A autobiografia de Lemmy Kilmister, lançada originalmente em 2002, sob o título White Line Fever, foi lançada, no Brasil, no final de 2016, pela EV7 Press.
Se fizermos uma consulta na internet pela editora, veremos que, aparentemente, eles têm apenas dois lançamentos em catálogo – corrijam-me se eu estiver errado – que seriam justamente esse presente livro e uma biografia do Nightwish, focada no período da cantora Tarja Turunen. Então, é de se louvar a iniciativa de colocar no mercado obras que fujam da mesmice de Beatles / Metallica / AC-DC / Led Zeppelin e alguns outros, pois esses já estão amplamente representados nas prateleiras das livrarias.
A edição teve os cuidados de conter as atualizações necessárias, com um capítulo abrangendo a vida de Lemmy no período posterior à publicação original, de 2002 a 2015, e contém uma introdução escrita por Lars Ulrich, do Metallica, redigida após a morte de Lemmy, especialmente para a nova edição. Tendo sido concebido em parceria com a escritora Janiss Garza, a autobiografia consegue atingir o objetivo de transmitir-nos a voz do artista. Músicos não são escritores e, quando resolvem contar sua própria história através de uma autobiografia, é conveniente que contem com o auxílio de um profissional na área, que vai formatar e organizar a narrativa, mas que, principalmente, tem que fazer com que o livro soe como se estivéssemos ouvindo a história diretamente do artista principal. Nesse ponto, houve sucesso absoluto, pois a sensação que a leitura transmite é de que o próprio Lemmy está na nossa frente, com seu copo de Jack Daniels e Coca-Cola, contando as melhores histórias de seus anos de estrada, sem deixar nada de fora: o começo da carreira, os anos com o Hawkwind, o relacionamento com todos os integrantes do Motorhead e o lançamento de todos os discos, os encontros com outros músicos, as aventuras das turnês, bem como suas peculiares opiniões sobre o mundo ao seu redor.
Como nem tudo pode sempre dar certo, e isso parece ser quase uma constante na trajetória de Lemmy, o livro tem diversas falhas de revisão: palavras repetidas ou com grafia errada, faltas de preposições, erros de conjugação verbal… São pequenos problemas que incomodam e que devem merecer maior atenção em futuras publicações, mas, no fim das contas, isso não vai lhe roubar o prazer da leitura, afinal é o Lemmy!!! Pode comprar sem medo que a diversão será garantida!
Assim como a saudade…
