Resenha: Maestrick – Unpuzzle! (2011)

Foram cerca de sete anos desde a formação da banda até o registro do primeiro álbum. Tempo suficiente para lapidar o som e esse período foi bem aproveitado pelo Maestrick, pois o que se vê em “Unpuzzle!”, lançado em 2011, é uma banda demonstrando a precisão e entrosamento necessários para a execução do tipo de música que se propõe a fazer.

Mas exatamente qual seria esse tipo de música? Por vezes, acreditamos que seja o Prog Metal; por vezes, o Rock Progressivo em sua forma mais tradicional. Em determinados momentos, padrões ritmicos que remetem a outros estilos, e tudo isso é muito saudável. A Música Progressiva cresce quando não se prende a padrões fixos, pois é de sua natureza agregar vários elementos e devolvê-los através de novas propostas. Nesse sentido, “Unpuzzle!” guarda algumas surpresas.

Na abertura, com a faixa “H.U.C.”, o ataque de peso metálico é explorado em seis minutos carregados de variações. Por ser a primeira música, eu temi um pouco que alguns dos maneirismos de Ronnie James Dio, perceptíveis na interpretação do vocalista Fábio Caldeira, fossem se prolongar pelas demais faixas, mas não foi o caso. O cantor tem versatilidade para fluir entre suas influências, como James LaBrie e Freddie Mercury, mas cresce em performance quando exibe o seu modo próprio.

Dream Theater e Queen são, de qualquer forma, influências da banda como um todo, estando presentes em faixas como “Aquarela”. Só que lá no começo eu falei em outros estilos e é isso que vemos agora em “Pescador”. Talvez seja pelo fato da letra em português, mas essa música remete a nossa tradicional MPB. Ao melhor de nossa MPB, como pouco está se fazendo atualmente. A banda é originária da cidade de São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, mas não tenho dúvidas de que aqui houve um alinhamento ocasionado pela maior proximidade geográfica com o estado de Minas Gerais, que enriqueceu nossa tradição musical com o Clube da Esquina.

“Puzzler” soa como o Queen da época do álbum “Sheer Heart Attack”, acrescido de alguma dose de peso extra, e “Radio Active” retoma o caminho da complexidade e elaboração dos arranjos. “Yellow of the Ebrium”, porém, é um caso à parte. Nesta faixa, a música brasileira tradicional torna a se fazer presente, em uma passagem entre o samba e a bossa-nova, inserida dentro de uma canção que inicia em clima de Blues de casa noturna e que termina com uma breve progressão crescente. Nada poderia ser mais perfeito para nos permitir adentrar aos 21 minutos da última faixa, “Lake of Emotions”.

São 21 minutos que irão transcorrer muito rápido, nesse opus de passagens melódicas e emocionantes, onde a banda repassa toda as ambientações de seu universo sonoro que foram demonstradas nas dez composições que lhe antecederam. Ao final do disco, eu continuo sem ter uma ideia precisa de como classificar, em termos enciclopédicos, o que o Maestrick faz. Ele pode ser contido na definição de vários estilos, mas sem as amarras de nenhum deles. Sua musicalidade é elaborada, mas soa simples, então sejamos simples também: O Maestrick faz música. Música de alta qualidade.

E isso basta!

Formação

Renato Somera – baixo

Heitor Matos – bateria

Maurício Figueiredo – guitarra

Danilo Augusto – guitarra

Fábio Caldeira – vocal/piano

Músicas

01.H.U.C.

02.Aquarela

03.Pescador

04.Sir Kus

05.Puzzler

06.Disturbia

07.Treasures of the World

08.Radio Active

09.Smilesnif

10.Yellown of the Ebrium

11.Lake of Emotions

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