Resenha: Kreator – Enemy Of God (2005)

O Kreator é um dos maiores nomes do Thrash Metal mundial, e talvez o maior do Thrash Metal teutônico. Desde os primórdios como Tormentor até os dias de hoje com o som mais amadurecido e moderno, onde a banda mostra que soube amadurecer e evoluir de acordo com as necessidades, seja na questão de adaptação de sua música na indústria ou então na questão física.

Após aquele período experimental na segunda metade dos anos 90 — que trouxe boas música sim — passou e no noo milênio a banda vem fazendo um som voltado ás raízes com muitos elementos novos que somaram muito para a banda.

Hoje quero falar sobre o álbum de 2005, “Enemy Of God“, lançado no dia 11 de Janeiro daquele ano, produzido pelo super competente Andy Sneap e lançado pela SPV/Steamhammer.

O álbum foi muito bem aceito pela crítica na época e até hoje agrada muito os fãs da banda. Além de entregar um Thrash Metal muito veloz, com riffs espetaculares, bateria que destrói nossos ouvidos — no bom sentido — com belas passagens acústicas e verdadeiros hinos ecoados nos refrões, o álbum ainda consegue passar um sentimento de nostalgia de álbuns como “Extreme Aggression” (1989) e “Coma Of Souls” (1990), que a banda trouxe de volta com o antecessor, “Violent Revolution” de 2001, mas com uma pegada mais forte, com músicas mais coesas com um toque melodioso, que a banda manteve nos álbuns que vieram a seguir.

Você pode sentir isso logo de cara com a faixa-título, abrindo o álbum com um verdadeiro hino da música pesada. Essa que faz parte dos shows até hoje, agita o Mosh Pit com riffs rápidos e matadores e o refrão ecoado inigualavelmente por Millie Petroza. Seguindo temos “Impossible Brutality“, um pouco mais cadenciada, ou melhor, um pouco menos veloz, com um ótimo trabalho de Ventor na bateria, que domina a faixa principalmente com os bumbos duplos.

As próximas duas faixas talvez tenham dois dos meus riffs preferidos do Kreator. Primeiro com “Suicide Terrorist“, com sua letra crítica bastante forte que retratava muito bem a realidade da época, fora a harmonia nas guitarras de Sami Yli-Sirniö que se encaixam muito bem em tudo. Agora, “World Anarchy” está no meu top 3 de músicas da banda, aquele riff nos primeiros versos são coisa de outro mundo, fora aquela quebrada acústica no meio da faixa que é sensacional. Em minha opinião, melhor do álbum.

Dystopia” é outro hino com um refrão que funciona perfeitamente. Sua letra é perfeita e é uma crítica que muitos religiosos não queriam ouvir. Ela segue a linha da segunda faixa, menos veloz, mas pesadíssima, sem moderação.

Uma introdução interessante de Christian Giesler no baixo nos leva para “Voices Of The Dead“, seguida uma parte acústica com Millie cantando de forma limpa, que dura pouco e a banda entra quebrando tudo. Essa conta com o refrão muito mais melódico, dentro das proporções, é claro. “Murder Fantasies” é outra com aquele riff muito bem construído, que vai progredindo no decorrer da faixa, que conta com outro refrão forte e bem pegajoso, ainda conta com um solo de Michael Amott do Arch Enemy.

When Death Takes It’s Dominion” talvez seja a faixa que mais se aproxima do que a banda continuou fazendo, principalmente no álbum “Gods Of Violence” de 2017. Tem ótimas harmonias e um tom mais melódico no refrão. Vale destacar a performance de Ventor, atacando os bumbos duplos praticamente a faixa inteira.

Em “One Evil Comes – A Million Follow” é Millie que tem uma ótima performance, comandando os vocais e riffs. Mais uma vez destaco a harmonia da faixa, que é sempre muito bem encaixada, assim como o duelo de guitarras antes do solo.

Um introdução acústica muito interessante inicia “Dying Race Apocalypse“, essa que é mais voltada para o Metal tradicional, com riffs menos complexos que as outras faixas. “Under a Total Blackened Sky” é outra com um riff espetacular, como as faixas que citei como preferidas acima. Seu refrão é bem consistente e a harmonia muito boa.

Finalizando temos “The Ancient Plague“, faixa mais longa do álbum, conta com elementos acústicos e acordes lentos em sua introdução, antes de o peso tomar conta, com um riff muito técnico, acompanhado de uma cozinha muito bem construída. Por ser um pouco mais extensa, se encaixa muito bem pra ser a faixa que fecha o álbum. Sua ponte tem um duelo interessante das guitarras, com grande destaque para o baixo também. Em sua reta final, Mille apenas recita os versos antes de um solo com muito feeling fechar a audição.

Finalizando, Millie Petroza mostra que um grande vocalista, pois mesmo com as limitações de sua voz, que não é nada versátil, consegue passar todos os sentimentos nas faixas, seja agressividade ou melodiosidade. Em seu segundo álbum com a banda, Sami Yli-Sirniö mostra que o entrosamento melhorou muito, somando principalmente na parte harmônica. Ventor dispensa comentários, o cara simplesmente destrói nas baquetas e Christian Giesler também tem seus momentos de destaque.

A produção é impecável, e não é para menos, Andy Sneap é muito competente no que faz. Mixagem cristalina, tudo na medida. E o Kreator seguia dando passos largos na questão da própria aprovação, depois dos estranhos anos 90, com um álbum forte, o segundo dessa fase moderna que começou em 2001 e dura até hoje, mantendo o legado intacto.

Formação:
Millie Petroza (vocal/guitarras);
Sami Yli-Sirniö (guitarras);
Christian Giesler (baixo);
Ventor (bateria).

Faixas:
01. Enemy Of God
02. Impossible Brutality
03. Suicide Terrorist
04. World Anarchy
05. Dystopia
06. Voices Of The Dead
07. Murder Fantasies
08. When Death Takes It’s Dominion
09. One Evil Comes – A Million Follow
10. Dying Race Apocalypse
11. Under a Total Blackened Sky
12. The Ancient Plague

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