Desde que o Machine Head começou a divulgação do novo álbum “Catharsis“, já haviam muitas polêmicas e explicações sobre o mesmo. Robb Flynn comentava em entrevistas que a banda saiu da zona de conforto para a composição, além de dizer que o álbum não era tão pesado como “The Blackening” (2007), mas sim, melódico e Groove.
A partir daí já começaram a sair os singles e, com eles, as análises, a maioria bastante negativas, com uma das resenhas dando nota mínima para o Play, com isso, o vocalista não deixou barato, criticando – mesmo que ironicamente – nas redes sociais. Eis que finalmente o álbum saiu, será que é tão ruim assim pra justificar essas notas tão baixas? Vamos descobrir.
Para abri os trabalhos, a banda escolheu “Volatile“, uma faixa enérgica que é a cara do Machine Head. Um riff poderoso e um refrão melódico comandam a faixa, que empolga bastante.
A faixa-título é bastante melódica, temos um piano no início da faixa, com Flyyn ecoando o refrão no fundo. Violinos dão a harmonia para a faixa, que aos poucos vai crescendo. Um ótimo riff comanda os versos, que se mantém no padrão da banda, mais agressivo, com o refrão bastante melodioso. Aliás, as declarações do vocalista apontavam isso mesmo, um álbum mais melódico que o de costume.
O primeiro single foi a próxima faixa, “Beyond The Pale“, essa que é totalmente Groove Metal, com um riff grudento dominando os versos, Flyyn solta a sua voz agressiva e rouca, deixando a faixa muito boa. Apesar disso é uma faixa fraca, nada que seja tão marcante como outros singles da banda.
Passada a primeira trinca do álbum, chega “California Bleeding“, uma faixa bem típica da banda, com riffs que parecem ser de qualquer coisa que a banda já fez. O refrão é fraco e n]ao chega a grudar na cabeça. Apesar de tudo, temos uma ótima performance de Jared MacEachern no baixo. Claro que el não é tão bom quanto Adam Duce, mas faz o seu trabalho certinho.
Aqui temos uma faixa totalmente Nu Metal, em “Triple Beam” Flynn faz um vocal beirando um Fred Dust – claro que melhor – que não empolga nada, chega a ser estranho. Uma faixa com essa estrutura, Rap, refrão, rap, refrão, guitarra distorcida e gritos talvez funcionasse para o Linkin Park na época do “Hybrid Theory” ou “Meteora“, mas para o Machine Head não desce. Regressão criativa.
O início de “Kaleidoscope” pode assustar, mas trata-se de uma ótima faixa. Os vocais agressivos misturados a riffs bem tocados formam os versos, que logo dão lugar a um refrão melódico que se assemelha ao da faixa-título.
A polêmica faixa “Bastards” é a próxima. Quatro simples acordes formam a faixa, que é considerada um tipo de música Folk pelo próprio vocalista. Aos poucos a faixa cresce e a banda toda participa, criando uma atmosfera muito bacana na execução. Muitos não gostaram, mas justamente por ser diferente é uma de minhas favoritas do Play.
“Hope Begets Hope” é bem estruturada, com Flynn cantando suavemente seus versos, lembrando bastante alguma coisa do System Of A Down. Logo a faixa cresce a fica mais agressiva. Ao seu final temos solos matadores, além das ótimas guitarras gêmeas tradicionais da banda. Ótima faixa que ficará em minha playlist por algum tempo.
Em seguida vem “Screaming at the Sun“, outra faixa que se parece com qualquer outra coisa que a banda já fez. Pesada, com vocais agressivos nos versos e o refrão mais limpo, além de uma ponte super melódica, lembra bastante “Beautiful Morning“, do álbum “The Blackening” (2007), nessa parte. Essa não deve se tornar a favorita dos fãs.
A balada acústica e muito bem estruturada, “Behind The Mask“, é uma dos destaques positivos do álbum. O refrão conta com um backing vocal feminino que casou muito bem com a voz suave de Robb Flynn. Os violões de afinação baixa dão um tom dramático para a faixa, que vai crescendo e se torna grandiosa. Ótima escolha em deixá-la totalmente acústica.
Tradição nos últimos álbuns da banda, chaga a hora da faixa épica. Em “Catharsis” é a faixa de quase nove minutos “Heavy Lies the Crown“, que começa com um piano junto com violinos sombrios, que logo casam com os vocais sussurrados de Flynn, que vão crescendo aos poucos até a banda entrar por completo. A faixa não deixa de ser melodiosa, com uma chuva de riffs pesados. Caminhando para o fim, a faixa se torna mais agressiva e rápida. Caberia tranquilamente em qualquer um dos três últimos álbuns da banda, talvez seja a melhor faixa do álbum. Inclusive, se a banda resolvesse fechar o álbum por aqui, tudo ficaria muito mais dinâmico e acessível.
Outra faixa Nu Metal aparece, “Psychotic” é pesada, relembrando a fase experimental da banda, mas com um pouco mais de peso e qualidade. Apesar de a faixa mudar de tom na sua ponte, parece genérica e não empolga como deveria.
“Grind You Down” também parece algo que a banda já fez, os vocais sofridos de Robb Flynn no refrão não ajudam e pode ser que a faixa caia no esquecimento rapidamente. Em seguida, um solo de bateria e um riff empolgante iniciam “Razorblade Smile“, que conta com um verso cantado bem rápido, um refrão nada pegajoso, que poderia ser melhor trabalhado. A faixa fica mais lenta e pesada após a sua ponte, o que dá uma melhorada, mas mesmo assim, não desceu.
Fechando o álbum, temos “Eulogy“, uma faixa estranha que reaproveita versos do refrão de “Bastards”. Não digo que é uma faixa desnecessária, mas não é uma boa faixa pra fechar o álbum.
Claro que não é o melhor trabalho do Machine Head, o álbum poderia ter menos faixas, poderia ser mais inspirado em certas partes e assim se tornar mais acessível. Porém não é nem de longe um álbum ruim pra receber nota mínima em alguns reviews. A produção continua impecável, riffs espetaculares são tocados aqui, juntamente com letras interessantes e polêmicas.
O ideal é ouvir “Catharsis” sem esperar aquele Thrash Metal melódico super bem tocado pela banda, até porque, essa não é a primeira mudança do Machine Head, que já experimentou outros estilos, principalmente no final do anos 90 e início de 2000, e provavelmente não será a última. Mas não pode-se negar que dúvidas, depois de três lançamentos incríveis nos últimos anos, é um retrocesso musical da banda.
Formação:
Robb Flynn (vocal, guitarras);
Phil Demmel (guitarra, vocal de apoio);
Dave McClain (bateria);
Jared MacEachern (baixo, vocal de apoio)
Faixas:
01 – Volatile
02 – Catharsis
03 – Beyond The Pale
04 – California Bleeding
05 – Triple Beam
06 – Kaleidoscope
07 – Bastards
08 – Hope Begets Hope
09 – Screaming At The Sun
10 – Behind A Mask
11 – Heavy Lies The Crown
12 – Psychotic
13 – Grind You Down
14 – Razorblade Smile
15 – Eulogy