Resenha: Judas Priest – British Steel (1980)

A minha história com o Judas Priest começou de forma bem curiosa: em algum momento, nos primeiros anos da década de 80, uma fita k7, sem absolutamente nenhuma informação, nada escrito sequer de caneta, chegou às minhas mãos. Um vizinho que morava na rua de trás me disse “Ei, cara, tu tá gostando desses Rock pauleira? Acho que tu vai gostar disso aqui, mas eu não sei o que é”. De imediato, eu também não soube o que era, mas com o tempo eu descobri. De um lado da fita, estava o “Holy Diver”, do Dio. Do outro lado, estava o “British Steel”.

E a minha vida mudou mais uma vez.

Ronnie James Dio é um artista que merece ser comentado à parte e sobre ele falaremos oportunamente. O saudoso mestre me cativou de imediato, mas o Judas me deu um verdadeiro soco no estômago. Ressalte-se que escutar os dois discos às escuras, sem informações precisas sobre o que se tratavam, foi um tipo de experiência bem peculiar, quando vista sob a ótica de uma época em que se tem informação demais sobre tudo.

O disco iniciava com “Breaking the Law”, seguindo, portanto, a sequência estabelecida no lançamento americano, em que as duas canções com mais gancho, “Breaking the Law” e “Living After Midnight”, foram redistribuídas na ordem das faixas para abrirem, respectivamente, os lados A e B. “Breaking the Law” é certamente uma das músicas mais conhecidas do Heavy Metal e eu posso dizer com certeza que, depois de escutá-la, ela não ficará na sua cabeça pelo resto do dia. Ela ficará na sua cabeça pelo resto da vida!

Apesar de ser uma opção de ordem de faixas coerente, eu prefiro a sequência do lançamento original inglês, em que a primeira música era “Rapid Fire”, ateando, literalmente, fogo de imediato. No decorrer de “Rapid Fire”, o ouvinte neófito pode sentir alguma estranheza na estrutura da faixa. Ela não tem refrões e é intercalada a todo momento por solos curtos, espalhados ao longo de sua duração. Quando temos essa sequência, em que a primeira faixa é “Rapid Fire”, o disco torna-se uma obra mais, digamos, raciocinada, pois combina melhor com o encerramento, com a faixa “Steeler”, que tem praticamente a mesma estrutura de composição em termos de estrofes, solos e ausência de refrão. “Steeler”, em sua parte final, lhe segura pelo pescoço e encaminha você para os últimos minutos do disco quase como se não quisesse que ele terminasse, com o som das guitarras mantendo o ritmo, seguida e seguidamente, até onde o fôlego lhe sustenta.

Se “Rapid Fire” e “Steeler” não têm refrões, estes sobram na faixa “United”, que se baseia, com emocionante resultado, no recurso da melodia feita para ser entoada em uníssono pela plateia. Complementado pelas músicas “You Don’t Have To Be Old To Be Wise”, “The Rage” e as clássicas “Grinder” e “Metal Gods”, “British Steel” tornou-se um clássico atemporal – não envelheceu um dia sequer – e certamente teve, para tantas pessoas, o mesmo efeito mesmerizante que teve sobre mim. Eu não sabia ainda que banda era aquela, mas eu sabia que já tinha me convertido em fã da mesma.

Formação:
Rob Halford (vocal);
K. K. Downing (guitarra);
Glenn Tipton (guitarra);
Ian Hill (baixo);
Dave Holland (bateria).

Faixas:
01 – Rapid Fire
02 – Metal Gods
03 – Breaking the Law
04 – Grinder
05 – United
06 – You Don’t Have to Be Old to Be Wise
07 – Living After Midnight
08 – The Rage
09 – Steeler

Encontre sua banda favorita