
O lançamento de um EP inteiro com baladas progressivas mostra o que gostamos de ver no Mastodon: personalidade, atitude e entrosamento, mesma que tais características sejam para mostrar um lado novo e mais melancólico da banda. E é bom ainda saber que podemos continuar contando com o Mastodon para nos surpreender e lançar trabalhos honestos e cheios de esmero.
Confira no vídeo a seguir o conceito por trás da bela arte de Richey Beckett:
Formação:
Troy Sanders (vocal, baixo);
Brent Hinds (vocal, guitarra);
Bill Kelliher (guitarra, vocal de apoio);
Brann Dailor (vocal, bateria).
Faixas:
01. North Side Star
02. Blue Walsh
03. Toe To Toes
04. Cold Dark Place