Resenha: Lucas Ray Exp – SPHINX – EP (2019)

O compositor, cantor e guitarrista Lucas Ray acaba de lançar seu primeiro EP, intitulado ”SPHINX”, em todas as plataformas digitais de streaming no Brasil e no mundo. O trabalho conta com a participação dos renomados músicos Alexandre Panta (baixo), Bruno Valverde (bateria, Angra) e Neemias Teixiera (teclados) e faz parte do EP “SPHINX”.

E EP é uma coletânea de trabalhos do artista e, com misturas de estilos e propostas temáticas, se mostra como uma excelente estreia de ótimas músicas e performances arrasadoras.

“SPHINX” não poderia começar de forma mais perfeita. A faixa instrumental “Reveries” é uma viagem por temas, frases e dinâmicas que se entrelaçam formando uma harmonia de musicalidade com técnica, algo raro em um mundo musical povoado por uma tendência a deixar de lado a essência musical em nome da velocidade e do shredding.

“Run, Rabbit Run”, inspirada na mitologia maia e no longa-metragem A Fonte da Vida, de Darren Aronofsky, apresenta o músico em um momento que prova ser possível dialogar com diferentes climas, desde uma proposta mais pesada, até climas psicodélicos, passando por dinâmicas com instrumentos de percussão (incluindo passagens de ritmos brasileiros, além de outros mais étnicos). O ponto alto é como Lucas Ray consegue uma unidade na música mesmo com essas misturas, coisa que, em outras situações, pode soar como uma colcha de retalhos. Definitivamente não é o caso.

Em “Xibalba” o clima latino da percussão toma conta e dialoga com a bela melodia de voz, as linhas de baixo trabalhadas e marcantes que hora se destacam pelas frases e acentuações, hora permanecem “segurando” a música de forma consciente com a necessidade da faixa. O tema de guitarra é um ponto alto que define a sonoridade muito eficientemente.

“Iceland” dá continuidade com uma levada em compasso composto que, junto a instrumentos acústicos e percussão, valoriza o clima “visual” que a faixa oferece, sem perder a linguagem fusion e os momentos quase líricos das melodias.

A faixa “SPHINX, Pt.1”, primeira que dá nome ao EP, começa com belos acordes no violão e uma melodia vocal marcante e suave ao mesmo tempo. Após essa introdução, um instrumental forte mostra que a força da proposta que virá também inclui peso, energia e uma musicalidade profunda, técnica e marcante que deve agradar fãs de Prog, Fusion e Heavy igualmente. No meio, um astral rap quebra a sequência (no bom sentido), mais uma vez provando que é possível mesclar estilos sem perder a personalidade.

Fechando o EP, “SPHINX, Pt.2” é quase um épico de climas e momentos que crescem e se tornam intimistas, caminhando por diversas paisagens de sons e temas. Um final grandioso para um trabalho excelente.

Talvez a única coisa que pudesse valorizar ainda mais a música de Lucas Ray seria um melhor som final de voz, não no sentido de uma melhor performance, mas na parte técnica, mais brilho, mais profundidade, mais presença sonora. Algo que certamente pode ser resolvido em futuros lançamentos através da captação do vocal ou ainda da mixagem.

O veredito final é que o EP SPHINX é um “must” para amantes de sons trabalhados e com profundidade.

Encontre sua banda favorita