Resenha: Joe Lynn Turner – Belly of the Beast (2022)

Recentemente, o veterano vocalista americano Joe Lynn Turner se reconectou com sua longa história na música pesada, após sua frustrante saída inesperada do projeto Sunstorm, criado por ele e administrado pela gravadora italiana Frontiers Records. Quando se achava que JLT amargaria uma grande fossa, eis que como uma fênix, ele ressurge e anuncia um novo álbum solo. Mais que isso, há pouco mais de 2 meses, já em fins de agosto, no alto de seus 71 anos completados no mesmo mês, ele faz uma revelação bombástica e extremamente madura, ao revelar sua condição física, sendo diagnosticado com alopecia aos três anos de idade, passando a usar peruca aos 14 anos, lidando com “danos emocionais e psicológicos do cruel bullying na escola”. Então, ele usou a peruca ao longo de sua carreira até finalmente decidir ficar sem ela. Mas, além desta revelação, afinal o que mais interessa aos fãs é a sua carreira e a sua música, Joe Lynn Turner anunciou o lançamento de seu mais recente trabalho de estúdio, o álbum Belly of the Beast, que seria lançado mais à frente. O álbum foi lançado no final de outubro, mais precisamente na sexta-feira, 28. O novo trabalho de Turner foi produzido pelo músico e produtor sueco Peter Tägtgren, que é guitarrista e vocalista da banda Hypocrisy.

Mas, afinal, qual o significado do título do álbum? Basicamente a expressão demonstra estar-se em uma situação complicada, algo repetido muitas vezes ao longo da história. O próprio vocalista declarou que sempre mergulhou em temas de conhecimento místico, ficando fascinado com as descobertas dos mistérios ocultos, então disse que estamos em uma guerra espiritual, do bem contra o mal, com anjos e demônios nos levando de um lado para o outro e como somos engolidos pela besta, não há saída. É sobre essa temática que fala o novo álbum. Turner se cerca de músicos competentes, tendo o próprio Peter Tägtgren gravando guitarra, baixo e programação, além de Sebastian Tägtgren (bateria) e Love Magnusson (guitarra solo). Belly of the Beast traz 11 canções furiosas, enraivecidas, onde JLT sai de sua zona de conforto e traz uma agressividade pouco comum ao seu já consagrado repertório. Sua voz continua magnânima, mesmo nos momentos mais densos e tensos. Para aqueles que esperariam por um trabalho mais leve, calcado no hard melódico que o consagrou nos últimos anos, alertamos que aqui estes praticamente não existem, pois trata-se de um grandioso álbum de heavy metal clássico.

Joe Lynn Turner

O álbum abre com a faixa-título, “Belly of the Beast”, que foi lançada como primeiro single. A canção, com uma sonoridade um pouco estranha, já mostra ao ouvinte o que se espera nesta audição, por ser bem rápida, ritmada e pesada. Em seguida vem um dos destaques do álbum, a bela “Black Sun”, lançada como segundo single e que remete aos grandes clássicos do Deep Purple. Pesada na medida certa, traz um grandioso refrão acompanhado de vozes poderosas, que dão um brilho a mais na canção. “Tortured Soul” surge na sequência, sendo esta uma semi-balada pesada e densa, outro destaque do trabalho. Um refrão de vozes dão um toque quase assustador e ela. “Rise Up” inicia com teclados belíssimos e logo mergulha numa canção forte, poderosa e cheia de ritmo. “Dark Night of the Soul” é uma linda balada, que esta sim lembra os momentos mais hard melódicos da trajetória natural de Turner. Outra grande canção. “Tears of Blood” leva o ouvinte de volta ao peso, só pra fazê-lo lembrar-se de que este é um álbum de heavy metal. A sétima faixa, “Desire”, abre com um riff de guitarra eletrizante e umas vozes narrativas que o acompanham ao fundo e logo que estas terminam começamos a ouvir uma canção densa e pesada, com a cozinha trabalhando de forma orgânica para lhe conferir seu DNA de metal clássico. “Don’t Fear the Dark” quando chega nos lembra que estamos nos encaminhando para o final da audição. Esta traz uma melodia mais rápida, com uma levada mais power metal. “Fallen World” mantém a velocidade, mas voltando a audição ao metal clássico, quase um hard n’heavy, por assim dizer. “Living the Dream” faz uma nova referência ao hard rock e é bem melodiosa e solta, soando despretensiosa. Fechando o play temos a bela “Requiem”, que é uma linda balada, coroada com a bela voz de Joe Lynn Turner. Pra mim, o único erro da faixa é ser colocada pra fechar uma audição tão pesada. Na minha opinião, esta deveria estar em outro lugar dentro do play.

Após ouvir atentamente cada canção de Belly of the Beast eu diria que Joe Lynn Turner veio com a faca nos dentes. Não sei se o fato dele ter saído do Sunstorm tenha alguma influência nesta nova fase da vida do vocalista, para provar o quão bom ele é, como se isso fosse realmente necessário, pois Turner não precisa e não deve perder tempo com esse tipo de coisa. Mas, que, com certeza, ele deu a volta por cima, isso fica muito evidente, ainda mais se compararmos esse lançamento com os trabalhos lançados pelo Sunstorm após sua saída, até porque são estilos muito diferentes pra comparar, mas o senhor Turner demonstra neste novo álbum que ainda tem muita lenha pra queimar e seu ressurgimento, por assim dizer, qual fênix, vem dizer que o cara está mais vivo do que nunca, e ainda por cima, compondo maravilhosamente bem, cantando mais maravilhosamente ainda e, acima de tudo, permitindo-se ousar e arriscar, sabendo muito bem o que está fazendo. Azar de quem o jogou fora!!! Palmas para Joe Lynn Turner, que nos entregou uma obra primorosa, um dos destaques do ano. Não acredita em mim? Então, clique no play abaixo, confira você mesmo (a) e tire suas próprias conclusões.

Joe Lynn Turner – Belly of the Beast
Data de Lançamento: 28/10/2022
Gravadora: Music Theories Recordings/ Mascot Label Group

Formação:
Joe Lynn Turner – vocais
Peter Tägtgren – guitarra, baixo, programação e produção
Love Magnusson – guitarra solo
Sebastian Tägtgren – bateria

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