Resenha: Jailor – Stats Of Tragedy (2015)

Quando eu começo a escrever alguma resenha, faço todo o possível para não utilizar, em meu texto, frases feitas ou chavões. Por exemplo: Dizer que o disco “Stats Of Tragedy”, da banda curitibana Jailor, é uma “avalanche incessante de riffs”.

Mas tem momentos que não dá pra evitar. É quase obrigatório recorrer a esse expediente, porque não poderia ser expresso, de qualquer outra maneira, com mais acerto. Esse disco É uma avalanche incessante de riffs, e isso não é uma metáfora. É a precisa definição!

O Jailor não é uma banda novata. Já estão a caminho de completar 20 anos de atividade e o presente trabalho é o seu segundo álbum, lançado dez anos depois da estréia, com o disco “Evil Corrupts”. Portanto, quando eles se definem como Brazilian Thrash Metal, percebemos que sabem exatamente do que estão falando e sua sonoridade não nasceu do acaso. Seguem a mesma linha que formatou bandas como Witchhammer, Attomica e Korzus, com aquela pegada que torna o nosso cenário único, diferenciado das escolas alemã e americana.

“Stats Of Tragedy” não irá lhe oferecer nenhum momento de repouso. São oito músicas rápidas, embaladas por uma capa muito bem sacada, onde os únicos momentos em que a melodia se faz presente é na hora dos solos, sendo que esse é um assunto à parte. Os solos das músicas do Jailor são de extremo bom gosto, muito bem trabalhados e com um feeling tão vibrante que, sempre que aparecem, conseguem enriquecer a música com melodia, mesmo quando são tocados em rápida velocidade. O trabalho de guitarra nesse disco, executado por Daniel Hartkopf e Alessandro Guima, tanto em solos quanto em bases, é digno de destaque, e encontra a necessária contrapartida no desempenho do baixista Emerson Niederauer e do baterista Jefferson Verdani. Somente dizer que essa dupla é a responsável pela base, seria minimizar sua atuação, não lhes dando o devido crédito. Ambos são músicos detentores de habilidade e recursos para enriquecer os arranjos com quebradas, preenchimentos e variações diversas, tornando, cada música, uma peça de violência sobre a qual Flávio Wyrwa pode liberar à vontade o seu vocal furioso.

Da mesma forma que os músicos do Jailor encontram-se no mesmo patamar de excelência, as faixas do disco possuem tal equilíbrio entre si que não seria justo dizer que uma ou outra é a melhor. O trabalho do conjunto é tão apurado que não é incomum, em certos trechos, identificarmos  algumas levadas que nos fazem lembrar do poderoso Death, do saudoso Chuck Schuldiner, principalmente na fase de seus três últimos discos. Essas similaridades já são esperáveis, pois o nosso Thrash Metal sempre foi muito afinado com o Death Metal. O Jailor atende a essa expectative e faz jus ao estilo que pregam executar. Nosso cenário merece bandas assim!

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