“Heavy Metal Painkillers” é o nome da biografia do Judas Priest lançada pelo escritor Martin Popoff, em 2007, abordando a carreira e a obra da banda que estabeleceu as regras do Heavy Metal. Obter esse livro sempre foi um sonho de consumo para mim e, no decorrer dos anos, fiquei no aguardo de que alguma editora resolvesse lançá-lo por aqui.

Nunca aconteceu, é claro, mas o tempo de espera trouxe compensações inesperadas. Ao receber o livro “Decade of Domination”, publicado pela Editora Denfire, com tradução de Eric Bighetti, parei o que estava fazendo para, finalmente poder mergulhar no texto sobre essa banda que foi tão fundamental na construção da pessoa que eu me tornei. Após admirar o belo cartão que vem de brinde, junto com um adesivo, parti para a leitura da introdução, onde Popoff esclarece que o presente tomo é, na realidade, uma expansão de “Heavy Metal Painkillers”, que, na época, precisou sofrer alguns cortes por decisões editoriais. Resumindo, “Decade of Domination” é a versão revista e ampliada da obra anterior!

Isso, porém, gerou um efeito adverso. Popoff resolveu dividir o trabalho em dois e, assim, o período de “Turbo” até “Firepower” será abordado em um volume subsequente. Tal decisão não diminui o valor do livro que temos em mãos, pois a fase mais clássica e influente da banda está aqui representada, desde “Rocka Rolla” até “Defenders of the Faith”, que foi bem definido como o “último álbum do Judas Priest tradicional”. Esse me pareceu ser um ponto de corte bem razoável e coerente.

Essencial é o adjetivo mínimo que poderíamos atribuir a essa biografia. O Judas Priest é onipresente no universo do Heavy Metal. Pegue qualquer bio relevante, seja sobre o Slayer, Iron Maiden, Motley Crue, Mercyful Fate ou as origens do Thrash Metal. Em qualquer delas, o Priest sempre será mencionado como influência. No estilo tradicional do autor, iremos ter acesso a detalhes ou opiniões sobre todas as faixas de dez álbuns lançados no decorrer de dez anos, sendo nove de estúdio e o seminal ao vivo “Unleashed in the East”. Ao final, poderemos enfim compreender a dimensão do que esta banda demarcou e desenvolveu no exíguo intervalo de uma década.

A participação dos produtores, a criação das capas, o teor das letras, as influências dos integrantes e tantos outros detalhes estão disponibilizados ao longo das páginas, mas o suprassumo é a apreciação e os comentários sobre as principais diferenças entre os estilos de Glenn Tipton e K.K. Downing, além de suas contribuições individuais para a construção da musicalidade do Judas. A surpresa, no entanto, é a participação significativa do ex-baterista Les Binks, que acaba por se revelar um personagem com muito a acrescer na narrativa, seja nas memórias de seu relacionamento profissional com a banda ou nas curiosidades sobre as sessões de gravação de seu instrumento. Os pormenores infelizes de sua saída reforçam o fato de que Popoff não escreve livros chapa-branca, por mais que se declare constantemente como um grande fã dos artistas retratados.    Talvez você já tenha lido vários livros sobre as mais diversas bandas de Heavy Metal e tenha vários guardados em sua estante. Não deixe de ler “Decade of Domination”, pois ele é obrigatório e, quando enfim for guardá-lo na prateleira, esqueça a organização em ordem alfabética. Não precisa colocá-lo na letra J. Coloque-o lá no início, antes dos demais, junto com os livros sobre o Black Sabbath, afinal, as duas bandas de Birmingham são o prólogo de todo o resto.

Encontre sua banda favorita